CONTO III - LEMBRANÇAS PERVERSAS

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Era madrugada de festa junina, a comemoração invadia as ruas da pequena cidade do interior, as musicas são de total alegria e harmonia no local. Algumas pessoas trajavam o costume da estação, xadrez e caras pintadas imitando sardas. Larissa observava tudo a passos largos, em sua mão esquerda segurava um drink de vinho e na outra tragava um cigarro. Ela era muito bonita, possuía uma beleza angelical, pele branca e longos cabelos negros tinha seus poucos vinte anos. Ela parecia estar procurando algo, ou alguém, já que sentia seu corpo arder em chamas pelo efeito do vinho que tomava pela primeira vez, o que de uma forma a excitava muito. Ela percebera um belo rapaz observando-a encostado em uma árvore nos fundos de uma das tendas, se fez despercebida, mas parecia adorar aquilo e em um jogo de sedução passava as mãos em seus cabelos de forma provocativa. Já muito tonta, resolveu se aproximar-se do rapaz.

- Você sempre encara as pessoas assim? – perguntou Larissa tropeçando sobre o rapaz.

- Não – permaneceu com olhar fixo – A não ser que me despertem interesse – sorriu de canto.

- Hm... Aceita? – Disse ela ao oferecer-lhe um copo – É o suco dos Deuses.

- Não, obrigado, estou em débito com os deuses. – retrucou o rapaz empurrando o copo de volta a ela – Pode continuar bebendo, você fica linda assim. – terminou.

Larissa tomou o ultimo gole no copo e jogou-o no chão. Encostou-se à árvor ao seu lado com certa dificuldade.

- O que o trouxe aqui hoje? – ela o perguntou

- Além da data comemorativa, a meia noite de hoje, será meu aniversário – sorriu.

- Meus parabéns, e qual é mesmo o seu nome? – prosseguiu.

- Marco. Eu me chamo Marco. E você?

Antes que pudesse dizer seu nome, ele segurou seus cabelos atrás da nuca e a beijou de forma intensa. Sentia seu corpo queimar em um forte calor, e o desejo de ambos falava mais forte ali naquele momento.

- Larissa, e eu me chamo Larissa – respondeu ela terminando o beijo.
Ambos perdidamente excitados, ela fora de si com a bebida, e ele fora de si com sua beleza, resolveram que aquilo não acabaria ali. Ele convidou-a para levá-la até sua casa, ela aceitou de imediato. E eles foram caminhando até a casa de Marco. Chegando lá ele percebeu a presença de um carro à sua porta, indicando uma visita.

- Meu padrasto está em casa, acho que não seria uma boa opção – Pensou alto – Mas já sei um lugar perfeito.

Ele a agarrou em seus braços em beijos quentes e à medida que ia beijando-a eles caminhavam lentamente a uma casa abandonada, vinte metros dali. Ela nunca havia se sentido assim. Podia sentir seus lábios arder em chamas, ele parecia entender cada desejo de seu corpo, e cada vez que a tocava ela sentia mais prazer. Eles deitaram sobre o chão, aquela seria sua primeira vez. A primeira vez em que ela entregaria seu corpo a um homem de tal forma. E isso a deixava louca, o medo a fazia sentir-se mais e mais prazerosa. Ele percorria sua pele com a língua. Com as roupas ao chão, ali eles tiveram uma longa e intensa noite de muito prazer. Até o dia amanhecer.

Ela ainda tonta pelo efeito do álcool, olhou para o lado e viu-se nua. Procurou por Marco, mas ele não estava mais ali. Vestiu-se rapidamente, temendo tudo o que havia acontecido ali, culpando-se por ter deixado se levar pelo seu desejo, e sentenciando mil coisas que poderiam acontecer. Em meio às revoltas e medo, resolveu chamar o rapaz por tamanha covardia de ter deixado-a sozinha. Foi até a casa de Marco. Onde uma senhora abriu a porta.

- Por favor, eu posso falar com o Marco, ele está? – perguntou meio eufórica.

- Que tipo de brincadeira é esta? – respondeu à senhora em tom alto um pouco assustada.

- Desculpe senhora, não estou entendendo, eu só queria falar com o ... – não pôde finalizar.

- Calada! – interrompeu a senhora – Eu estou tentando, sabe? Aos poucos superar tudo isso, estou cansada de perguntas como esta? Por quê? Me diz? – respondeu chorosa.

Larissa olhou para dentro da casa, e pendurado na parede, havia um retrado do rapaz sorridente, e abaixo algumas velas acesas.

- Marco, morreu! Hoje completa um ano de sua morte em um acidente de carro. – explicou a senhora, agora em lágrimas – ainda é muito difícil pra eu aceitar.

Larissa sentiu seu corpo congelar, entrou em transe, não sentia mais as suas pernas. Tudo fora se passando como um filme em sua mente, e milhares de perguntas deixavam-na perdida, em tamanha confusão, aquela altura já pensava que estivesse ficando louca, ou seria efeito do álcool? Ou a noite de ontem, fora tudo um pesadelo, nunca acontecera? As únicas palavras que conseguiram sair de sua boca antes de sair dali foram: MINHAS DESCULPAS SENHORA!

Enquanto caminhava de volta para sua casa, observou os seus braços e entrou em desespero ao perceber marcas roxas. Ela sabia que havia acontecido, mas como ele havia morrido? Se ela o viu na noite anterior? Larissa sabia que não estava ficando louca, e acreditou então que havia bebido demais e imaginado toda aquela cena embora a ideia ainda assim fosse assustadora, imaginar passar a noite com um falecido e ainda ir até sua casa, mas fora a solução que ela havia encontrado para não sentir-se louca.

Ela resolveu daquele dia em diante nunca mais beber nenhum tipo de bebida alcoólica.

DOIS MESES DEPOIS

Larissa observa seu reflexo no espelho, nua. E com o rosto pálido, deixa algo cair no chão, seus olhos entram em desespero, sua pupila já dilatada sente sua boca tremer como quem sente frio, sua mão vai de encontro com seu ventre ela olha para o chão, e ali caído está o resultado instantâneo do teste de gravidez, positivo. Recordou-se do até então único homem com quem dormira, do que até então ela havia pensado estar acabado, ou nunca existido. No reflexo do espelho, ela viu Marco, sorrindo para ela, e tocava o ventre de seu reflexo. Não acreditando no que via, desmaiou-se caindo sobre o chão.

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⏰ Última atualização: Apr 16, 2018 ⏰

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