Capítulo 1 - Por que tanto preconceito?

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Oi , eu sou a Amanda, tenho 11 anos, sou negra de cabelos cacheados, sou magra e bem alta , moro num local bem (bem mesmo) afastado da cidade (zona urbana) , aqui é como se fosse o Sertão, o clima é muito quente, porém , bastante árvores espalhadas por todo lugar. Minha família é constituída por meu pai Alberto, um homem barbudo com um cabelo muito bonito e um sorriso encantador, e minha mãe Alice, tão doce e meiga, loira e morena de olhos verdes, que nem o meu, amo muito eles.

Sei que é meio infantil , mas durmo com minha mãe todas as noites , sabe , me sinto mais segura perto dela , com seu cafuné aconchegante e sua voz doce cantando para me fazer adormecer.

Minha rotina é simples , acordo , tomo café da manhã com leite e duas torradas , tomo banho e me arrumo para ir a escola , volto da escola e , obviamente , brinco lá fora por algumas horas e logo depois volto para casa para jantar e ir dormir. Adoro morar aqui , tenho amigos muito legais que sempre brincam , dançam , jogam Verdade ou Desafio e fazem bobeiras para me fazer rir.

No dia seguinte , acordo com uma notícia da minha mãe Alice:

-Filha , seu pai arranjou um emprego fora e teremos que se mudar para a cidade , lá tem melhores condições de vida para nós.

Abalada , resmunguei:

-NÃO MÃE! Por favor! Eu amo viver aqui! O que será de mim sem tudo isso?! Sem meus amigos , sem o ambiente cheio de árvores com maçãs deliciosas e um aroma da natureza?!

-Sei que é difícil se mudar amor , mas será melhor para todos nós , prometo que será bem feliz lá na zona urbana , você vai adorar as coisas novas tanto quanto as daqui! E não há nada que possamos fazer querida.

Com uma lágrima no rosto , eu disse:

-Eu não quero mãe! Por favor!

Ela passou a mão em meus cabelos cacheados (se eu deixo você tocar no meu cabelo é porque te amo) , secou minhas lágrimas e falou:

-Não chore Amanda , eu te entendo , mas tenho certeza que você vai gostar! Lá tudo é tão evoluído! Você vai adorar voltar a jogar Just Dance ou ir ao shopping fazer compras!

Esqueci de mencionar , mas minha avó mora na cidade , nas férias vamos visitar ela e lá até que é legal , mas nem tanto quanto aqui no Sertão.

Chegando lá , me surpreendi com a casa , NÃO ERA NADA DO QUE EU ESPERAVA! Era horrível , parecia uma mansão mal-assombrada , era toda empoeirada e tinha um rato morto próximo á parede! Meus pais disseram que o avião com os móveis da mudança se perdeu no trajeto e acabou parando em outro local e que só chegaria daqui a 1 mês , tipo , parecia que passava 1 trem das más notícias naquele dia , e apitava TCHU TCHU a cada cinco minutos! Como eu adorava brincar de amarelinha , peguei um giz que sempre guardo no meu bolso e fiz uma amarelinha no corredor para me distrair. Chamei minha mãe para brincar também , e ela fez que sim, então, nos divertimos por muito tempo, até que o relógio marcou 20:30, era hora de jantar para depois ir para a cama. Minha mãe cozinhou um Strogonoff, minha comida predileta, e depois, subiu comigo para o quarto, deitei na cama e ela deitou ao lado, acariciou meu cabelo e me deu um beijo no rosto, e me disse:

-Sei que as coisas não estão dando muito certo ultimamente para você, mas se você sorrir com a gente vai ajudar bastante, o que me diz? Estamos juntos nessa?

Eu, sem querer desapontá-la, sorri e disse:

-É mãe, sei que é uma questão de tempo e que tudo vai melhorar, te amo.

-Sabia que podia contar com você! Você é uma menina de ouro querida, durma bem.

Chegou o grande dia! Primeiro dia de aula! Peguei minha camisa da Arlequina e vesti meu casaco roxo , arrumei minha mochila e desci para comer pão com mortadela e ir para a escola. Nessa corrida , esbarrei com a minha mãe, que perguntou como estava me sentindo, e eu respondi:

Reaprendendo a ViverOnde histórias criam vida. Descubra agora