— Serena! — exclamou o pai com uma voz dócil e um pouco preocupada, fazendo com que sua filha e o rapaz se virassem rapidamente.Arregalando os olhos, Serena colocou suas mãos com os sapatos atrás de seu corpo, o que provocou um pequeno sorriso em William. Ela tentava ao máximo não roçar o calçado no vestido para não manchá-lo mais ainda, mas sabia que estava fracassando.
— Te procurei por toda parte, — o pai suspirou — achei que pudesse ter ido embora sem mim.
— Como eu faria isso, meu pai? Estava apenas dançando — defendeu-se.
No entanto, o pai pousou seu olhar no jovem ao lado. Com uma expressão desconfiada, parecia colocar um sobrepeso acima do rapaz, o que poderia tê-lo causado um imediato sentimento de culpa sem sentido.
Pais super protetores, William pensou, quase revirando os olhos.
— Pai, esse é Lord William, — Serena introduziu, fitando os dois. — Lord William, Duque de Wineshire.
— É um prazer conhecê-lo, Lord William. Vejo que apreciava a companhia de minha filha. Já dançaram juntos? — o duque disse, sugerindo.
Serena não sabia aonde seu pai queria chegar. Afinal, não estava martirizando o rapaz com os olhos há dois segundos?
— É. Na verdade, não ainda — William pausou, pensativo. — Concederia-me a última dança, senhorita Serena?
Ele sabia o que estava fazendo. O sorriso dele era grande demais para não indicar sua pequena gracinha. E seus sapatos? William só podia estar brincando.
A mente de Serena aparentava viajar em direção a todos os lados, procurando uma negação aparentemente plausível na frente de seu pai.
— Eu... Acho melhor não — ela o respondeu baixo, quase sussurrando, enquanto sentia a repreensão de seu pai.
Ao mesmo tempo, desejava que William entendesse seus olhos, que, discretamente, mostravam seu intuito de matar ele depois. Está bem, ela não mataria ele, mas não achou que faria mal colocar seus sapatos perigosamente próximos da roupa dele.
Após o feito, quase tão rápido quanto imperceptível, empenhou-se para não rir. De fato, sua vontade foi embora ao fitar seu pai, pois percebeu nele o desejo que sentia que ela houvesse partido para dançar com William.
— Por qual motivo, filha? Dance com o jovem, querida — o duque replicou.
Serena procurou desculpas novamente.
Ah, não.
— Já dancei o suficiente, papai. Não que eu não queira dançar com o senhor, Lord William, — Serena virou-se para ele — porém meus pés estão... Cansados.
A moça apertou seus dedos, torcendo para ter sido convincente — para o pai, é claro — e ter feito com que ele se compadecesse com sua falsa dor.
— Então, acredito que irei terminar minha conversa com o Duque de York e poderemos partir — o pai avisou, dando um beijo tenro na testa da moça.
Assentindo, Serena observou seu pai se afastar do local no qual se encontrava. Foi virando seu rosto para a direção de William, mas surpreendida quando ele já começou a falar.
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Entre Máscaras
Historical FictionSerena era uma garota singular. Era perolada por livros, vestida por melodias suaves e coberta por um leve tom de caramelo, que conferia sua feiçura doce. Devido à perda de sua mãe há dois anos, seus olhos misturavam brilho e melancolia. Agora, com...