Capítulo 1 - A Escuridão

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As coisas estão sempre passando rápido demais por nós. Seja um momento, uma sensação, um medo. E era nisso que Mandy pensava enquanto estava no carro e olhando pela janela a fora; as árvores se deslocavam tão rápido que quase não eram percebidas.

Seu destino era Silent Hill. Havia algo importante no qual deveria descobrir, que poderia tentar recuperar. Seu pai James Sunderland havia sumido há alguns anos, procurando por sua mãe, Mary, e foi visto pela última vez na tal cidade fantasma, como todos a chamavam. Mandy então fechou seus olhos, apenas sentindo o movimento do carro e a sensação de dúvida, um pouco de ansiedade; o que ela encontraria lá? É claro que antes de ir de cara para uma aventura suicida, Mandy pesquisou sobre o local e todas as informações sobre seu pai. Mas ainda ficava uma dúvida em sua mente: Seria mesmo assombrado o tal lugar pelas trevas? Diz a lenda que apenas os que tem as trevas perto de seus corações sentiam a necessidade de ir ao local, e até mesmo um chamado vindo da própria cidade. Mandy não sabia no que acreditar. Ao mesmo tempo que duvidava sobre histórias tão peculiares, não duvidava dos desaparecimentos e fatos dos quais havia pesquisado; ela estava levando consigo apenas uma lanterna, um celular e o mapa da cidade. Era suicídio? Talvez. Mas talvez ela também não ligasse.

Abrindo seus olhos, ela se encontrava num deck de observação. Uma vista impactante, de frente para o lago Toluca, de acordo com o mapa. Havia um estacionamento, que por sinal estava vazio, sem nenhum carro e um banheiro a direita para aqueles que vinham de viagem e precisavam dar uma parada.

- Eu estou realmente aqui? – se perguntou Mandy, olhando para suas mãos. Então se aproximou lentamente do pequeno muro do estacionamento que o separava de um vão e o lago, e repousou suas mãos enquanto olhava através daquela neblina. Ela não sabia se sentia admiração por um lugar tão quieto e pacífico ou um pouco relutante pela névoa e exatamente por ser vasto e vazio. Não havia ninguém ali, exceto ela.

A garota então tirou uma foto amassada do bolso de seu moletom verde, e o observou por alguns minutos. Era a foto de seu pai, James; a única que havia encontrado. Ele estava com sua típica jaqueta verde e um sorriso no rosto enquanto acenava. Mandy então olhou uma última vez para o lago e depois para a foto, respirou fundo e a guardou. Era sua hora de ir atrás dele, mas como ela saberia por onde começar? Ninguém nunca soube como James desapareceu ou por onde ele havia entrado em Silent Hill, como ela deveria saber? Bem, parece que teria que descobrir. Parecia estúpido e totalmente imprudente ir até uma cidade com fama de assombrada às cegas, sem saber por onde começar; era esse tipo de pensamento que fazia seu coração acelerar, fazendo até mesmo correr um pouco de adrenalina por suas veias.

Mandy pegou o mapa de seu bolso e abriu. Pelo jeito não poderia acessar a estrada Wiltse por ali, que caia direto no South Vale de Silent Hill; seu caminho pela estrada estava bloqueado, e ela teria que passar por uma pequena trilha que levava até lá. A garota então guardou seu mapa, e seguiu em frente. Descendo algumas escadas do deck que levavam até a trilha, ela seguiu seu caminho. Enquanto andava, Mandy não parava de pensar em várias coisas ao mesmo tempo; ela havia ouvido histórias sobre monstros, até mesmo o que as pessoas chamam de demônios, que rondavam a cidade aterrorizando e até mesmo matando qualquer um que chegasse perto; mas também ouviu sobre um culto religioso chamado de "A Ordem", uma organização religiosa que tinha poder sobre praticamente a cidade toda, os influenciando com suas crenças malucas. Isso sim parecia fazer muito mais sentido para ela do que tais histórias sobre monstros. E sua mente continuava a pensar em várias possibilidades do que poderia encontrar, sempre fora assim: nunca parava de funcionar, sempre estava acelerada.

Em seu caminho, Mandy pôde ver que haviam várias árvores caídas, portões escancarados, coisas haviam sido derrubadas, a cada passo que dava ela sentia ficar cada vez mais frio ao ponto de ter de se abraçar para tentar esquentar seus braços, e ainda sim a cidade parecia deserta; o que havia acontecido ali, ela se perguntava? Não tinha certeza se queria saber. Chegando a seu destino, a primeira coisa a qual podia avistar era uma floricultura que aparentemente estava abandonada. Seus vidros estava quebrados e o interior do local parecia vazio, as paredes eram um tom de verde claro e estava descascando; havia uma pequena faixa suja na entrada e nela estava escrito: "Sejam bem-vindos a floricultura". Por um momento, Mandy pensou ter ouvido sirenes de polícia se aproximando, e instintivamente olhou ao seu redor em pânico, esperando algo sair do meio daquela intensa névoa, mas nada aconteceu. Silêncio novamente.

Silent Hill - AbismoOnde histórias criam vida. Descubra agora