Caçador - O Caçador de Demônios

Capítulo 2 - Orelhas pontudas aparecem.

Jony só pensava em fugir. Corria floresta adentro enquanto os guerreiros da Sexta Oração atiravam machadinhas tão rápido quando corriam. Jony tinha que armar um plano, e tinha que ser rápido, precisava esconder o urso e se esconder também, pois logo ficaria cansado e não conseguiria se afastar o suficiente a ponto de despistar os guerreiros.

O garoto pulava e desviava de galhos freneticamente, os guerreiros pareciam não cansar enquanto ele já estava ficando sem força e velocidade. Por sorte Jony se lembrou de uma cabana abandonada que havia na floresta, e com certeza não estava tão longe dela, mais alguns metros ao norte e Jony estaria a salvo. Mas a verdade é que o garoto já estava sem folego, e um peso morto de trezentos quilos não o ajudava em nada, mas ele não poderia deixar o urso, não queria deixa-lo, afinal agora o urso era dele e ele iria vender e conseguir alguns Golfos, quem sabe uns dez golfos pela pele e uns trinta pela carne? Era isso que ele queria.

Jony já avistava a cabana e faltando poucos metros para alcança-la, foi pego de surpresa por uma machadinha voadora vinda de suas costas. A machadinha o acertou no tornozelo com uma força colossal fazendo-o cambalear e cair de cara no chão, o urso ao lado dele. "Então é assim que vou morrer? Com a cara na terra, sabendo que não lutei, apenas me entreguei?" – pensou Jony por um segundo. Já era possível ouvir os passos dos guerreiros. Esse era o fim de Jony Goob. Uma sombra se aproximou do garoto, era um dos guerreiros, olhou fixamente nos olhos de Jony e ergueu o machado. No momento em que o guerreiro estava prestes a acabar com a vida de Jony algo estranho acontece. O guerreiro de cabelos vermelhos cai no chão gritando de dor. Jony viu flechas voando para todos os lados, derrubando cada um dos cem guerreiros num ataque tão rápido que quase não era possível saber de onde vinha. Jony se levantou e olhou ao redor, não havia ninguém. O garoto olhou para cima, tentando achar o responsável pelo ataque, e lá o achou. A saraivada de flechas vinha de elfos. Criaturas de cabelos compridos, lisos e de cor branca como as estrelas, eram magros e tinham as orelhas pontudas. Jony nunca tinha visto um elfo pessoalmente antes. Sabia como eram, pois já tinha lido livros que ilustravam batalhas élficas, mas ficou fascinado com suas vestimentas e olhos penetrantes tão claros quanto à água.

- Hey, vocês ai. Muito obrigado – Gritou Jony para os elfos, chamando atenção dos mesmos.

Nesse momento um elfo grande com um arco de madeira perfeitamente envolto de Habenarias Radiata pula de uma das arvores, caindo na frente de Jony.

- Garoto, é melhor você me seguir, pois logo esse lugar estará repleto de guerreiros da Sexta Oração. – O elfo falou, com uma voz intimidadora.

- Tudo bem, poderia antes me ajudar a carregar o urso? – Jony pediu ao elfo – É que estou com o tornozelo machucado, sabe?

- Garoto, você é surdo? Deixe esse urso pra lá e venha conosco agora mesmo, ou fique ai pra morrer. A escolha é sua.

Jony por um momento não queria, mas ignorou a caça e seguiu os elfos. Não foi nada fácil, os elfos andavam com muita agilidade na floresta, e para ajudar Jony estava com o tornozelo ferido, mas seguiu-os até um lugar aberto, cercado de arvores, uma espécie de acampamento.

Chegando lá o elfo mandou Jony sentar e esperar. Em poucos minutos uma elfa apareceu, ela tinha cabelos brancos iguais os outros, mas os olhos eram vermelhos e tão penetrantes quanto os olhos de uma serpente.

- Me siga humano – falou a elfa, fazendo uma pausa para olhar Jony dos pés a cabeça. – Meu Lorde quer te ver.

Jony seguiu a elfa até a maior das tendas do acampamento, e ela mandou que ele entrasse. O interior da tenda era simples, possuía um tapete de pele no centro, uma lareira no canto e uma poltrona no fundo.

- Me chamo Lorde Barthos e sou o líder dos guerreiros da selva, um grupo de guerreiros elfos enviados do reino Gotedra para proteger esta área da floresta – falou Barthos, assustando Jony.

- A elfa disse que você queria falar comigo.

- A elfa se chama Runia, e é uma talentosa arqueira. E sim, tenho assuntos a tratar com você. Não sei de onde vem garoto, mas fiquei sabendo que uma vila foi atacada hoje mais cedo ao Sul, então deduzo que seja de lá. Parece-me que certo humano matou um dos oito Ursos Nohak, resultando na ira de Heriom, e algo me diz que esse humano é você. – O lorde encarava Jony de uma forma amedrontadora – Eu gostaria de saber o motivo pelo qual matou um Urso Nohak.

Lorde Barthos era diferente dos demais elfos, os cabelos eram iguais, mas esse elfo tinha um tamanho médio, olhos escuros e um corpo tomado de cicatrizes. Ao que parecia, era um guerreiro experiente.

- Eu não sabia da existência deste tipo de animal até hoje de manhã. – Jony estava tenso. – Um amigo me explicou, mas era tarde de mais e toda a confusão aconteceu. Agora estou sem o urso e condenado a morrer.

- Garoto, você já ouviu falar em magia? – perguntou o lorde.

- Esse mesmo amigo comentou que a tribo da Sexta Oração usava magia, mas não entendo isso, não sei oque é. – Respondeu Jony, tristonho.

- Nós, os elfos, não usamos magia em grande escala. Usamos magias básicas como as magias de cura e escudo, mas existem elfos específicos que praticam e estudam magia complexa, enfim, você se interessa por isso?

- Sim, apesar de não conhecer, é uma pratica que me encantou. – Jony não sabia ao certo se gostava mesmo da magia, pois não a conhecia direito e não entendia seus fundamentos, mas decidiu falar que sim por uma questão de respeito.

- Então meu jovem, vou lhe presentear com um livro. Neste livro você encontrará tudo sobre a magia básica, seu conceito e como conjura-la. Espero que aproveite ao máximo. – Barthos se levantou, pegou um livro de capa de couro e entregou a Jony. – Agora garoto, você pode ir pra casa. Fique atento, todo cuidado é pouco. E não se preocupe com a Sexta Oração de imediato, mas fique alerta.

- Eu estou seguro? E qual o objetivo disso? – Jony estava confuso.

- No caminho do acampamento até sua vila sim, estará seguro, chegando lá é com você. Espero que saiba se virar, pois você pediu uma guerra, cuja sua vila não é capaz de ganhar. Nos caminhos sombrios, tudo que é luz chama atenção garoto, então aconselho que não fique mostrando sua cara por ai. Agora os elfos vão escoltar você até sua vila. Sobre o objetivo desta conversa, vamos nos ver logo, e espero que você saiba ao menos erguer um escudo magico, garoto.