Capítulo 2

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Capítulo 2.

Era o som da porta que vibrava sobre a cabeça do menino Nikolaevich. Como o soar de um sino mudo que apenas vibrava. Em toda a verdade, ele não se importou muito. Provavelmente, era apenas um carteiro — um carteiro muito chato que gostava de atrapalhar o dia dos outros numa aconchegante manhã. Era para ser um único e exclusivo tempo com sua mãe, poxa! Malditos carteiros! De fato, se formos parar para pensar, Joshua é como um cachorro pequeno quando se trata de carteiros. Ele se irrita fácil com os empregados dessa área desde que foi — literalmente — mordido por um. Era isso que ele recebia por procurar brigas com filhos de carteiros bravos. Bem, a partir daquele dia, o menino nunca mais olhou para a cara de um carteiro sem mostrar a preciosa língua. Quando sua mãe via-o fazendo isto, com toda a certeza, ela usava a tesoura-de-dedos — cortando a língua do garoto Nikolaevich com as mãos.

Como Joshua se metia em confusões!

Mas, não — não era um carteiro; permita-me repetir: não era um carteiro! Joshua Nikolaevich percebeu o fato caótico com o soar do som de uma voz feminina a invadir sua casa azul. Passos, passos, passos! Como assim? Quem é que era aquela menina que adentrava sua casa sem se dirigir ao "homenzinho" dela? Joshua tinha que dar à moça a permissão! Mas, ah, se fosse Beatriz! Ele daria na cara das duas — em Bea e em sua mãe, por ter deixado a menina entrar —, se fosse Beatriz. Que audácia! Que audácia! De fato, o menino pequeno não aceitaria ter a casa invadida de tal forma; ainda mais por alguém relacionado à algum carteiro ou menina malvada da escola, tal qual Beatriz Mariana Silva Gomes.

— Joshua! — Chamou a mulher misteriosa. Oh, então não era sua coleguinha de sala! Era outra pessoa, igualmente estranha e invasora – pois não seria aceita ali também! Tanto fazia, para Josh, se eram carteiros, meninas malucas da escola ou moças misteriosas que adentravam sua casa sem a devida permissão de si. — Josh! — Utilizou do apelido doce que SÓ SUA MÃE PODERIA USAR! Meu Deus, meu Deus! Como era atrevida – esta moça! Que tal se Joshua invadisse a casa de um Bem-te-Vi e começasse a chamá-los de "Ben"? Eles iriam gostar? Não! Eles bicariam o Nikolaevich até a morte ou pior, provavelmente.

— Joshua, vem aqui, meu homenzinho! — Clamou Emma.

— Já vou. — Gritou em seu pleno mau-humor pós-invasão.

Joshua mais parecia estar sendo arrastado por um fantasma do que praticando o ato de caminhar, seus pés não saiam do chão, sua cabeça rodava e seu bico enorme se sobressaia em sua face. Com muita preguiça, má vontade e ódio, Nikolaevich caminhou até a mãe e sua devida "amiga". Provavelmente, era alguma esposa de um carteiro que ele teimou em brigar vindo pedir suas devidas desculpas por ter tacado uma pedra em seu marido ou algo do tipo. Céus, como Josh era problemático. Mas... se ela queria desculpas, por que o chamar pelo apelido de família? Não havia motivos!

— Formiguinha, — provocou sua mãe — essa aqui é a Rebecca April.

— Oi. — Falou com o desespero aparente, já imaginando que desculpas teria de dar para ser perdoado pela tal de Becca. Embora realmente não soubesse, de fato, quem era e o porquê de tanta proximidade se eles nem se conheciam ou algo assim – ou melhor, se ela o odiava, porque se meter na casa dele? Ele realmente, estava confuso. Engoliu tudo o que pensava: Não queria estragar seu dia com Emma por causa de seu mau-humor causado por pessoas que entregam cartas e coisas para os outros humanos – e muitas vezes cachorros e gatos, tais quais coleiras, objetos, pergaminhos e espadas!

— Becca, esse é — iniciou, apontando para o menino loiro. — Josh.

— Olá, Joshua! — Ela estava bem empolgada – empolgada demais para alguém que veio pedir por suas desculpas. Nikolaevich suspirou, estava cansado demais – não gostava de acordar cedo, de conhecer pessoas novas, de pessoas com seios maiores que os de sua mãe ou, claro, de carteiros. No geral, havia uma lista de coisas enormes que o menino não gostava, mas ela, ah, ela conseguia se encaixar em quase todas!

— Oi. — Resmungou, fitando ela de cima para baixo.

— Oh, ele 'tá com soninho. — Ditou sua mãe, acariciando seus cabelos finos e deixando o menino se prender num abraço forte. — Joshua... Eu e a Becca... — Começou. Levando uma levantada de sobrancelhas do garoto como resposta. — Bem, a Becca vai almoçar com a gente hoje, viu? — Trocou totalmente o que pretendia falar: ainda estava muito cedo para revelações. — Então, quer me ajudar e levar esta mocinha aqui até a mesa enquanto a mamãe vai preparar um chá para nós três? — Indagou, deixando o filho fechar os olhos e negar com a cabeça. — Joshua Nikolaevich. — Pelo nome inteiro! Pelo nome inteiro! — Vá fazer o que a mamãe mandou!

— 'tá, 'tá. — Disse, puxando a mão da moça com força, obrigando-a a segui-lo até o lugar ordenado. Era uma mesa grande de madeira reflorestada escura. Do jeito que Emma gostava: natural, escuro e muito bonito. — Então, mesa de madeira, Rebecca. Rebecca, mesa de madeira. — Apresentou-os devidamente, empurrando Becca para sentar-se numa das cadeiras.

Emma, sua mãe, se dirigiu para a cozinha.

Ocupando-se com o ato falho de fazer café — ela era um pouco atrapalhada, então poderia acabar por se queimar se os olhinhos de Joshua não se prendessem nas mãos grandes e habilidosas da mulher. Embora ela fosse alta e independente, ela precisava do olhar do filho sobre si para poder se aquecer e fazer tudo com calma — Emma precisava de Joshua Nikolaevich.

— Então, Josh. — Chamou a Rebecca.

— Que é? — Disse sem desgrudar o par de olhos da mãe na cozinha azul apertada.

— Hoje é seu aniversário, né? — Indagou, fazendo o menino se virar.

— É! — Respondeu com sorriso.

— Então, eu te trouxe um presente. — Anunciou.

— Um presente?

— Queres ver? — Perguntou, apontando para sua bolsa.

Claro que sim!

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⏰ Última atualização: Aug 23, 2016 ⏰

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