a verdade sobre o amor

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Jeonghan sentia o cheiro das rosas ao lado de fora do chalé 10 antes dos irmãos acordarem.

Não estava acostumado a levantar tão cedo, mas levando em conta que o cheiro de perfume caro e maquiagem não estava impregnado em cada canto do lugar enquanto ele penteava os cabelos, começava a pensar naquela possibilidade.

O perfume das flores nunca pareceu tão bom como naquele momento. Ou talvez fosse apenas seu estado de espírito que estivesse lhe dizendo aquilo.

O garoto estava verdadeiramente feliz, já que, veja bem, ele nunca havia entendido muito bem o amor. Não quando seu pai parecia desolado quando lhe perguntava sobre sua mãe ou como ele ficava emotivo quando Jeonghan resolvia questionar sobre como ela parecia.

Mal sabia naquela época que sua mãe era a deusa do amor no fim das contas. Como ele iria imaginar que Afrodite realmente existia e havia lhe dado a luz?

Quando descobriu seu parentesco divino tudo fez ainda menos sentido. Como podia ele ser filho da deusa do amor quando mal conseguia dizer o que aquele sentimento significava?

Entretanto não demorou tanto para que aquele sentimento começasse a se mostrar para o garoto de cabelos longos.

Primeiro com o filho de Zeus e seu olhar doce, que contradizia tudo que os seus irmãos lhe contaram sobre os descendentes do senhor do Olimpo.

Seungcheol havia o conquistado com apenas um sorriso, o mais belo que tinha visto até aquele momento, fazendo seu coração bater acelerado quando os dois estavam passeando pelos campos de morango tentando fugir da mesmice de seus irmãos.

Ele nem ao menos lembrava qual foram as primeiras palavras que trocaram, tudo parecia não fazer tanto sentido em suas memórias embaralhadas, entretanto lembrava dos sorrisos que o garoto havia lançado para si.

O primeiro beijo entre os dois aconteceu algumas semanas depois de uma de suas conversas bobas seguido de um olhar apaixonado.

E parecia que seriam os dois contra o mundo depois daquilo.

Até Hong Jisoo chegar ao acampamento.

Seu jeito desconfiado e talvez até um pouco fechado aaguçou a curiosidade de Jeonghan de uma forma que ele não conseguia explicar, e de um modo estranho Seungcheol lhe contara que sentia o mesmo.

Os dois se aproximaram do mais novo residente do chalé 6 como quem não queriam nada. E talvez realmente tenha sido sem segundas intenções a princípio - Jeonghan não sabia distinguir muito bem os próprios sentimentos -, mas com o passar do tempo suas conversas ganhavam mais cor, mais animação e mais calor.

Demorou exatamente um mês para que Jeonghan percebesse o que estava acontecendo, e como filho da deusa do amor o mesmo sentia-se cada vez mais perdido.

Estava enfeitiçado por Jisoo, quase como se ele não fosse filho de Atena e sim de Hecate.

E o mais estranho de tudo aquilo era que ele não conseguia nem por um minuto se sentir culpado.

Talvez ele sentisse o amor nascendo entre os dois garotos antes mesmo que eles lhe falassem, mesmo que seu coração batesse acelerado e os olhos marejassem em surpresa naquele fim de tarde onde o sol fazia com que o vermelho dos morangos parecesse ainda mais bonito.

Eles sentiam o mesmo que ele e aquilo era o que ele tinha de mais precioso.

Saiu de seu chalé e começou a caminhar na direção dos campos quando seus irmãos começaram a acordar. A brisa fresquinha fazia com que seus cabelos chacoalhassem levemente e ele se preocuparia com aquilo se não tivesse algo mais importante para dar atenção.

Sorriu involuntariamente ao ver Seungcheol encostado em uma árvore próxima aos morangos brincando com os ventos que podia fazer com uma das mãos e a outra acariciava os cabelos de Jisoo que usava suas coxas como um travesseiro enquanto folheava um livro.

Sentiu o coração disparar e mais uma vez o pensamentos da verdade sobre o amor lhe vieram a mente.

Não entendia como conseguia sentir o coração batendo fortemente contra o peito quando o filho de Zeus lhe abraçava da mesma forma que o filho de Atena o fazia. Ou mesmo quando os dois estavam apenas trocando carícias entre si. Ou quando os beijava.

Talvez a verdade sobre o amor é que ele não precisa fazer sentido. Não é como cálculos, física ou química.

A verdade sobre o amor é que ele precisa ser sentido.

E se seu destino, sua vida ou sua mãe - ainda não sabia ao certo quem agradecer - havia lhe mandado as duas pessoas mais maravilhosas que já havia conhecido, quem era ele para reclamar?

Campos de morango «jihancheol»Onde histórias criam vida. Descubra agora