Capítulo 3 - Eu queria simplesmente poder...

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(P.O.V. Nico)

Viajamos rapidamente através da escuridão e acabo levando ela na mesma praia que íamos antes. Como foi tudo muito rápido Stela parecia um pouco assustada.

-Se lembra de como você gostava daqui? -pergunto para ela que olhava para o mar com um pequeno sorriso.

-Eu ainda gosto daqui. -ela fala agora olhando para mim e desmanchando o sorriso. -O que você tinha para falar comigo?

Solto um longo suspiro.

-Stela... Por acaso você e o Matt estão tendo algo mesmo? -pergunto.

-...Acho que não é da sua conta.

-Quer parar de me tratar assim!? -falo a encarando.

-Assim como? Não vejo diferença nenhuma. -ela fala com um sorriso irônico nos lábios.

-Ah, fala sério garota. "Não vejo diferença nenhuma". -falo imitando ela. -Aham, tá.

Ela revira os olhos.

-Será que você pode parar de achar que tudo o que eu faço é pra te irritar?

-Não é que eu ache isso, é que realmente me irrita.

Um sorriso divertido se forma em seu rosto.

-Por que é que você está sorrindo? -pergunto sério cruzando os braços.

-Porque é engraçado... -ela fala rindo.

-O que?

-Te ver irritado. -fala ela segurando a risada. -Vou parar de te irritar, okay? -ela fala me dando um certo alívio. -Aos poucos. -ela completa rindo e me fazendo bufar. -Era só isso? Já podemos voltar para o Acampamento? -ela pergunta se levantando da areia.

-Ainda não. -falo a observando de baixo.

-Então fale logo, Matt está lá treinando sozinho...

-Nossa, eu realmente estou com muita pena dele... -falo ironicamente.

Ela dá um longo suspiro e eu abraço meus  joelhos.

-Você ainda não respondeu a minha pergunta sobre o Matt...

-Porque eu não tenho uma resposta, se eu tivesse eu te falava. -ela responde em um tom sereno.

-Stela, eu sei que você ainda está chateada comigo... Revoltada, eu diria. Mas... -encaro ela que também passa a me encarar. -Eu não queria que as coisas fossem assim...

-Fica tranquilo, eu já me acostumei com essa história. -ela cruza os braços.

-É isso o que eu estou querendo dizer. -falo estendendo a mão para ela. -Eu quero o seu perdão.

Isso faz Stela entrar em choque. Um choque tão profundo que ela chega a paralisar sem nenhuma expressão.

-E-eu...

-Você vai negar o perdão para um velho amigo? -pergunto esperando uma resposta.

-O-olha eu não esperava que... -ela para de falar e olha fixamente para os meus olhos. Ela desvia o olhar para o chão. -Eu realmente não sei. Eu não tenho resposta para isso. -ela coloca a mão na nuca.

-Você pode pelo menos pensar nisso? -pergunto ainda com a mão estendida para ela.

-...Claro... -ela fala pegando na minha mão com um pouco de receio e dando um pequeno, bem pequeno mesmo, sorriso.

-Agora, vem, vamos voltar. -falo puxando ela pela mão fazendo ela cair do meu lado.

Fico de certa forma sobre ela e tento me concentrar no Acampamento, o que não é muito fácil com Stela debaixo de mim.

Atravessamos a escuridão caindo em minha cama.

O silêncio se expande enquanto ela olha em volta reconhecendo onde estamos.

Nós estávamos muito próximos, respirando praticamente o mesmo ar e ela não parava de me encarar diretamente nos olhos. Olho de relance para a sua boca.

Ah cara, isso é tortura.

Eu queria simplesmente poder...

PELOS DEUSES, mas que droga.

-E-eu... Tenho que ir... -ela fala percebendo o que eu fitava e corando. 

-...Okay...

-Será que você pode...?

-Ah, claro, foi mal... -falo me levantando.

Ela se levanta logo em seguida saindo de meu chalé.

Espero alguns segundos para poder sair do meu chalé e observar ela andando. Stela não estava indo para a Arena, mas sim para o seu chalé.

Me jogo em minha cama e dou um longo suspiro. 

Acho que temos um avanço aqui.

***

Acordo depois de um cochilo. Já deve ser umas três horas da manhã. Me viro para o lado da outra beliche quando vejo uma garota calmamente sentada na beliche de cima me observando segurando a cabeça com uma das mãos. Me levanto rapidamente e recuo para trás assustado.

-Quem é você e o que está fazendo no meu chalé!? -pergunto a analisando com os olhos.

Ela era branca, tão pálida quanto eu. Seus olhos são castanhos quase pretos e seu cabelo castanho é curto com uma franja desorganizada. Está usando uma camisa social por baixo de um suéter azul escuro e um sobretudo preto, jeans escuras e All Stars de cano alto com um degradê vermelho.

-Chalé? Eu chamo isso de cabana, mas sei lá né...

-Então chame do que quiser, só me responda. -falo colocando a mão na bainha, pronto para sacar Stygian.

-...Meu nome não interessa, vai por mim...

-Olha... Já é bem tarde para alguém simplesmente brotar aqui no meu chalé.

-Ainda não entendo por que vocês chamam isso de chalé.

-Escuta, se apresente para mim e demonstre que você não é uma ameaça, ou demonstre que você realmente é uma ameaça. -falo sacando Stygian e apontando a mesma para perto do pescoço da garota.

-Ei, sem agressão. Eu nem fiz nada. -ela fala colocando os braços para cima.

-Olha, eu não faço a mínima ideia de quem você é, mas se for alguma pegadinha de algum outro chalé já pode ir avisando que...

-Bee.

-O que!?

-Pode me chamar de Bee.





Maré de Tempestade - (Continuação de Filha da Maré)Onde histórias criam vida. Descubra agora