Hutton
2007"So they looked , if loved it ; so loved each other , sighed ; so they sighed if they asked one another the reason ; so found the reason , the remedy sought". -WS
.
Eu andava apressado pela avenida principal da grande cidade de Hutton, cercada de enormes prédios. Naquela noite, o vento soprava forte, e eu sabia que, em poucos minutos, uma tempestade cairia. Virei na rua dezessete, ainda mais apressado, sentindo as primeiras gotas de água no rosto - uma resposta daquele céu escuro e sem estrelas.Olhei o relógio no pulso: 23h12. Havia saído da casa de Kristen há vinte minutos, irritado com as perguntas dela, que, no fundo, eu sabia que eram só uma desculpa para suas crises de ciúmes. Kristen tinha lá seus lados "bons", mas sabia ser irritante quando queria. Eu gostava da sua presença, e talvez gostasse dela, mas amá-la? Amar não fazia parte do meu vocabulário.
As gotas começaram a aumentar, tornando-se grossas e pesadas. Eu tirei a jaqueta, tentando proteger a cabeça. Senti a água gelada na tatuagem de sol no meu braço direito, lembrança de uma viagem a Londres. Lembrei que a algumas quadras dali havia a cafeteria Brooks, onde meu melhor amigo, Chad, era o dono. Ali seria um bom lugar para escapar da chuva.
Então, de repente, a tempestade desabou de vez. Eu já estava ensopado, sentindo a água gelada escorrer pelo pescoço. Corri, torcendo para que a cafeteria ainda estivesse aberta. Mergulhei o pé em uma poça de lama e murmurei uma praga. Quando finalmente alcancei o prédio da cafeteria, vi Chad lá dentro, próximo à porta, com uma expressão surpresa ao me ver.
Chad tinha acabado de colocar as cadeiras em cima das mesas e estava apagando as últimas luzes, pronto para fechar. Seus funcionários já haviam ido embora.
- Cara, tá quase fechando - ele disse, ao me ver entrar.
- Salvou minha vida - respondi, com um sorriso cansado. - Esse tempo maluco me pegou de surpresa.
- Pelo visto - ele riu, fechando a porta atrás de mim e trancando-a.
O ambiente rústico e acolhedor era todo feito de madeira, com paredes decoradas por quadros coloridos. Uma lareira na parede lateral emitia um calor suave, e, em outra, havia uma pequena biblioteca de livros à disposição dos clientes. Nunca gostei de ler, mas aquela iniciativa me intrigava. A parte que eu mais gostava, porém, era o pequeno palco improvisado onde às vezes rolava uma música ao vivo. Naquela noite, estava vazio e silencioso.
- Quer um café? - Chad perguntou, enquanto pegava uma caneca.
- Café forte, sem açúcar. Preciso de algo pra esquentar - pedi, me acomodando numa das mesas ainda desocupadas.
Chad era meu melhor amigo desde os tempos de colégio interno. Ele sempre tivera esse ar de "cara responsável" e agora, como dono da cafeteria, parecia que esse lado dele só tinha se intensificado. Enquanto preparava o café, ele olhou para mim por cima do ombro.
- Onde está seu carro? Pensei que você não andasse mais a pé por aí.
- Meu pai tirou de mim. Depois que bati o último carro, ele me proibiu de usar qualquer um.
- A bebida não tem te feito bem - ele comentou, com um olhar de preocupação.
- Já basta meu pai me enchendo a paciência - resmunguei. - Só faz o café, por favor.
- Tá, tá... - ele respondeu, fingindo não se importar. Mas eu sabia que Chad se preocupava.
Então, enquanto ele terminava o café, a porta da cafeteria foi aberta de supetão. Uma garota entrou, ofegante e completamente encharcada. Chad e eu nos entreolhamos, surpresos. Ela parecia furiosa com a chuva, xingando entre os dentes enquanto sacudia o All Star molhado.
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Ela Costumava Dizer
RomanceThomas gostava de aventuras, de sair por aí sem rumo, de viver novas experiências sem pensar no futuro. Nunca foi um cara de se apaixonar e nunca desejou que isso acontecesse. Ele preferia se envolver com garotas sem precisar se comprometer com nen...