DEZENOVE

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7 de maio de 2014.

Quando desperto estamos entrando na cidade. Pego o celular para verificar as notificações e vejo três mensagens da minha mãe.

Você está bem?     19:40 

Já está chegando? 19:41 

Seu irmão passou mal e estamos com ele no hospital, não se
preocupe. 20:00 

 Como assim? em que hospital estão? vou até vocês. ✓✓

Não se preocupe, não foi nada
você deveria ir para casa e descansar. Amanhã
ainda é quarta-feira, bjs.  20:06

Relaxo o corpo que ficou tenso de repente e estico os braços. As meninas também estão acordadas, Kate parece arrependida de ter adormecido no minúsculo espaço que dividimos. 

-Ei, vocês querem ir comer alguma coisa ou ir lá para casa?_pergunto

- Acho que é melhor eu ir para casa e lidar com a minha mãe._Kate responde._seguir o conselho de vocês.

-Vou fazer o mesmo.

-Bom, acho que eu é quem vou ficar sozinha essa noite_faço um biquinho dramático e visto meu casaco.

O ônibus deixa a todos nós na escola novamente. A luz acende e todos os passageiros se esticam como se acabassem de acordar de uma viagem. O corredor fica lotado como de costume e todos esperam em pé no espaço minúsculo entre o assento, nada confortável.

Meu celular vibra e eu espero ver uma mensagem da minha mãe, mas na verdade é uma notificação do instagram.

Julio_césar seguiu você

Espera, é aquele garoto da parada que colou a tela do celular na janela para passar o número?

Eu cutuco a Bia e pergunto, enquanto ela confirma.

-Parece que despertou o interesse em um gatinho._ela fala alto demais e eu sorrio. 

O corredor finalmente esvazia e nós saímos carregando as bolsas. Por coincidência, ou não, Benjamim sai no corredor atrás de mim. Esse ar que parece condensado entre nós me sufoca, eu detesto sentir que as coisas desandaram entre a gente porque por mais louco que seja realmente nos tornamos amigos e eu sinto falta disso, de falar coisas aleatórias e malucas e não ter medo dele me achar estranha porque eu sei que ele já me acha. E de conversar assuntos pessoais sem perceber.

Eu paro no meio do corredor de repente e a inércia faz Benjamim trombar em mim e de algum jeito estranho me segurar do tombo que o próprio peso dele me causaria. 

-Desculpa._ele me olha de relance e eu volto a caminhar para fora do ônibus.

Aproveito uma carona com Camilla, mãe da Bia, para casa. Coronel vem me receber na porta. Ele está bem maior do que quando chegou aqui há umas semanas, como esses bichos crescem rápido!

-Parece que estamos só nós dois aqui não é?_o vira lata abana o rabo empolgado e pula em mim, que pelo tamanho dele alcança minhas canelas. Ele continua abanando o rabo muito rápido e eu sorrio.

-O que você quer? Está com fome?_pergunto tolamente como se o cachorro pudesse responder, reviro os olhos pela minha própria ação._pareço uma idiota.

Procuro o pote de ração e vejo que está vazio, encho o potinho e coloco água fresca. Abro a geladeira e procuro alguma coisa, mas decido que é melhor tomar um banho primeiro. Saio da cozinha para escada e percebo que o cachorro está me seguindo.

Sam days (NOVA VERSÃO DE O Primeiro Amor)Onde histórias criam vida. Descubra agora