Os gritos dela ecoavam na sala mas ninguém se atrevia a parar o que lhe faziam, as injecções que lhe davam.
Ela bem o chamava para a ajudar mas Donovan não se mexia, simplesmente admirava como ela se contorcia na cadeira, a maneira como os músculos dela ficavam tensos assim que uma onda de dor a atingia.
Depois daquela noite na discoteca eles tinham falado casualmente e ela, tal como todas as outras tinha se apaixonado por ele, mas ao contrário das outras ela ia a extremos por ele, os gritos dela neste exacto momento eram a prova disso.
Ele admitia, isso mexia com parte dele, ele queria parar tudo mas não podia, ele não sentia nada por ela, era algo passageiro por ser um brinquedo novo.
Quando as seringas estavam vazias os seus homens afastaram-se dela deixando-a acalmar-se chorando baixinho com dores, ela estava presa a cadeira pelos pulsos, tornozelos, abaixo dos seios e na cabeça, nem se deram ao trabalho de por uma mordaça na sua boca, não valia a pena.
Ele deu quatro passos, aproximando-se assim dela passando a sua mão direita carinhosamente na sua cara.
"Pronto, princesa" ele disse com certo afecto, o seu sotaque Alemão a tresparecer com o apelido que ele lhe tinha dado.
Ela abriu os olhos, revelando a sua íris azul, quase cinzenta, que brilhava com as lágrimas por cair e que gritavam por alívio, ela estava ali presa há pelo menos um hora, uma de infinitas mais.
"Por favor..." ela implorou.
Ele suspirou, era a treceira vez que ela pedia o mesmo, tornava-se cansativo.
"Ainda não, ainda não estás pronta" ele disse com firmeza afastando a sua mão da cara dela com frieza assinalando para que continuassem equanto ele se dirigia a saída.
Rapidamente a sala se encheu dos gritos dela, os quais ele mais uma vez ignorou como se nada fosse, ela iria acabar por se tornar como as outras se as coisas continuassem assim.
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'Tenho que aguentar, por ele, ele precisa que eu aguente, isto vais jos aproximar mais um do outro! Claro! É isso!' Ela pensou para si mesma conforme os gritos escapavam da sua boca expressando a dor e agonia que sentia.
Aeryn Williams sempre fora uma rapariga normal com uma vida bastante promissora, tinha acabado de tirar o seu curso de medecina, com as propinas todas pagas e um lugar para trabalhar num hospital com possibilidade de ficar como residente. Tudo o que ela poderia desejar há alguns anos atrás, mas Aeryn caíra na asneira de ir com a sua melhor amiga obervar uma consulta de psiquiatria entre ela e um paciente que ao mesmo tempo estava preso num género de manicómio.
Fora nessa altura que ela tinha conhecido Donovan Cooper, pertencia a máfia, ele escolhia o que estava certo ou errado e não havia ninguém que lhe fazia frente. Para muitos ele era o mau da fita mas para Aeryn não, ela sentia-se atraída por ele, pelo seu ser torcido, a manira macabra de pensar dele, ela queria saber mais, queria saber o porquê, o que tinha feito dele como ele era agora, afinal, a loucura não aparece do nada.
Margerie tinha-a avisado milhares de vezes que ele não era uma pessoa com quem ela queria estar, mas Williams ignorou o conselho da amiga e foi atrás dele, acabando por se apaixonar por ele. Agora, graças a isso, ela estava sentada numa cadeira, presa, a levar com injecções de um líquido azul flurescente que queimava como se estivesse a injectar lava nas veias dela, mas o pior era sempre a cabeça dela, parecia que lhe estavam a espetar pregos a martelar cada vez mais fundo a procura de onde doia mais.
A única coisa que a mantinha sóbria e acordada eram os carinhos do seu Donovan, daquele que lhe chamava princesa com o seu sotaque Alemão que enviava pequenos choques prazerosos pelo seu corpo todo, que a deixava a morrer de amores por ele.
Ela por ele seria tudo, mesmo que isso implicasse ela deixar toda a sua vida para trás, pelo Donovan ela faria-o.