O encontro

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No mesmo dia, depois de dar as notas finais de seus alunos, Flávia, a professora de inglês e dona do pingente de coruja, permaneceu na sala, sozinha, sentada em sua cadeira, mexendo em seu computador. Bernardo Marinheiro entrou na sala em silêncio e caminhou, com um sorriso bobo no rosto e uma pequena flor na mão, até a mesa de Flávia, que só percebeu sua presença quando ele limpou a garganta.

- Com licença. – Ele disse com um brilho persistente no olhar.

- Oi, Marinheiro. – Ela disse sorrindo. Não parecia, mas seu coração estava palpitante e ela estava com as pernas bambas.

- Trouxe isso pra você. – Ele falou, entregando a pequena flor branca e o bottom do décimo primeiro Doctor. – Não sabia o que trazer, então apenas pensei em retribuir o presente que veio junto com a primeira carta. Aliás, foi justamente por me acharem parecido com ele, que eu deixei o cabelo crescer. – Sorriu. 

- Obrigada, Marinheiro. – Ela se levantou, pegou a flor e o bottom e deixou em cima da mesa. Levantou-se para dar um abraço no aluno que roubou seu coração depois da terceira carta-resposta. Ele, porém, não permitiu que ela se afastasse depois do abraço. Roubou-lhe um beijo rápido, que deixou ambos de pernas bambas.

- Me desculpe! – Ele disse com os olhos arregalados e passando a mão na nuca. Estava visivelmente apavorado com o que tinha acabado de acontecer.

- Bem, parece que tudo realmente aconteceu no último dia. Foi ótimo ser sua professora durante esses últimos anos, Marinheiro. Espero que tenha uma boa vida. Agora preciso ir, já terminei tudo o que tinha de fazer aqui.

Antes que ela saísse, ele a puxou pelo braço. – Espera! – Soltou-a ao perceber a pressão excessiva de sua mão. – Desculpe-me por isso. Você não pode ir agora, precisamos conversar.

- Não precisamos, Marinheiro. Não quero estragar isso. Aliás, você queria uma boa lembrança do ensino médio, estou lhe dando isso: Um beijo correspondido da professora por quem se apaixonou. Em breve, você conhecerá novas pessoas, se apaixonará, namorará, seguirá em frente. Daqui a pouco tempo, você não se lembrará de mim. – Sorriu.

- Eu nunca me esquecerei de você. Por que não vamos para outro lugar? As paredes desta escola têm ouvidos. – Sugeriu.

- Você tem dezessete anos, Marinheiro. Eu sou quase dez anos mais velha que você. Não posso correr esse risco. – Sorriu e deu uma piscadela antes de se virar e começar a caminhar em direção à porta.

- Isso não me importa. – Puxou-a novamente pelo braço e roubou mais um beijo, mais longo, mais intenso, mais quente. – Não posso deixar que vá embora agora.

- Você nunca vai querer me deixar ir. – Ela arrancou o pingente de seu cordão e o colocou na mão dele. – Eu não posso fazer isso com você. Adeus, Marinheiro.

- Espera! – Ele tentou, mas dessa vez não conseguiu impedi-la.

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