CAPÍTULO 1

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             Saint Jonh, 1817.

Eu tinha nove anos quando virei este ser amaldiçoado. Estava na varanda da minha casa brincando de montar torres. Meus pais estavam conversando com Prefeito sobre negócios, portanto estava sozinha, sentada e de costas para a rua. Senti mãos fortes e enluvadas sobre a minha boca, me puxando pra trás, me arrastando pelo chão. Tentei gritar, mas foi tudo inútil. Me jogaram dentro de um carro, o qual não consigo me lembrar como era. Colocaram um pano úmido sobre o meu nariz, tinha um cheiro de álcool misturado com algum doce, e tão apaguei.
Acordei à beira de um lago. Na época não sabia qual era, mas agora sei que se tratava do lago Hellstfield. À minha direita havia uma enorme fogueira que me aquecia constantemente; à minha esquerda estava um barraco de lona azul caneta, e tinha luz no seu interior. Os pássaros cantavam suavemente mata adentro, estavam se escondendo do inverno rigoroso que já se aproximava.
Instantes depois, saíram três homens de lá, e atrás de mim surgiram mais três. Eles me encaravam em expectativa, com um sorriso malicioso no rosto de cada um. Ambos seguravam algum tipo de faca. Um deles colocou uma panela enorme de barro à minha frente em formato circular, dentro havia algum tipo de planta bem moída.
- Está quase na hora, homens! - diz um deles. Meu medo era tão grande que eu não conseguia pronunciar nem uma palavra sequer. Será que meus pais já sentiram minha falta? Pensei.
Um dos homens que estavam atrás de mim me puxa abruptamente para frente de modo que minha cabeça paira sobre a panela. Ele puxa uma faca afiada, e começo a gritar desesperadamente, pois mesmo sendo criança, já sabia o que me aguardava. Ou pelo menos achava que sabia.
Ele puxou uma mecha de meu cabelo negro e cortou-a, jogando dentro do recipiente. Começaram a cantar em outra língua, a qual não identifiquei. Não conseguia parar de chorar um minuto sequer.
- Cale a boca! - um deles grita ao término da canção - Vou ter o maior prazer em te matar. Não aguento esse choro!
- Não moço, por favor, não me mate, por favor! - levantei o olhar para o que falava e gritei em meio aos soluços.
Ele agarrou meu cabelo e puxou minha cabeça para onde ela estava.
- Em nome do senhor da escuridão, ofereço esta criança, pura em todos os sentidos. Em troca da imortalidade desses seis homens...
- Não! - gritei novamente - Me solta, por favor, por favor, me solta! - Um deles bate em meu rosto com o cabo da faca que segurava. Meu rosto começa a sangrar.
- Porra! Enxuguem o rosto dela, não pode cair nenhuma gota de sangue dela agora! - Um dos homens puxa um lenço de seu bolso e enxuga meu rosto - Essa é nossa troca, uma troca justa: um ser completamente puro em troca da vida eterna. Por todo o poder que há na escuridão, conceba! - ele fala olhando para o céu.
Ele volta seu olhar para mim, segura meus cabelos e coloca como estava antes, mas agora o meu pescoço está complentamente estica, minha garganta parece que vai saltar. Com um movimento rápido, ele passa a faca em meu pescoço. Minha visão vai ficando embaçada e depois escurecida. Sinto minha pele sendo cortada e meu osso se quebrando, e então apago.

ACORDEI NO MESMO lugar ao qual me recordava, só que agora não havia mas nenhum barraco, nem panela, nem sangue. A pouca neve que aqui havia sumiu. As árvores que estavam secas devido o inverno agora florescem. Tudo estava vivo, menos eu.
Eu já não sentia os raios solares atingindo minha pele. Eu não respirava, meu coração não batia. A cor da minha havia sumido: agora estava branca como neve. Por quanto tempo eu durmi? Não faço ideia.
Levanto do chão duro, e olho tudo ao redor, não há ninguém por aqui, mas consigo ouvir ruídos, ruídos distantes, são pegadas de animal. Sangue! Sinto cheiro de sangue. E então eu corro, corro de uma maneira que achei que seria impossível, corri na velocidade da luz. Minba visão parecia uma câmera ultima geração: imagem perfeita, conseguindo ver o mínimo inseto com a distância que fosse.
Identifico um veado a um quilômetro de distância. A única coisa que eu conseguia pensar era: comida. Estava faminta, dois segundos depois eu estava ao seu lado, então ataquei-o. Quebrei seu pescoço num primeiro golpe de modo que sua cabeça fosse arrancada, e suguei todo o seu sangue. Mas sentia mais vontade de devorar algo e abrí todo o seu corpo, dividí exatamente ao meio. Cheirei institivamente, e o seu coração me chamou a atenção devorei-o em uma única bocada. Ainda estava com muita fome, então peguei a cabeça separada do corpo e apertei na intensão de sair sangue, mas ao invés disso, a cabeça se partiu ao meio, e num ato de desespero devorei todo seu conteúdo de modo que o que restou foi apenas um crâneo oco e dividido. Satisfeita, procurei uma estrada e segui a pé sem rumo, sem saber o que fazer.

ATUALIZAÇÃO

   –Ei, moça, quer ajuda? – Um homem branco e magro para o carro  ao meu lado – Tenho um serviço pra você aqui...– diz ele colocando a mão dentro da calça. Senti uma abominação por aquele homem, mas em mim me mandoh seguir em frente. Sorri com malícia e entrei no carro. – O que de pararmos o carro num lugar mais escondido? – Não consegui dizer uma só palavra, apenas sorri novamente.
     Ele conduziu o carro pela pista e virou a direita, para una estrada de terra, dirigiu por mais uns cinco minutos e parou o carro no canto da estrada.
— Banco da frente ou de trás, gostosa? – fiz um gesto com a cabeça indicando a parte de trás do carro.
     Ele saiu do carro fechando a porta e sentou no banco de trás, eu apenas pulei pelo espaço dos bancos frontais e parei ao seu lado. Ele esticou o braço e tocou meus seios, não me lembro deles serem tão grandes, sentí dor ao seu toque, era como se eu estivesse entrado em contato com um fio desencapado e meu corpo recebesse uma descarga elétrica. Institivamente agarrei seu braço com força, ele me olhou espantado, eu diria que com medo, parecia que ele via algo de estranho em meus olhos. Apertei seu braço e girei-o para direita de modo que seus ossos começaram a estralar e se quebrarem, sua pele mudou de como se o sangue estivesse preso. Contorcí mais e sua pele se rasgou, espalhando sangue por todo meu braço e e estofado do banco, a carne pulando, sua veias se torando. Ele começou a gritar palavras as quais eu não entendia, sentí como se eu estivesse num paraíso ao ouvir seus gritos de dor. Agarrei seu outro braço e fiz o mesmo, mas desta vez arranquei-o fora e comecei a morder aquela carne suculenta. O homem perdeu a consciência, talvez ele apenas desmaiou, não sei se foi por causa da dor ou da visão de seu braço sendo devorado por uma criança de nove anos, talvez por ambos.
   Batí em seu rosto para ver se ela retomava sua consciência e fazer sua morte ser mais dolorosa, mas ele não acordou e tive que me contentar em só arrancar sua cabeça e devorá-la, assim como o resto do corpo.
  

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⏰ Última atualização: Nov 26, 2016 ⏰

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