A vida muda drasticamente para Grace Darling quando a filha do prefeito é repentinamente internada em uma instituição psiquiátrica após a morte misteriosa e conturbada de seu pai. A mudança de habitat a pega de surpresa não somente por sair do mundo...
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E Z R A S T O N E
Oito de Janeiro era o irmão gêmeo de Sete de Janeiro: triste e gélido. Minha segunda paciente até aquele momento era uma mulher de trinta e dois anos chamada Gloria Shelton que era da Escócia, mas havia vivido a maior parte de sua vida na Rússia. O arquivo dela indicava que ela havia sido culpada da morte de sua filha pequena por negligência e logo em seguida pelo assassinato de outras seis meninas onde ela usou partes de seus corpos e as costurou juntas. Uma assassina cruel de acordo com os arquivos, porém, completamente alheia da realidade em pessoa.
Seu arquivo estava parado e a última sessão da paciente marcava a data de quatro meses antes. Eu só podia assumir que Gloria Shelton esteve sedada durante todos esses meses sem acompanhamento médico e agora que estava sob meus cuidados, eu pretendia conhecê-la o melhor possível para poder chegar às minhas próprias conclusões e assim medica-la corretamente.
Eu havia passado os dois últimos anos em um estágio na Irlanda, fazendo amizades e tentando provar que podia ser o melhor médico do meu meio e agora que tinha a oportunidade de tratar os assassinos insanos de Lighthouse, era simplesmente a oportunidade perfeita para isso. A oportunidade perfeita para provar até mesmo para Wolfshaw que me contratar apenas por ser filho de seu amigo havia sido uma das melhores escolhas de sua carreira profissional.
"Há quanto tempo está instalada aqui, Sra. Shelton?" – Perguntei, já fazendo anotações em meus cadernos sobre como, mesmo medicada, a paciente parecia eufórica.
"Eu não sei ao certo. Anos? Anos com certeza. Mas é temporário, até meu marido vir me buscar." – Gloria disse e eu subi meu olhar para ela, vendo-a se mover na cadeira para frente e para trás.
"É mesmo? E onde está seu marido agora?" – Agi casualmente, colocando meus cotovelos sobre minha mesa esperando pela resposta.
"Ah, o senhor sabe. Meu marido é marinheiro, Dr. Stone. Ele está sempre no mar." – Gloria respondeu como se suas palavras fossem ensaiadas, cravadas em seu cérebro há muito tempo, enterradas ali. A ficha de Gloria também indicava que seu marido havia entrado com os documentos do divórcio assim que chegou de viagem e viu Gloria Shelton costurando vestidos para sua filha morta, costurada sempre com membros novos de outras garotas para que se mantivesse "viva". A família de Gloria era escocesa e por isso quando o juiz decretou insanidade, ela foi mandada para sua cidade natal.
"Aconteceu algo, Sra. Shelton? A senhora parece animada com alguma coisa." – Perguntei vendo seus olhos ganharem um brilho repentino e um sorriso largo se formar em seus lábios finos e secos.
"Oh, sim! Eu ganhei uma nova boneca!" – Gloria sorriu alegre e eu soltei meu tronco no encosto da cadeira de rodinhas, observando suas reações ao falar sobre o assunto.
"Uma nova boneca, huh? Fale-me mais sobre ela."
"Oh, ela é absolutamente perfeita, Dr. Stone! Tem os cabelos todos enrolados e louros e as bochechas rosadas! O senhor acha que a Dra. Piper me deixaria fazer um vestido para ela? Ela é tão linda!" – Gloria praticamente pulava para fora da cadeira de excitação e eu me vi olhando discretamente para a porta do meu escritório, checando para ver se o guarda ainda se encontrava ali na frente caso algo acontecesse, mesmo não acreditando que Gloria seria do tipo violento. Assassina assustadora sim, mas não violenta. Seu método para matar as pequenas garotinhas havia sido rápido e indolor.