Capítulo 1

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Ponto de vista de Victoria

Mais uma gala para beneficência, quantas mais é que vou ter de ir? A minha presença não é necessária aqui aliás, são sempre aborrecidas. Tudo o que faço lá é cumprimentar os convidados, ter estampado um sorriso na cara e agradecer a presença deles. Talvez a razão por eu ter de comparecer é porque sou a herdeira de uma grande fortuna e a menina bonita que todos querem casar, mas sinto que isto não foi feito para mim.

Este fim-de-semana fico com o meu pai, não me lembro ao certo porque é que eles se divorciaram, davam-se tão bem e eram um bom par: um empresário de uma grande holding e uma psicóloga. Sinceramente não me contento com esta vida de luxo, há quem esteja a passar por momentos mais difíceis e a ajuda que recebem é muito pouca ou quase nula. Eu tento fazer a minha parte para ajudar no entanto gostava de fazer mais que isso.

Chegou a minha boleia, o Alfredo veio-me buscar, ele é como se fosse um tio para mim. Já o meu pai, ultimamente tem estado muito ocupado com as finanças e quase não tem tempo para mim, a única vez que realmente estamos em família é ao jantar porém a conversa não é a melhor contudo noto o seu esforço. De momento também o meu curso na Universidade está a ficar cada vez mais complicado, a minha paixão é desenhar, pintar e criar mas apesar dos meus professores incentivarem-me a expandir, acho que os críticos não devem aceitar trabalhos tão amadores como os meus.

Agora tenho de criar algo para colocar na exposição que terá lugar no final do semestre, infelizmente posterior ao evento são os exames e já estou a estudar para tal. O Alfredo vem sempre ver como é que eu estou e diz-me sempre para não esforçar a cabeça porque não dá melhores resultados. Ele aconselhou-me um dia em que não tivesse muito que fazer para sair com as minhas amigas ou assim, mas decerto que elas também estão ocupadas. Decidi então amanhã dar um passeio por minha conta. Depois de terminar os esboços peguei na minha mala castanha e tomei a liberdade de ir para um café aqui perto, não sou daquelas que vai ao Starbucks só porque sim e porque tem dinheiro, gosto de ser simples. Os lattes de lá são excelentes e os doces também, não sei porque é que não saio de casa mais vezes para fazer uma pequena pausa como esta.

Acho que estou um pouco perdida, os caminhos parecem todos iguais e acho melhor perguntar por indicações a alguém. Sinto que alguém me está a seguir, não estou a gostar nem um bocadinho, espero que seja impressão minha. À minha frente está um homem encapuçado, com uma faca e a atirar-se a mim. Sim, isto é definitivamente um assalto e o pior que pode acontecer é ser violada, mas tenho de dar luta, o que fiz foi dar-lhe uma joelhada no tal sitio onde eles ficam a ver estrelas.

De repente ouço uma mota a vir na minha direção e do veiculo sai alguém que por alguma razão me veio defender, pela silhueta, parece um homem. Mas quem é ele? Será que ele quer dinheiro ou é simplesmente porque é a coisa mais correta a fazer? Seja como for, após o meu agressor ir embora, o misterioso "herói" tirou o capacete e tudo o que fiz foi ficar de boca aberta e corada pela sua incrível beleza: ele é alto, loiro com cabelo um pouco comprido mas prendia dos lados com um rabo de cavalo, os seus olhos azuis eram tão claros como o céu e o seu sorriso era tão branco e a sua barba não feita há dias fazia com que fosse o retoque perfeito.

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