Capítulo 22

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Inverno

27 de Fevereiro de 1919

Harry

Quando eu era criança, lembro de ter lido em algum lugar que era impossível para os humanos entenderem a eternidade.

Havia uma explicação obviamente; a eternidade é algo que não tem começo nem fim.

Pensei que meu tempo com Louis fosse ser eterno. Porque eu apenas havia esquecido o significado de eternidade.

Não deveria ter um começo, e não deveria ter um fim.

Mas nosso tempo juntos não era eterno, porque eu lembrava perfeitamente do começo, e apesar de não aceitar, ele teria um fim.

Odiei o conceito de eternidade quando percebi isso, porque ela não deveria ser um prazo, deveria ser uma sensação.

Como o amor que eu sinto por ele; Não é eterno, pois teve um começo, mas é finito pois duraria para sempre.

Fiquei mais do que assustado quando o delegado da cidade me chamou para "conversar".

Ele me respeitava, todos na cidade o faziam. Apesar de terem me chamado de covarde por anos, agora que a guerra havia acabado e meu título havia voltado a valer alguma coisa, todos pareceram esquecer o desprezo que sentiram por mim, e agora me tratavam bem; com um cuidado exagerado, como se estivessem pisando em ovos.

Era um pouco ofensivo que eles pensassem tão mal de mim, que achassem que eu me vingaria ou algo assim.

Mas eu ignorava essa sensação e tentava ser tão gentil quanto eles estavam sendo comigo, talvez assim toda a situação se tornasse verdade.

Por isso o delegado havia feito questão de deixar claro que aquilo era apenas uma "conversa".

- Recebemos denúncias, milorde - ele falou cauteloso - Sobre você e o amigo que tem estado hospedado em sua casa.

Engoli em seco, tentando a muito custo não demonstrar reação alguma, e parecer o mais desentendido possível.

- Que tipo de denúncia? - perguntei baixo.

- Veja... - o delegado começou a falar desconfortável - Não cheguei a acreditar em nada do que me foi dito pois... parecia apenas que a mulher estava com ciúmes e queria que eu fizesse algo que obrigasse seu amigo a partir...

- Como disse? - o interrompi confuso - Que mulher? E o que exatamente ela lhe disse?

O delegado suspirou e apertou os olhos com força, obviamente ponderando me contar ou não quem havia me denunciado.

No fundo, não era necessário que ele me dissesse, havia suspeitado no momento em que ele disse o motivo pelo qual eu estava ali. Ainda assim era muito bom ter uma confirmação.

Já fazia um mês que Louis estava morando conosco, o que deveria ser uma visita havia se tornado muito mais do que isso, e ele obviamente estava longe de pretender ir embora.

E Danielle estava incomodada.

Eu sabia, e havia dito isso à ele.

Mas ele apenas havia deixado o assunto de lado, garantindo que ela apenas estava incomodada com o frio.

Porém, eu sentia que era mais do que isso.

Louis me acusou de estar com ciúmes uma noite, e me fez gritar de prazer até que eu ficasse rouco para que eu lembrasse que era a mim que ele queria.

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