Back To December [Conto - As Estações] [Completo]

Outono (Novembro)

                  

Demorei um mês para ligar para ele, mas com a chegada do inverno, e os dias sozinhas no dormitório, a saudade ficou pior.

Ele levou um susto com a ligação, mas eu agradeci a Deus por ele ter atendido.

Falar foi difícil, exigiu de mim uma força que eu não sabia que existia, mas então ele aceitou.

Marcamos em um restaurante longe do centro da cidade, no final de semana, entramos em um restaurante afastado do centro da cidade.

- Obrigado por ter vindo. – falei. 

- Não precisa agradecer, estou terminando de gravar o filme essa semana, então, tô tendo mais tempo, você esta com sorte.

- Certo. – falei. – E então, como estão as coisas?

- Bem, assinei mais um contrato essa semana, essa saga que eu estou fazendo, tem sido bom para a minha carreira. Os frutos estão vindo muito de pressa!

- Que bom.

- E você? E a faculdade como tem sido?

- Não é como eu imaginei que seria.

- Não?

- Não, eu sabia que eu iria estudar muito, mas tenho estudado muito mais, estou cansada. – e o fato de não estar com você, faz tudo ficar pior, pensei.

- Certo.

Ficamos quietos, até o que o garçom apareceu perguntando o que queríamos, fizemos os nossos pedidos.

- E a sua família como está?  O Luke deve estar enorme agora. – falei.

- Estão bem. – falou ele.

Ele estava na defensiva, e tudo era compreensível, já que na última vez que nos tínhamos visto, eu tinha o deixado olhando para as rosas que ele tinha trazido para mim. A lembrança não deveria ser boa para ele também.

Na hora pareceu tão certo.  Tomei um gole da água.

A comida chegou, e não falamos nada enquanto comíamos, o que foi mais estranho do que nunca, já que isso nunca tinha acontecido entre a gente.

Depois de comermos e retirarem os pratos, ele disse.

- Então Ameri, porque você quis me ver? O que esta acontecendo?

- Saiba que o que vou falar não é fácil para mim, estou engolindo o meu orgulho, estou aqui na sua frente, fazendo algo que eu achei que eu nunca faria, mas aos poucos percebi o quanto isso tem sido nocivo para mim, o quanto ter me afastado de você foi ruim para mim, de todas as maneiras possíveis e imagináveis. Eu pensei que ficar sem você seria libertador de certa forma, eu estava acostumada a ter uma vida calma, eu estava focada no meu futuro, e então você apareceu na minha vida, apesar, de que você sempre disse que foi o contrario. – Ele olhou para a mesa. – Mas a liberdade não é o que eu pensei, eu só consigo sentir sua falta, eu queria ter percebido isso antes de terminar com você, antes de cometer o maior erro da minha vida. – Falei começando a chorar. – Sabe? Eu não dormi bem esses últimos dias, no seu aniversário eu quis te ligar, mas eu não achei certo, e não era mesmo, foi eu que terminei, foi eu que errei, então eu não te liguei, e achei que era isso o certo a se fazer, esquecer tudo, mas doeu tanto, doeu muito. Então quando deu meia- noite do outro dia, eu peguei o telefone para te ligar, mas eu não consegui ligar de novo, porque fiquei com medo do que eu iria ouvir, do que eu sabia que tinha de escutar, mas que não queria escutar. E então a um mês atrás no Outono, eu fui para uma festa de uns amigos da faculdade, e eu bebi, bebi porque eu sabia, que não iria conseguir aproveitar uma festa, quando tudo que eu conseguia pensar era você, eu senti falta de tudo em você, da sua pele bronzeada, do seu sorriso doce, que sempre foi tão sincero, puro e bom, mas que eu não soube aproveitar, fui uma tola. E eu pensei tanto em como seria se eu tivesse feito tudo diferente. Eu volto todo dia aquele mês de dezembro, refaço todos os meus dias na minha cabeça, e penso como eu fui uma idiota, eu poderia ter feito tudo diferente e não fiz. Eu entendo se você não me quiser mais, foi eu que causei isso, eu só queria que você soubesse, que estou extremamente arrependida do que eu fiz. Você tem todo o direito de nunca mais querer me ver ou falar comigo, e sei que as desculpas que eu tenho para dizer, não são o suficiente para apagar tudo o que eu fiz, eu sei disso, eu sei disso muito bem, mas eu tenho a obrigação de fazer isso mesmo assim. Me desculpa Nash, me desculpa. – falei chorando mais ainda.

Ele não respondeu nada, simplesmente nada, apenas deixou o dinheiro em cima da mesa e foi embora.