- Eu sempre vou estar bem... - disse me lembrando das frases do passado.
- Ela dizia isso... - ele me olhou com atenção e segurou meu rosto. - Gabriela?
- Quem? - Me fiz de desentendida, com tantos nomes nem me lembrava com qual havia apresentado para ele anos atrás.
- Gabriela Santos! Eu sabia...
Olhei para a janela e comecei a ignora-lo.
- Me... desculpa.
- Tá de boa.
- Não estava.
- Sempre esteve.
Ele me ignorou e me beijou. Parei na hora.
- Nem se atreva! - Passei o restante da viagem calada tentado prestar atenção em outra coisa que não fosse ele. Ao chegar, saí do avião como se aquilo custasse minha vida.
Peguei minhas malas e saí da sala de desembarque procurando alguém com meu nome.
- Não tem ninguém te esperando? - Gabriel novamente.
- Não sei.
- Alguém sabia que você viria para cá?
- Não sei!
- Veio sem mais nem menos?
- Eu já disse que não sei, caralho!
- Onde é o seu hotel? - ele disse com calma.
- Porra Gabriel, eu. Não. Sei! - disse pausadamente.
- Ei! - Ele segurou meu rosto novamente. - Se acalma, tá bom?
Revirei os olhos e peguei meu celular ligando para JN. Chamou, chamou, ninguém atendeu.
- Quer vir comigo? - ele disse apontando para um senhor.
- Quem é ele? - perguntei.
- Meu pai.
- Não, obrigada. Dou meu jeito.
- Nem inglês você fala! - Como eu queria socar a cara dele. - Vem comigo. - ele segurou minha mão como se estivessemos juntos e a puxei. Foi em vão, ele segurou ainda mais forte
- Para que isso? - apontei para as mãos.
- Meu pai não vai gostar de eu pedir hospedagem de uma amiga. - Logo entendi, ele iria me apresentar como namorada.
Fui me puxando para trás na tentativa de parar o "plano" eu consegueria me virar sozinha, sim!
- Pai! - ele gritou e o homem chegou ainda mais perto o cumprimentando.
- Achei que não viria...
- Faço tudo por você, pai.
- E esta moça? - ele disse me olhando. - andou chorando pequena menina?
- Ah Eu não...
- Ela nunca tinha ficado tanto tempo dentro de um avião, passou mal...
- Entendo.
- Bom, Gabriela, esse é o meu pai. Pai, essa é Gabriela.
- A mais bela. - O senhor complementou e beijou minha mão.
- Minha noiva.
- O que? - eu o senhor na frente falamos juntos.
- Ah! Sempre soube! - Ele deu um sorriso me abraçando com força. - Como não nos contou antes?!
- Pai, o pedido será hoje de noite... combinamos de noivar hoje no jantar.
- Não avisou que ela viria! Sua mãe não vai gostar de não ter se programado. Mas vamos lá, já demoramos muito nesse aeroporto. Estão com fome? - minha barriga roncou. E soltei um sorriso sem graça. - Opa, claro que estão.
- Ela sempre esta. - ele se lembrou...
O caminho até a casa foi longo. Chegando lá, não tinha ninguém esperando.
- Devem ter ido ao shopping ou ao supermercado. - O senhor disse. - Filho, mostre a casa a ela. - Gabriel acentiu e continuou a andar com as malas.
- Não acredito que fez isso Gabriel! - Sussurrei atrás dele.
- E eu não acredito que mentiu para mim! - Ele disse mostrando meu passaporte.
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Sangue Frio
ActionNada foi tão difícil como enxergar quem eu realmente sou. Suicida? Não. Amorosa? Talvez. Psicopata? Sim.