Capítulo I

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O sol que refletia na janela deixava a sala ainda mais quente, e nós, os novatos, que assistíamos a vídeos do grupo de teatro Cariocagem, já estávamos em nível de desistência antes mesmo de entrarmos para a família do teatro municipal.

Ao Rio de Janeiro fica o meu grande, Vai Se Ferrar, pela temperatura infernal que a cidade maravilhosa oferece, em pleno inverno.

- Eu nunca mais caio na sua lábia.

- Você ainda vai me agradecer por isso... E me diz, qual outra oportunidade você vai ter de mostrar para o Diogo que você está pouco se fodendo para ele? Em?! ou você vai deixar que ele pense que você ainda se importa com o término?

Ao mesmo tempo que eu amava aquela criatura de 1 metro e 65 centímetros, eu queria esfregar a cara branca dela no asfalto quente da barra. Mari sabe, que eu ainda me importo com o Di, mas mesmo assim, tentei mostrar que estava realmente nem aí para o que meu ex namorado pensava ou acha de mim. Mas a verdade é que Diogo não está nem um pouco interessado em saber se entrei ou não em um teatro, mas de certa forma, fiz isso para esquecer os recentes acontecimentos que ele me causou.

- Bom galera, agora que vocês conhecem um pouco da nossa história, vamos descer e conhecer mais o nosso local de trabalho - disse, Henrique Santos o diretor do teatro e também um dos professores do curso livre Cariocagem.

A ideia de entrar nesse curso foi da Mariana, o sonho dela é realmente ser atriz, só segui ela porque o teatro pode ser um modo de distração para esquecer o pé na bunda que levei.

Assim que fomos para o andar de baixo do teatro, Henrique fez uma tour pelo mesmo, era algo novo para mim, já que eu posso inúmerar em apenas uma mão quantas vezes já foi a um, e se você pensa que tenho lembranças das peças que já assisti, bem, eu na verdade nem sei se realmente já assisti a uma peça.

-Cada sala tem nomes de artistas brasileiros - Henrique disse, parando no corredor dos camarins e esperando todos admirarem as portas com os nomes.

Jorge Amado, o nome estava na placa presa no primeiro camarim que parei para ver, Henrique deixou que ficássemos ali por algum tempo para olhar os camarins por dentro. Você Jorge, foi um grande escritor, apesar de nunca ter lido nenhum dos seus livros sei um pouco de cada história que hoje em dia são reconhecidas por novelas, graças a aula de literatura eu sei um pouco sobre você, e uma das suas frases mais marcantes para mim foi:

“Não possuímos direito maior e mais inalienável do que o direito ao sonho. O único que nenhum ditador pode reduzir ou exterminar”

É concordo plenamente, sonhar é algo único, e ninguém nem mesmo aqueles de patente alta podem interferir. Você sabia do que falava e isso de certa forma me fez te admirar.

- Vamos Cintia, eles estão indo conhecer o palco.

Mari me tirou dos meus pensamentos, e quer saber, acho que a ideia central de por o nome de artistas famosos deu certo, nos faz despertar sobre cada história em nomes de personalidades fortes no país, será que a cantora Maysa tem seu nome gravado em algum camarim em qualquer outro teatro? A voz dela ainda me encanta, eu ainda canto, Ne Me Quitte Pas, como se ainda fosse uma música atual, dessas que ficam semanas e semanas no top 10 das rádios.

- Tudo bem com você? - Mari novamente me acordando dos pensamentos - parece aquelas pessoas dos filmes que param enquanto rola um flashback.

- Até que esse teatro está me fazendo bem.

- Eu te falei que você ia acabar me agradecendo.

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