Enfim você morreu!...

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"Enfim você morreu! Depositei seus restos mortais em uma caixa de papelão. Sem cuidado, sem remorso, nem ao menos uma oração. Não sei se você morreu ou se te matei. Uma morte à fórceps. Pude ouvir seus gritos enquanto marchava para o seu funeral. Eles não me incomodaram, só queria acabar logo com aquilo. Prometi naquele momento que não carregaria a culpa de tê-la enterrado viva. Juntei seus pedaços espalhados pela casa com muito cuidado, tinha muito de você nela. Ardilosa, você impregnou em todas a brechas, frestas, uma praga! Naquela noite não preguei os olhos, esperei pacientemente que recolhessem você na lixeira ao amanhecer. Sorri e dei bom dia ao agente de limpeza. Vibrei quando você foi arremessada para dentro do caminhão. Sentei-me a mesa, o café forte e amargo era o único companheiro naquele instante. Na vitrola Etta James ainda tentava argumentar, sinto, mas nem ela pôde te defender. Desta vez você não ressuscita!"

Enviado por Paulo Curio

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