O Sol recém nascido batia em nossas costas; Thana ainda claudicava por causa do ferimento em sua pata traseira; Violet ainda chorava pelas mortes de nossos últimos familiares; Jimmy mantinha-se escondido envolta do lenço vermelho no pescoço dela; eu, bem, não sei ao certo como estava.
O brilho alaranjado era sinal do amanhecer, sinal também que muitos logo partiriam em nossa busca. Eu e Thana fomos para o norte em busca de frutas ( algo já pronto para nos alimentar na caminhada. ) Violet e Jimmy prepararam o caminho até o cemitério dos dragões, localizando inimigos e os nocauteando, já que a essa hora eles ainda estariam dispersados uns dos outros.
- É muito perigoso, façamos o contrário. - Sugeri preocupado.
- Não se preocupe, Thana é muito grande, seria difícil andar pelo terreno sem fazer barulho, eu e Jimmy seríamos mais furtivos. - Em seu tom ainda existia trechos da mágoa de ontem.
Após muita discussão, ela acabou ganhando - Como sempre. - A abracei fortemente, cobrindo seus ombros com os meus braços, um beijo na testa e me virei partindo em busca de alimentos.
Imagine o quão difícil é procurar qualquer coisa viva em um terreno morto a dezenas de anos antes da primeira guerra dos dragões, na verdade nunca ouvi nem mesmo um ancião dizer que estas terras já cultivaram algo além de folhas secas. Depois de algumas horas encontrei um lago, a coisa mais viva - até mesmo entre eu e Thana - que pude ver desde ontem. Ele fluía acima de uma montanha muito longe de onde eu estava; aos meus pés à terra era úmida e cheia de girinos pulando de um lado para o outro; agarrei um e levei até meus olhos.
- Bem, não parece muito apetitoso, porém não temos muitas escolhas.
- Bleh! - Enojou-se Thana e eu não pude deixar de soltar uma risada.
Enquanto Thana matava os girinos com certo nojo e eu os colocava em minha bolsa, pensei que daqui em diante não seria nenhum paraíso, muito provavelmente nos encontraríamos em situações a beira da morte, e nesse momento eu sei que daria a minha vida; sem nenhuma hesitação; para salvar a de Violet - Uma carta - Foi o que naquele momento de privacidade eu fiz; uma carta para que ela soubesse minhas últimas palavras caso não as conseguisse dizer.
Nela a escrevi exatamente:
Violet Danel, minha cara; única; e sem nenhuma dúvida, a melhor companheira e parente que poderia ter ao meu lado. Saiba que por mais que na maioria das vezes você tenha me protegido, eu sempre a protegerei, por mais que já não esteja ao seu lado.
As angústias, tristezas e feridas que nos causaram no decorrer da nossa caminhada para você foram devastadoras, para mim um aprendizado; um aprendizado que me mostrou como não confiar em ninguém, como não amar ninguém, muito menos ajudar, não foi difícil odiar tanto; mas saiba que você é a minha ponte de paz; canalizei todas as coisas boas em você para que não precisa-se fazer isso com outros... Sem você serei apenas um vingador cheio de ódio.
O tempo está passando e eu não posso deixar que essa pequena folha se esgote antes de dizer que acima de tudo eu sempre te protegerei; por que você Violet Danel; você é meu catalisador de harmonia, minha referência de amor.
Do seu único irmão NATHAN DANEL...
Um barulho na mata chamou nossa atenção, eu e Thana nos escondemos atrás de uma árvore prestes a atacar; imediatamente tive de cessar meu ataque, pois dali surgiu Violet.
- Está tudo limpo. - SEUS olhos estavam vermelhos e suas bochechas com pequenos sinais das lágrimas que deixou escorrer durante o caminho. - Os poucos que encontrei não foram tão difíceis de nocautear; mas e então, o que conseguiu para nós comermos mais tarde.
- Sapos. - Disse tirando um deles da bolsa; num pulo para traz e uma expressão tão engraçada como a de Thana poucos minutos atrás eu ri. - Não tinha muita coisa para se aproveitar nesse terreno.
Caminhamos na espreita de qualquer pessoa que encontrássemos, nos escondemos em uma sombra quando dois soldados vermelhos - seguido de seus dragões - surgiram comentando algo sobre como era ridículo colocarem uma mulher chamada Arya como líder de uma missão super importante. Quando já forá vista,, seguimos nosso caminho.
O cemitério dos dragões; logo que nossa antiga casa foi destruída pelo exército vermelho viemos para as montanhas de Ygrunor;, desde então meu pai sempre dizia para mim e Violet, "Nunca vai até o cemitério dos dragões, lá é onde todo dragão sem dono viaja para morrer aos poucos; os espíritos de soldados mortos em guerra e assassinados junto de seus dragões perambulam aquelas terras" claro que não acreditávamos naquilo; até que um dia eu e ela tivemos a idéia de passear por lá.
A terra cheia de folhas secas aos poucos se altera para pequenos ossos, logo não eram mais nada além de farelos, as árvores iam desaparecendo atrás de nós e quando percebemos estávamos em cima de uma montanha de esqueletos de dragões; havia vários montes de cadáveres, alguns até mesmo aparentavam ter morrido a menos de um mês. Era a fácil identificar várias etnias de dragões, os que tinham uma longa coluna lisa e pequenas patas eram verdes, os com espinhas finíssimas e nenhum focinho eram os azuis, os com ossos fortes e enormes presas seriam os vermelhos e por aí vai.
Naquele dia juramos ter visto um minúsculo vulto correr abaixo de nós, parecia um dragão verde, todavia eu e Violet não ficamos ali para descobrir.
Agora, no mesmo local, só que com mais tristeza e ódio em nossos corações iríamos pegar um sentido contrário ao anterior.
- Como vamos descer? - Perguntou ela.
- Assim. - Nunca ato brincalhão para descontraí-la, a empurrei ossos abaixo, em seguida me jogando junto, nós rolamos e gargalhamos até o fim da montanha de ossos.
- Seu louco. - Disse ela pela primeira vez desde ontem com um sorriso no rosto. - bobão...
- Pare de ser fresca...
Uma voz grossa e rouca surgiu entre nossas risadas como um tambor anunciando uma batalha.
- Graças às minhas grandes habilidades de caça não foi difícil descobrir onde estes cervos iriam fugir. - Três metros na nossa frente jazia um homem extremamente alto, uma armadura robusta e marrom cobrindo todos os seus músculos de forma tão justa que parecia poder-se ver suas veias; umas expressão troglodita ocupava sua face, junto de um bigode cinza e uma cicatriz vertical no olho. - Sintam-se lisonjeados; pois serão mortos pelo general de Santyrin, o reino das rochas e domino dos guerreiros marrons.
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O Alvorecer dos dragões - Além Das Sombras
FantasyDrachen era um reino livre, onde cada um era líder de si mesmo e junto de seus dragões podiam viver, voar, lutar, desfrutar de suas vidas e aventuras, mas isso muda quando o guerreiro Lindwurm decide que esse mundo precisa da ordem de um rei. Todos...