Mouzgir sorria, em seu esconderijo, com o sucesso de mais um golpe executado com maestria junto com sua gangue.Kepala dormia tranquilo abraçado à sua esposa quando foi acordado no meio da madrugada fria, com sua equipe batendo a sua porta com muita força e gritando seu nome.
Leo pensou que tinha dormido e que estava sonhando, mas, na verdade, estava apenas acontecendo – vozes e passos no corredor do seu edifício estreito e, depois, socos na sua porta com os velhos gritos:
- Abra a porta! Polícia.
Antes mesmo de levantar-se por completo e pensar em algo, sua porta foi arrombada pelos policiais, que invadiram seu apartamento sem nenhuma cerimônia. Dois policiais entraram gritando e com suas espadas em mãos. Logo atrás, um terceiro policial: loiro, alto e forte. Já o conhecia muito bem.
- Leo – disse Kepala com sua voz grave e rouca – Quanto tempo!
- Não fiz nada, eu juro. Estou limpo desde que saí da cadeia. Só saí para beber um pouco e estava dormindo – Leo mentiu em cada palavra da sua desculpa.
- Calma, Leo. Só precisamos conversar – mais uma vez Kepala colocou a mão sobre o ombro de Leo e o fez sentar na velha cadeira – Conhece, certo? – jogou um retrato falado na escrivaninha em frente e apontou para que Leo olhasse.
- Sim, mas ... – impossível não conhecer. Era Mouzgir. O retrato mostrava perfeitamente seu rosto, apenas com mais barba e com o que parecia ser uma cicatriz enorme que ia de uma ponta a outra do seu pescoço.
Kepala interrompeu qualquer explicação de Leo, dando um leve tapa no ombro e falando calmamente:
- Da última vez que vi este criminoso, ele estava caído e eu o tinha ferido mortalmente. Pelo menos, pensei que sim. Agora ele surgiu de novo.
Kepala continuou contando sobre como feriu Mouzgir, o que aconteceu depois e que desde o inverno anterior, tudo estava calmo. Aquela primavera e aquele verão tinham sido fabulosos. Os crimes haviam sido reduzidos a pequenos golpes, assim como os que Leo fazia. Praticamente todas as gangues haviam sido capturadas, quando não os criminosos estavam mortos. Finamente chegou o outono e a merecida promoção de Kepala na polícia. Sonho realizado até essa noite fria de inverno. A gangue de Mouzgir voltou e assaltou o principal banco de toda aquela região. Sem rastros, sem vestígios, sem pistas e sem chances para a polícia se preparar. Apenas aquele retrato falado, feito por um vigilante noturno do prédio em frente ao banco. E o retrato não mente: o chefe da gangue era Mouzgir. Ele voltou.
- Como conseguiram se reunir sem que soubéssemos? Sempre usaram a rede. Até para salvar Mouzgir, sem dúvida, usaram alguma tecnologia. – agora Kepala já gritava – Como ficaram todo esse tempo tão escondidos? O que você sabe, Leo?
- Nada
- Responda, Leo. Você vai nos ajudar ou quer voltar para a cadeia na Metrópole?
- Estou fora disso ...
- Sabemos que não, Leo – colocou uma mão em cada um dos ombros de Leo e ficou olhando profundamente em seus olhos, encarando-o. – Sabemos que invadiu os dados do Diretor do banco.
- Epa! Isso foi coisa da ex-mulher dele. Um advogado me contratou para pegar os dados dele e repassar para a tal mulher ...
- Leo, por favor – Kepala o interrompeu – Você tem muitas características, mas a burrice não é uma delas, muito pelo contrário. Foi por conta da sua invasão que eles conseguiram dados para elaborar o plano de invasão do banco.
- Mas olha eu...
- Sabemos também que não faz parte da gangue e não sabia do assalto. Nem nós sabíamos. Mas você sabia com quem estava negociando. Agora vai negociar conosco. Faça a sua parte, somos todos só ouvidos.
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2.0
ContoMouzgir cresceu como um líder nato e formou sua gangue. Kepala herdou, de seus antepassados, todas as características possíveis, até a profissão de policial. Leo nasceu com um dom (ou uma doença) e aproveitou para aprender tudo sobre computadores. O...