Closer

Capítulo 6

- Will! - Gritei mais uma vez. - Will! Ajuda-me por favor!

Preparava-me para encarar a verdade. Um espírito estava a puxar-me. Sentia o meu pulso a começar a doer, mas não o conseguia tirar. Não queria olhar para trás. Não queria ver a cara dele ou dela. Só queria sair dalí.
Começou a ficar pior porque já não me estava a puxar o pulso mas os tornozelos.
Caí batendo com o queixo no chão. Tinha quase a certeza que estava a sangrar. Senti o meu lábio a rasgar.
Por sorte, quando eu já não me conseguia agarrar mais à maçaneta da porta, Will abriu-a puxando-me.

- Fecha-a! - Ordenei correndo para o sofá.

- O que é que se passou? - Perguntou-me olhando para o meu queixo, tentando limpar o sangue com a camisola.

- Alguma coisa estava a puxar-me, ou alguém. Tenho quase a certeza que era um espírito. Não me ouviste a gritar?

- Não. Achava que estavas lá à demasiado tempo por isso decidi ir ver o que se passava.

- Então não dá para ouvir nada vindo da cave?

- Aparentemente não.

Will tinha uma espressão triste no rosto. Não estava preocupado com o que se tinha passado, estava mais desiludido.
Will e eu passámos a noite no meu quarto, acordádos. Não ia dormir por mais que quisesse.
Tinha o sabor de sangue na boca. Já tinha gelo no queixo mas não devia estar a fazer grande coisa.
Pelos vistos tinha um corte no queixo e no lábio.
Estava mesmo cansada porque não tinha dormido nada na noite passada. Will disse-me para dormir que ele ficava acordado. Por mais que estivesse com medo da casa, estava demasiado cansada.

Acordei por volta das 5:40 com Will a falar com alguém. Fingi que estava a dormir enquanto tentava expreitar por cima dos lençóis, a ver se consiguia perceber quem era.
Não era a voz de Lyla nem da mãe, no entanto era feminina.
Expreitei um pouco mais e consegui ver uma figura. Não conseguia ver a cara porque estava muito escuro, mas estava alguém ali.

Will estava a falar sobre o que tinha acontecido na cave, mas quase não conseguia ouvir as respostas da rapariga. Ela falava demasiado baixo.
Porque é que estaria mais alguém aqui em casa?
Queria levantar-me e acender a luz para ver melhor quem era, mas estava mesmo cansada e Will parecia ter tudo controlado. De manhã ia perguntar-lhe com quem é que ele estava a falar durante a noite.

Will não estava no quarto. Nem no piso de cima. A mãe tinha ido às compras e Lyla estava a dormir.
Continuava a ouvir vozes mas nenhuma que se parecia com a de Lyla ou de Will. Agora eram duas. Um rapaz e uma rapariga. Quanto mais tentava perceber o que diziam, mais baixas ficavam. Só consegui perceber uma palavra, "cave".

Procurei por Will no piso de baixo da casa. Nada.
Podia estar na cave, mas eu não queria muito ir para lá. Mais valia esperar por ele. Tinha que voltar de qualquer forma.

Fui tomar banho para relaxar um pouco da noite anterior. Trancei a porta e ainda meti uma cadeira a bloquear a porta. Não que fosse fazer grande coisa contra os espíritos, mas ajudava-me a sentir-me mais segura. Era mais psicológico.
Deixei a banheira enxer enquanto acendia umas velas e metia música. Só queria esquecer-me de tudo o que se tinha passado.

Entrei dentro da banheira e fechei os olhos. A memória não desaparecia, nem ia desaparecer.
Era como se ainda estivesse a ser puxada. Como se ainda estivesse a sentir a pancada e o sabor a sangue.
O que é que ia fazer, se Will não me tivesse tirado de lá?
Não importava, não tencionava voltar à cave, por enquanto. Faltava-me a caixa. Ainda não tinha aberto a gaveta que ela tinha lá dentro.
Tinha o pulso um pouco negro. Pelo menos os cortes estavam a sarar.