II

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SURPRESA! Capítulo fresquinho!

       O baile da Viscondessa Luísa Wolsey, esposa do Visconde Richard Wolsey, de Severn, uma das famílias mais reservada de Londres, seguia seu curso tradicional, damas e cavalheiros dançavam de forma harmoniosa aquela que Johanny contou ser a quarta valsa. Lady Karts olhou seu cartão de baile que só tinha um nome, lorde Wilson Carter, do qual ela tinha verdadeiro horror. Um odiável senhor de mais de cinquenta anos com o aspecto de nunca faz a higiene pessoal. Rançoso e seboso. Tinha sempre os cabelos grudados, por algum tipo de mistura fétida que ninguém conhecia, jogados pra frente a fim de ocultar sua calvície evidente. Alto e magro demais, desajeitado até as tripas. Sempre lhe pisava os pés durante a valsa. O hálito, então, de revirar o estômago e como se não bastasse tinha a mania de expectorar enquanto falava e falava muito.

        Lady Karts podia sentir um amargor na boca entre ondas de vertigens e náuseas só de pensar em ficar próxima a ele novamente. No entanto, era o único que ainda a perseguia até mesmo em sua casa, dizendo que iria domá-la. O único disposto a desposá-la. Além disso, Sir Wilson, sempre conseguia envolvê-la em suas artimanhas para valsar com ele. E ela permitia ser envolvida pelo tipo apenas para não ficar sozinha durante todo o baile e depois ter que ouvir os comentários maldosos de sua madrasta ao fim de cada baile malogrado. Comentários do tipo;

      "Oh, querida! Sinto-o tanto que não tenha tido sorte... Ver todas as moças sendo cortejadas menos si, deve ser uma lástima"

             Ou pior;

       "Querida, necessita de um pretendente. A idade que agrada os homens já passastes! Uma pena que não és tão bela como as demais damas e ainda te comporta como um animal selvagem. Temo ser culpa de tua mãe.".

       Ou então, seu favorito;

       "Querida, aceite o cavalheiro que o destino te impor e que não se incomode com seu jeito para criada".

       Preferia a pobreza absoluta e ser uma solteirona para o resto da vida a casar com o tipo como aquele. Só de pensar já lhe põe doente.

       Suspirou, olhando a irmã valsando pela segunda vez com um jovem charmoso. Ao contrário dela, a amiga ainda fazia sucesso nos bailes e podia se dar ao luxo de ter vários nomes nos cartões de baile. Todos achavam Angelick adorável. Pelo menos sua fama de encrenqueira ainda não tinha atingido a irmã. Pelo contrário: gostavam mais de uma a medida que desprezavam a outra. Não foram raras vezes que Johanny torceu para que está casasse logo, sentia que só assim seria feliz. No entanto, Angel, como gosta de ser chamada, não estava desejosa de casar-se com qualquer tipo, queria esperar o homem que sentisse ser o certo. O ideal. Lady Karts já acreditou nesse tipo de coisas, mas atualmente só queria casar com um tipo não seboso, como Sir Wilson. Além disso, sentia que a irmã não desejava um matrimônio e só usava isso como desculpa para fugir do inevitável: separar-se dela.

       Johanny cada vez mais entediada e sufocada, tentou tragar o ar com força, mas só conseguiu ficar ainda mais sufocada.

          Aquele espartilho ainda a mataria!

       Fazia meses que não comprava um novo e se via obrigada a usar os de Angelick, o que não era nada agradável, pois geralmente ela é um pouco mais robusta com curvas mais desenhadas que a outra. Johanny tentou seguir a moda londrina, damas parecerem doentes e frágeis, mas nem em jejum constante sua altivez diminuiu, pelo contrário a fome lhe deixara ainda pior.

         A lady encontrava se distraída quando com certa satisfação, observou lorde William Hunds, Barão de Renfrew, caminhar em sua direção. Consertou imediatamente a postura e tentou parecer alegre. O Barão, é um tipo agradável; estatura média, charmoso, elegante, loiro de olhos azuis, como quase todo aristocrata londrino e como tal, vestia-se como um. Terno azul com um lenço preto atado no pescoço. Usava uma calça branca apertada, calçava botas pretas e trazia uma bengala na mão. Seguia a moda a rigor. Esbanjava simpatia e charme. Ela já tinha o visto em outros bailes, já tinha até valsado com ele em outras ocasiões, era um tipo egoísta e tedioso, entretanto com posses e título, perfeito para casar com ela. Seria sua salvação, afinal a Lady não sabia o que tinha na cabeça de sua mãe pra colocar a condição de só receber a herança depois de casada. É notório, que se conhecesse seu gênio nunca colocaria uma condição tão desagradável e desnecessária.

— Milady, adoraria reivindicar sua última valsa! — Gracejou, depois de cumprimentá-la com uma pequena reverência.

— Seria uma honra dança com, Sir! – Confirmou com um sorriso alisando as saias do vestido — Ficaria realmente encantada.

   O homem esboçou um sorriso misterioso, fez outra reverência e afastou-se. Johanny achou meio estranho o diálogo tão breve, porém não se ateve a isso muito menos viu o brilho sádico nos olhos azuis. Tentando conter a ansiedade. Procurou, com os olhos, por sua dama de companhia, quando percebeu a mulher entretida valsando com um senhor.

      Até ela conseguia um lorde para valsar! Pensou com pesar. Era a jovem mais miserável de toda a europa.

        Determinada a não continuar apenas assistindo o baile e a pelo menos respirar um pouco de ar puro antes da valsa. Escorregou pelo salão até um corredor da mansão. Deveria ter alguma porta por ali que a levasse ao jardim, suponha. Caminhou pelo imenso e escuro corredor agradecendo por não ter ninguém por ali talvez pudesse afrouxar só um pouquinho o vestido. Que mal teria? Parou tentando ouvir passos mas continuava apenas o som da melodia tocada no salão, então começou a puxar os cordões do vestido até que sentiu uma mão forte puxá-la pelo braço com força, enquanto outra mão abafou seu grito de surpresa. Sentiu seu corpo ser lançando contra a porta que fechou com um baque surdo. Parou de respirar assim que um corpo grande começou a pesar contra o seu e a porta. Estava presa e não conseguia enxergar nada devido ao local extremamente escuro. Não podia grita ou estaria arruinada, porém se ficasse acabaria desonrada de qualquer modo.

       Johanny tentou tragar o ar com força para aclamar os tremores do seu corpo e as batidas ensurdecedora do seu coração, mas lhe resultou impossível, o espartilho continuava a lhe tirar o ar e a mão forte permanecia em sua boca.

       A proximidade do corpo e a aspereza da mão deixava claro ser um homem grande. Podia sentir o hálito dele em seu rosto. Seria violada. Apenas está suposição bastara para fazer seu sangue correr com loucura em suas veias fazendo o mundo girar. Não podia desmaiar. Não agora. Não ali.

         

O DEVASSO INDISCRETO- A Decisão De Johanny (Livro 1)   (Repostando)Onde histórias criam vida. Descubra agora