"All night long I was searching for you, and there you were waiting for me all along" - Lestat
Querida Emma,
Hoje foi meu primeiro dia no ensino médio. Certamente não foi emocionante como o seu, que em poucas horas já havia sido convidada para festas da faculdade e era conhecida por toda a escola. Mas depois da aula, algo aconteceu, e eu não sei bem o que foi, só que foi bom.
Minha confusão começou na hora de escolher uma roupa. Eu queria algo que parecesse mais adulta e menos criança do fundamental, e como eu não tinha nada assim, resolvi ir ao seu guarda-roupa procurar alguma coisa para usar.
Quando abri a porta do quarto precisei respirar fundo para conseguir entrar. Não se preocupe Emma, está tudo do mesmo jeito que você deixou naquela noite, ninguém teve coragem de tocar em nada. Sua mesa ainda está bagunçada com todos os livros e marca textos abertos; a cama desarrumada, com o seu cobertor favorito cobrindo as roupas jogadas embaixo dele; seus enormes pôsteres colados por todos os cantos e desenhos nas paredes; a penteadeira repleta de maquiagens espalhadas, e aquele batom vermelho que você sempre usava destampado. Eu o passei, mas quando me olhei no espelho me senti uma idiota. Aquele batom era seu Emma, ninguém mais podia usá-lo sem parecer ridículo. Era sua marca registrada. Ficava tão bem em você! Era como se tivesse sido feito apenas e exclusivamente para a sua boca. Então o tirei com aqueles lenços umedecidos perto do espelho.
Abri seu guarda-roupa e mexi um pouco lá dentro. Suas roupas sempre foram tão ousadas quanto você era. Peguei o vestido que você usou no seu primeiro dia do ensino médio, é curto e colado, as mangas vão até metade dos braços, mostrando os ombros, ele tem listras horizontais pretas e brancas. Ficava tão lindo em você. Não tive coragem ao menos de vesti-lo, seria muita ousadia minha achar que eu poderia usá-lo.
Peguei a saia de tule rosa e a cropped de lã preta com o símbolo do rosto amarelo de Nirvana. Eu vesti e calcei o All Star de cano longo vermelho. Não me olhei no espelho, pois sabia que desistiria de ir se o fizesse, então apenas peguei minha mochila e saí.
A mamãe estava me esperando no carro, quando entrei ela me olhou e sorriu, tristemente, mas sorriu.
- Podemos ir?
- Sim. - Respondi.
- E então? Está ansiosa para o seu primeiro dia de aula? - Ela perguntou dando partida no carro. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo bagunçado, e ela ainda estava de pijama. Parecia não ter dormido essa noite. Coloquei o cinto de segurança.
- Hum... - Assenti. - Acho que sim.
E então não falamos mais nada, ficamos em silêncio o resto do caminho. Quando chegamos ela estacionou na entrada, abri a porta e quando eu estava quase saindo ela disse:
- Teresa. - Me virei. - Você está linda. - Sorri.
- Obrigada mãe.
A escola é bem grande, tinha muitos grupos e eu não pude deixar de pensar que você iria fazer parte de todos eles se estivesse aqui. Fui direto pra sala de aula e me sentei na última cadeira encostada na janela, aos poucos as pessoas foram entrando. Uma menina com cabelos cacheados e longos sentou do meu lado, ela tinha algumas tatuagens no braço esquerdo e um piercing no nariz. A capa de seu caderno era cheio de desenhos, mas não os comuns corações, e sim mulheres, paisagens e coisas do tipo. Você teria gostado dela.
A professora entrou na sala e todos se sentaram. Seria aula de Literatura.
- Bom dia turma. Sou a Srª Clark. Por favor abram seus livros. - Ela tinha cabelos castanhos escuros e sempre os jogava para trás enquanto lia o livro sobre a mesa, e quando perguntava algo arregalava seus olhos claros e nos olhava intensamente. Era muito bonita, e parecia ser uma pessoa legal. Infelizmente não consegui prestar atenção na aula, pois fiquei olhando da janela para o pátio vazio. Lá tem bancos cinzas e as paredes tem desenhos feitos pelos alunos. É tão bonito Emma, você devia ver.
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Teresa e as Cartas de Amor
Novela Juvenil"Ele é problema ambulante, mas talvez seja isso que eu ame nele. A adrenalina e a emoção que eu sinto apenas de vê-lo, fazem eu me sentir viva. Sinto que começo a fazer sentido quando estou com ele. Lembro que ar não é apenas algo que se respira. El...