Capítulo 41

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Após horas chorando junto ao Benjamin e a Judith, ponho fim ao meu choro. Ao invés de chorar e me lamentar prefiro refazer minha vida. Prefiro focar nos meus estudos e na minha vida. Minha vida não pode terminar por eles. Não pode e não vai.

"Anda logo, jogue as cartas" falo limpando as lágrimas

"Mas, Melissa ..." Judith inicia mas logo a interrompo

"Sem 'mas', vamos logo. Não vou sofrer mais por eles. Seja o que o destino quiser, me lamentar não vai adiantar nada. Maktub. Estava escrito, ou melhor, tinha que acontecer"

"Nossa, você superou bem rápido" Ben diz se levantando

"Ainda demorei demais, era pra nem ter sofrido. Vamos lá, Judith"

Judith encara o Ben como se pedisse autorização para jogar. Ele a responde com um sorriso.

Ela põe as cartas em cima da mesa do jantar, já que os pais dela não estavam em casa. Ela começa a se concentrar e a colocar as cartas em cima da mesa. Eu não entendia nenhum delas, mas para Judith cada uma tinha seu significado.

"Vejo uma realização, você será muito feliz. Mas ..." Ela diz virando outra carta e me olhando triste

"Fala logo!" Peço desesperada

"Terá uma perda. Uma perda muito grande e dolorosa" ela diz calmamente

"Perda? Uma perda, tipo, da pessoa sumir ou ..."

"Uma perda, Melissa. Alguém vai morrer. Com essa perda virá todas as respostas que você precisa"

"Quem vai morrer? Me diz agora!" Falo nervosa

"Calma, Melissa. As cartas não dizem nome" Ben diz me entregando um copo d'água

"Agora basta esperar"

"Esperar o que?" Pergunto confusa

"Tudo acontecer"

"Ninguém vai morrer!" Falo desesperada

"Maktub, Melissa. Está escrito, tem que acontecer"

"Mais alguma coisa?" Pergunto fria

"Você precisa mudar, Melissa" ela diz guardando as cartas "Ninguém é forte o tempo todo. Todo mundo sofre e se importa, todo mundo"

"Eu sei. Vou mudar" falo sorrindo triste "Vou mudar"

Me levanto e caminho para fora da casa. Estava chorando compulsivamente, não estava me importando com nada.

"Melissa! Cuidado! O carro" Ben diz vindo em minha direção mas já era tarde demais

Senti o baque nas minhas pernas e fui arremessada para longe. Meu corpo doía e não sentia minhas pernas. Estava deitada no chão, chorando, com dor, quando vi o carro que me atropelou. Era o Henry. Ele me atropelou.

Fico olhando para longe, enquanto apenas sinto a dor. Sinto muita dor. Olho para o chão e vejo sangue, estava sangrando muito. Choro como uma criança e como nos filmes minha vida passa toda em minhas mente. O dia que decidimos vir para o Canadá. O dia que conheci o Justin. O dia do nosso primeiro beijo. Nossa primeira briga. O dia que fui presa e conheci o "homem da minha vida". O dia que conheci o Ben. Tudo passou diante dos meus olhos.

Benjamin sento no chão desesperado e coloca minha cabeça em seu colo, ele repetia "fica calma, não desmaia". Ele chorava, Judith ligava para a ambulância e tudo parecia estar em câmera lenta. Bem devagar. Até aquele momento Henry não havia descido do carro. Após alguns minutos, ele desce e vem em minha direção. Ele chorava como uma criança, parou de pé ao meu lado.

"Você tentou matar ela, seu idiota!" Ben diz chorando "Você ..."

"Eu não queria ..."Henry inicia mas eu o interrompo

"Não sinto minhas pernas, Benjamin. Por favor, me ajuda. Me ajuda, Ben. Eu não estou sentindo minhas pernas"

"Meu Deus, o que eu fiz?" Henry pergunta chorando ainda mais enquanto se auto-batia

"Calma meu amor, vai ficar tudo bem" Ben diz dando selinhos em mim na tentativa de acalmar

"Não beija ela" Henry diz ameaçando avançar nele

"Ou vai fazer o que? Me atropelar? Se acontecer alguma coisa com a Melissa, eu mato você"

"Está me ameaçando?"

"Você pode ser delegado, pode ser até o papa, mas a pior coisa que você fez na sua vida foi ter mexido com ela" Ben diz o encarando firme "Sai daqui. Você já a machucou duas vezes em menos de quatro horas"

"Duas vezes?"

"Ela te ama, seu otario. Você a machuca quando diz que desiste dela. Você a machuca quando se afasta. Você a machuca quando abraça outra. Você a machuca quando fala algumas coisas. Você faz mau a ela"

"E como você sabe disso?"

"Por que eu sou apaixonado por essa garota, e tudo que você faz com ela, bem, ela faz comigo"

Aquilo doeu meu coração. Mesmo um pouco zonza e com dor, pude ouvir o que ele disse é aquilo ecoou na minha mente. O encaro chorando, o encaro com amor, carinho.

"Me desculpa, por favor. Me desculpa por tudo. Eu te amo"

Sinto minhas forças irem embora. Meus olhos vão fechando e sinto a dor que ante sentia na cabeça e nas costas sumirem.

"Me promete uma coisa?" Pergunto fraca "Cuida do Justin pra mim. Ele é meio babaca mas ... Eu o amo" falo chorando ainda mais

"Não fala isso, Melissa" Ben diz sorrindo em meio às lágrimas "Você cuidará dele"

"Não, Ben. Eu amo todos vocês. Obrigado por tudo que fizeram por mim. Vou cuidar de vocês lá de cima agora"

"Não fale besteira, criança" Henry diz desesperado

"Henry, eu te amei. Eu não esperava isso do você" Falo chorando e me engasgando

"Cadê a ambulância?" Ben grita desesperado

E então ouço a sirene da ambulância, bem distante. Estava tudo tão lento e, doloroso.

"Adeus, seus vagabundos" falo fechando os olhos

Sinto meu corpo leve e pude ouvi-los distante dizendo "não! volta Melissa". Mas a pergunta é: será que eu queria voltar? O primeiro homem que amei me usou, me violentou, me descartou. O segundo tentou me matar atropelada. Tentou, ou conseguiu? Às vezes não penso na morte como uma coisa ruim. Acho que do céu poderei fazer mais por aqueles que amo. A perca que eu teria, bem, eu sou a perca. Perdi a vida. A felicidade? Bem, acho que só vou encontrar após a morte.



[SINTO MUITO! Me desculpem ter feito isso com ela. Sério, me perdoem. Eu ... não sei o que falar a vocês. Verdadeiramente não sei. Pois bem, daqui pra frente contarei a história do pessoal após a morte da Melissa. Todos estamos de luto, me desculpem]

Incomum  //  JustinBieber Onde histórias criam vida. Descubra agora