- Dois meses?!Não papai!Por favor, dois meses não! - Protestou Mayara indignada.
- Cale-se Mayara!Está decidido. - Falou meu pai autoritariamente.
- Fernando, você está sendo muito severo. - Falou mamãe em defesa de sua protegida.
- Marta, você defende demais Mayara! Maria ia passar um mês de castigo por algo que não fez, quebrou o seu vaso predileto e ainda culpou Maria. Estou sendo severo?
Eu assistia aquela cena quieta, Mayara chorava ao lado de mamãe que a defendia com unhas e dentes, papai como sempre fazendo justiça e eu? Preferia não me meter, eu sabia que era questão de minutos até Mayara se voltar contra mim.
- Eu vou para o meu quarto. - Falou Mayara enxugando uma lágrima do rosto (pura cena).E ao passar por mim... Ela lançou-me um olhar ameaçador.
Segui o exemplo da minha irmã e subi para meu quarto, para longe dos berros de meus pais.
Antes de chegar no meu quarto Mayara me surpreendeu no corredor.
- Está satisfeita? - Ela perguntou com toda raiva que sentia de mim no olhar.
- Satisfeita?
- Nossos pais estão discutindo... De novo, para variar, por sua culpa! Você é o motivo de todas as brigas deles.
As palavras delas me acertavam como socos no estômago.
Meus pais vinham discutindo com frequência. Mas não era minha culpa, era? Não era culpa minha se minha mãe não me amava. É, eu cheguei a essa conclusão, ela me trata mal demais para me amar. Não tenho culpa se meu pai me entende, e me ama como sou.
- Mayara, por favor... - Pedi.
- Você vai me escutar, você, irmãzinha, não vai ter um dia de paz, está me ouvindo? Nenhum! Vou pisar na sua felicidade! Maria Eduarda, você vai desejar não ter nascido.
- Eu sou sua irmã, como pode falar essas coisas?
- Você só atrapalha minha vida, Maria, você é feia, irritante, sem graça, é piada para mim e meus amigos!!!
As lágrimas desciam pelo meu resto descontroladamente.
- Como pode ser tão má?
- Má? Acha que estou sendo má? - Ela riu debochando da minha dor, da minha tristeza. - Eu ainda não fui má, queridinha.
Ela me empurrou quando passou ao meu lado e se trancou no quarto.
Corri para meu quarto, fechei a porta ao passar, me joguei na cama e chorei abraçada ao meu travesseiro.
. . .
"Eu estava no pátio da escola, sozinha... Ei, como eu cheguei aqui?
Eu estava...
De repente eu estava cercada de pessoas que só riam de mim. Robert, Felipe, Rebeca, Mayara e tantas pessoas da escola, elas apontavam para mim e riam, me empurravam.
Eu implorava para eles pararem.
Bateram na porta.
Mayara era a pior, me xingava, puxava meu cabelo... Eu me ajoelhei chorando. Era horrível a cena, era horrível todas aquelas pessoas rindo de mim, naquele momento era horrível viver...
- Maria!
Abri meus olhos.
Foi só um pesadelo, pensei, um terrível pesadelo...
Meu coração estava acelerado.
- Maria!
Era meu pai.
Levantei da cama e abri a porta.
- Eu estava dormindo. - Me desculpei.
- Thalita está lá na sala.
Franzi a testa.
- Thalita?
- Uhum.
- Já vou descer.Thalita estava sentada no sofá, ao me ver sorriu.
- O que está fazendo aqui? - perguntei sentando-me no sofá oposto ao que ela estava.
- Vim conversar com você, já que está de castigo.
- Não estou mais, Mayara que está.
Thalita não conteve o sorriso satisfeito que surgiu em seus lábios.
- Então, já que não está mais de castigo, que tal irmos para a praça?
- Boa ideia.
Tudo que eu queria era sair um pouco e esquecer as grosserias que minha irmã falou para mim, esquecer aquele pesadelo, esquecer por alguns minutos o quanto vivia infeliz.
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Diário de uma desastrada
LosoweMaria é uma garota de dezesseis anos que sofre bullying desde que se conhece por gente, sempre foi o motivo de risadas na escola, em casa e em quase todos lugares por onde anda, vem ver os tropeços e os micos que ela passa no seu dia-a-dia.