Capítulo 3

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1° dia

— Ben marcou comigo para eu ir à casa dele hoje. Quero dizer, ele não me convidou pessoalmente, mas deixou este bilhete. — Disse eu para uma Carla completamente distraída. — Você está me escutando?

— Sim! Passa-me o bilhete. — Eu fiz o que ela pediu. Estiquei o meu braço para que ela pudesse alcançar o bilhete do sofá onde ela estava sentada. Acabei caindo no chão, causando risadas em Carla. Ela saiu do sofá e se juntou a mim no chão. — Na minha casa. 16h30min. Só isso? Mas cadê o endereço? — Ela disse depois de ler o bilhete.

— Ben não é burro. Ele deve imaginar que eu sei onde é a casa dele.

— Claro que ele imagina. Ele só mora um quarteirão acima da sua casa. Com certeza, Ben deve ter notado um dos seus milhares de vezes que você me obrigou a passar junto com você em frente à casa dele para ver algum sinal dele por lá. Ben dever ter pensado que você é uma psicopata.

— Carla! — Joguei a almofada contra ela. — Você vai comigo até lá?

— O quê que eu vou fazer lá?

— Me dar apoio moral!

— Nem pensar. Eu não tenho nada o que fazer lá. Eu nem sou da mesma turma que você.

— Mas está no mesmo ano. E o trabalho é o mesmo.

— Aí que você se engana. Para a nossa turma a sua mãe passou teatro. Ela se superou dessa vez. — Disse Carla afastando uma mecha do seu cabelo loiro do rosto.

Carla não quis entrar comigo na casa de Benjamin, mas me acompanhou até o portão da casa dele. O que já me ajudou bastante. Não sei se conseguiria ter saído de casa se ela não tivesse me obrigado.

A casa de Ben ficava apenas um quarteirão da minha. Era perto, mas longe o suficiente para eu não ter nenhum contato com ele. Carla se despediu antes mesmo de eu apertar o interfone.

— Boa sorte, amiga! — Ela me disse com um aceno.

— Que traidora. — Sussurrei para ela.

Carla mora em outro bairro, então ela depende sempre de ônibus para vir para o meu. Um gasto a mais que ela faz questão de manter, para que a nossa amizade nunca se distancie.

A brisa da tarde agita alguns fios do meu rabo de cavalo enquanto estou parada na frente da casa de Ben, já estou aqui há dez minutos, criando coragem para apertar o interfone. Já é 16h40min. O que queria dizer que eu estava um pouco atrasada.

Aperto o interfone por pelo menos três vezes até que sou atendida, uma voz doce e ao mesmo tempo cansada me atende do outro lado:

— Quem deseja?

— Aqui é Gabrielle, eu tenho um trabalho de escola com o Ben.... Oh! Com Benjamim. — Respondi sem graça. Aonde eu tinha tirado tanta intimidade ao ponto de chamar o Benjamin de Ben?

A mulher do outro lado abriu o portão, dando passagem para mim. A casa de dois andares de cor amarela vista depois das grades do portão me deu uma visão melhor de quanto ela era bela. Havia um jardim nos arredores da casa. A grama estava bem aparada, e no lugar da escada havia uma pequena rampa que dava acesso a entrada da casa. Parecia ter sido adaptada para a atual situação de Ben.

Conduzi-me lentamente até a entrada da casa. A mãe de Ben abriu a porta para mim. Como eu sabia que ela era a mãe dele?

A presença dela era constante na escola devido a tudo que o Ben aprontava. Não tinha como não notar ela nos corredores da escola dialogando com o filho. Assim como Ben, ela também parecia abatida. Estava mais magra e o seu cabelo estava com alguns fios grisalhos. Parecia que ela não se importava mais em que cor o seu cabelo se encontrava.

60 Dias Com BenOnde histórias criam vida. Descubra agora