O Caçador - As Trevas Da Verdade - Capítulo 2

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Capítulo 2

A viagem foi feita em segurança, sem surpresas, o velho cavalo se comportou bem, ainda possuía uma boa resistência, a temperatura estava caindo, porém nada que se comparasse as noites anteriores, em que o frio era absurdo, até o momento também não havia sinal de nevasca, o inverno estava partindo, sem deixar saudades.

A Lua despontara no céu há certo tempo quando a carroça chegou ao seu local de destino, Bernard analisou a casa ao longe, com desgosto evidente, precisava de reparos o quanto antes.

- Finalmente chegamos, esquecemos de ajeitar o teto, a empolgação da volta à caça nos distraiu, iremos fazer os reparos em outra ocasião – Falou Bernard já descendo da carroça.

- Esquecemos completamente... Que pena! – Caçoou Adrian. - Bom, já é noite, iremos nos banhar e acender a fogueira para assar o cervo? – Perguntou enquanto também descia da carroça.

- Creio que ainda resta água suficiente para alguns banhos, estou indo tomar o meu, os barris com água estão na cozinha junto com a esponja, aqui estão as chaves, guarde a carroça e se apronte, não se demore moleque – Informou Bernard  indo em direção a casa portando os pães e as garrafas de vinho, pôs os alimentos sobre a mesa e seguiu para o banho.

Adrian seguiu as ordens de seu avô, guiou o cavalo até o celeiro, o desamarrou e o conduziu ao local de descanso, em meio às montanhas de capim, o animal parecia bastante satisfeito.

Depois de amarrá-lo Adrian saiu do celeiro e o fechou, uma rajada breve de vento assoviou suavemente em seu ouvido, provocando um calafrio em sua nuca, era como se algo estivesse a se aproximar, Adrian virou-se rapidamente em direção a floresta empunhando uma de suas adagas escondidas na cintura.

Analisou o ambiente com cuidado, a mão apertava com força o cabo da adaga, mas não havia nada para ser visto, balançou a cabeça negativamente, fora apenas sua imaginação, que ainda pensava nas informações que o velho açougueiro dissera.

Tornou a caminhar em direção a casa, porém a estranha sensação ainda não havia desaparecido, sentia que era observado de algum lugar ao qual não sabia a direção, Adrian deu uma última olhada para trás antes de entrar, novamente seus olhos não nada viram.

Entrando em casa, caminhou em direção ao barril de água, pegou a bucha feita com raízes entrelaçadas e a molhou na água, que era gelada ao ponto de doer na pele, Bernard estava em uma pequena parte da casa reservada para a higiene pessoal, como o local já estava ocupado, se lavou ali mesmo.

Passados alguns minutos Bernard terminou o banho e se dirigiu ao quarto, apanhou um sobretudo amarronzado, mais bem aparentado e seu velho chapéu de couro de mesma tonalidade, uma calça em mesmo material e cor.

Desde o banho percebera o cheiro imundo que sentia comumente quando era jovem, o odor de uma criatura da noite, pegou sua pederneira na gaveta e acendeu a lamparina, iluminando o quarto, agachou-se para olhar embaixo da cama, lá estava uma caixa de madeira, a observou com um sorriso nostálgico, esticou o braço e a pegou, estava um pouco suja, mas intacta, em seu criado-mudo pegou uma chave, um pouco enferrujada, ao abrir a caixa, viu sua antiga companheira.

A arma possuía em torno de trinta centímetros e estava impecável, o cabo feito de madeira de carvalho exibia o antigo símbolo dos caçadores, um caixão que possuía uma foice no lugar da cruz cristã tradicional, este símbolo demonstrava que até as criaturas mais temidas podiam ser mortas, simbolizava o poder da raça humana. Os canos eram feitos de prata, muito bem trabalhada, seguindo o modelo da espingarda, atirava dois projéteis simultaneamente, junto com a arma estava uma pequena caixa de ferro em formato retangular, lá estavam as munições da temida arma, trinta munições de prata pura, um disparo era suficiente para atravessar dois corpos, o próprio Bernard já tinha comprovado esta capacidade destrutiva.

O Caçador - As Trevas da VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora