Capítulo 5

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Deitei-me na cama. Não conseguia dormir. Nem queria para ser honesta. Tinha um mau pressentimento com esta casa depois do que aconteceu.
Quando cheguei a casa só queria descansar, dormir um pouco. Mas assim que entrei no quarto, a porta estava destrancada, apesar de eu a ter trancado. Tinha a certeza que sim. Nem liguei muito a isso. Mas não pude ignorar o facto de que o meu quarto parecia ser o cenário de um roubo. Havia gavetas e roupa por todo o lado. Não tinha entrado nenhum ladrão dentro de casa, segundo Lyla e a mãe. Mais: desde que estou nesta casa só sinto arrepios.

Deviam ser mais ou menos 3 da manhã. Nada me ia fazer dormir. Mais valia ficar acordada a noite toda. Já não me sentia bem nem sequer no meu quarto. Graças a Deus que ele tinha uma varanda. Peguei numa pequena cadeira e fui lá para fora. Estava um pouco frio lá fora, mas eu recusava-me a voltar para dentro de casa. Tinha demasiado medo.
Pensava ficar até às 8:00 e pouco no telemóvel, até à mãe acordar pelo menos. Sentia os olhos a ficarem pesados. Estava demasiado cansada mas tinha de fazer um esforço para me aguentar mais cinco horas.

Não consegui. Deixei-me dormir até às 6:30 da manhã quando o sol nasceu. Até que estava confortável na cadeira, até reparar num pequeno pormenor. Eu tinha uma manta por cima de mim. Podia ter sido a mãe, mas se tivesse sido mesmo ela, ter-me-ia acordado para ir para a cama e a porta estava trancada. Tinha de sair desta casa. Tinha de ir dar uma volta. Não podia estar em casa com estas coisas a acontecerem.

Vesti-me à pressa e despachei-me. Quando acabei de descer as escadas, olhei para o meu lado esquerdo. Lá estava ela. A cave. À minha espera, chamava por mim. Eu sabia que sim. Mas não podia. Não ia ser capaz de o fazer. Era demais para mim.

Não sabia para onde ir. Pensei em acordar Will para lhe perguntar sobre a casa, mas a julgar pelo que ele me disse, não ia valer de nada. Fechei os olhos e relembrei-me da conversa de ontem, quando Will me convidou para ir a casa dele antes de voltar para a minha. Reparei, quando estávamos a passar pela sala de estar até à porta, que a casa dele não tinha cave. Toda a extrutura era igual, mas não naquela parte.

- Já alguma vez estiveste naquela casa?

- Algumas.

- Nunca notaste nada de estranho?

- Como assim estranho?

- A minha casa é pelo menos 10 graus mais fria que a tua, por mais calor que esteja. Estou sempre com arrepios, as coisas estavam fora do sítio. E as portas abrem sem mais nem menos, mesmo depois de as trancares.

- Deve haver alguma razão perfeitamente lógica.

- Nada naquela casa é lógico, Will! Eu só preciso que me digas o quê. Ou estou simplesmente a ficar maluca?

- Não estás maluca, eu gostava de te poder contar. Mas Lis, tu vais conseguir perceber o que é mais cedo ou mais tarde.

- Então porque é que não me dizes agora?

- Não vais acreditar.

Voltei para dentro de casa porque a mãe tinha acordado. Não podia ter medo. Tinha de ir lá. Não ia continuar o resto da minha vida com medo da cave. Ainda por cima era só isso, uma cave.
Finalmente ganhei coragem para a abrir, mas estava trancada.
Talvez a mãe tivesse a chave.

Não tinha. Estivemos a procurar nas chaves que a avó nos deu e não havia nenhuma que encaixasse.
Os antigos moradores não iam simplesmente deixar a cave trancada, quando a casa já não era deles.

Will tinha passado por cá depois da nossa última conversa, mas foi Lyla quem esteve a falar com ele.
Aparentemente, ele queria falar melhor sobre a casa, desta vez achava que me podia dizer tudo mesmo se eu acreditasse ou não. Will fazia muito menos sentido do que eu imaginava.
Ele tocou de novo à campainha.
Abri-lhe a porta e ele suspirou.

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