Capítulo 26 - Dia cinzento

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O dia amanheceu cinzento, ainda não recuperei a 100% as minhas energias mas eu quero estar do lado da minha mãe. Sabem como são esses dias, velório, enterro, pessoas que não conhecemos que contam histórias da pessoa que morreu, a recepção para os mais chegados na casa do Henri foi tranquila. Saí da casa e sentei-me na cadeira lá fora no jardim vazio, embora o vento forte e frio, eu estava enrolada no meu casaco comprido.

Por momentos eu fechei os olhos e lembrei-me do jantar de noivado, lembrei o dia que brincámos com o Shadow no jardim... Eu assumo que sinto falta de Zane, do seu verdeiro eu, aquele que eu secretamente ficava a admirar da porta da cozinha, eu gostava de o ver sentado no sofá a assistir os jogos de futebol com o Shadow, ali naquele momento ele não mentia, não era o chefe da Gruta, ali ele era somente o homem por quem me apaixonei...

Posso moldar com as mãos um boneco de barro com as curvas do seu corpo que eu conheço de cor, posso sentir o seu perfume e os seus braços em redor do meu corpo... Na verdade eu  sinto-me a ser observada e abro os meus olhos em busca de alguém que possa e estar por perto e bem atrás de mim, apenas a alguns passos de distância estão os olhos com que eu sonho todas as noites...

- O que fazes aqui?

- Vim só dar uma palavra á tua mãe - ele estava a observar-me todo este tempo - Não sabia que estavas aqui!

- A minha mãe precisava de mim!

- Eu também! - ele aproximar-se.

- Não é o momento Zane e nós já falamos tudo.

- Eu tenho o direito de me explicar Ash, as coisas nem sempre são o que parecem.

- Ei vocês os dois aí...- Ambos olhamos em direção à voz de David.

- David o que fazes aqui tu também? - Eu pergunto no meio de um abraço.

- Somos família estás lembrada?!

- Como está a Jasmine? - ela não veio obviamente.

- Ela ficou a descansar em casa, de qualquer forma eu falei com o médico dela e ele diz para apareceres no hospital quando quiseres é muito importante encontrar um dador de medula o mais rápido possível - ele tira um cartão e entraga-me - aqui está o seu cartão basta dizeres que vais da parte da Jasmine.

- Ótimo, amanhã mesmo eu vou passar por lá!

- Eu não vejo a hora deste pesadelo acabar! - David desabafa.

- Ei irmão vai ficar tudo bem tenho a certeza!

- Eu sei disso mas até lá ainda vai demorar.

- Bom agora eu tenho de voltar para casa, eu não gosto de deixar a minha mulher sozinha. - David despede - se.

- Eu também vou! - Agora é Zane que se aproxima e beija a minha cara.

Vejo os dois entrarem em casa enquanto a minha mãe vem na minha direcção, ela gosta do Zane eu vejo pela forma como ela trata ele...

- Está tudo bem filha?

- Tudo! - Eu digo enquanto me volto a sentar.

- Vocês os dois precisam falar filha, eu não quero precionar-te mas ele realmente olha para ti de uma forma carinhosa.

- Eu não quero falar sobre isso Dona Rita.

- Eu compreendo mas pelo menos tenta filha.

- Vou pensar mãe - beijo a sua testa e vou para o meu quarto.

O dia foi consativo por isso de manhã eu não fui treinar e aproveitei para dormir mais um pouco. Tomei o pequeno almoço sozinha e não tenho certeza se está alguém em casa ou não. Pelo caminho para o hospital ligo ao Brad para falarmos um pouco, pode até parecer estranho mas ele é o meu melhor amigo, conselheiro e para além disso preciso de saber como está o meu cão mas ao que parece as meninas estão a adorar te-lo lá por casa. Eu tenho realmente uma necessidade de proteger o que amo e Shadow é o meu menino.

No hospital fui recebida por um médico muito simpático, Dr Shuman era um homem alto e corpolento, negro com um enorme sorriso e bonito até. Todo os que passavam por ele cumprimentavam - no de uma forma amigável, dentro do seu gabinete ele falou sobre o verdadeiro estado de leucemia de Jasmine, os tratamentos são muito caros mas o mais urgente é encontrar doador por isso eu quis fazer todos os exames necessário para saber se poderia ajudar e fiz também um teste de DNA para saber se realmente temos o mesmo pai. Ele vai tentar precionar o laboratório para que os resultados cheguem rápido, de qualquer forma pedi segredo é informei que caso fosse compatível eu irei fazer tudo para ajudar mas como dador anónimo.

Sabem como são os hospitais, passei lá quase todo o dia e estou com fome. Passei num restaurante japonês e trouxe a comida, passei no centro de treinos e procurei por Brad para jantarmos juntos mas ao que parece ele não está por aqui hoje, o melhor é ir embora rápido para não encontrar por aqui o ...

- Vieste ver-me? - Zane.

- Na verdade vim desafiar o Brad para jantar mas ele não está! - mostro as sacolas do restaurante.

- Hoje é a noite dele ficar em casa com as meninas porque a Theresa tem aulas de ioga.

- Humm, obrigado.

- Posso fazer-te companhia se quiseres!

- Na verdade eu estou a morrer de fome, passei o dia no hospital.

- Vamos subir então.

Zane subiu até ao seu escritório no primeiro andar e eu segui-o, ele tirou algumas coisas que tinha em cima da secretária para comermos ali. Ele ouviu atentamente o que falei, eu sei que ele estava a fazer um esforço para não tocar no assunto "nós dois" e agradeci internamente por ele ter feito isso. Passámos umas 2 horas na conversa...

- Preciso passar na tua casa, tenho algumas coisas que deixei lá e gostava de recuperar.

- Que tal jantarmos lá amanhã e depois levas as tuas coisas?

- Eu vou pensar nisso e depois confirmo. - começo a por o lixo num saco.

- Já vais embora?

- Sim está tarde...

- Vais ficar por cá ou vais de novo embora?

- Eu vou ficar, tenho assuntos a tratar!

- Bom eu também vou embora por isso eu acompanho-te ao carro.

Descemos juntos e despedimo-nos mas é estranho estar com ele assim, como estranhos...

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