Capítulo 1 - Frio

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Eu senti o início da noite como um sussurro calmo e acalentador, que confortava meu corpo envolvido pela luz lunar que atravessava as placas de vidro da janela, como um grande holofote iluminando cada centímetro do meu corpo. Não passava das 20 horas; as paredes do meu quarto estavam estranhamente obscuras, como se obtivessem sua própria áurea, me lembrava morte; adormeci com os olhos embriagados em lágrimas sentindo o frio acolhedor da noite como o toque mais suave das teclas do piano às mãos do mais talentoso musicista. Escuridão.

- Venha garoto, venha! Se aproxime e sinta, sinta. - disse uma voz nada familiar, mas muito convidativa. Me aproximei daquela mão pálida e raquítica, pude sentir seu desejo ardente em me anexar a si, como se eu fosse o objeto mais desejado, a última peça. Através de seus dedos diminutos e magros um feixe de luz azul envolto em uma névoa branca canalizava todo seu esforço em me levar, para sentir. Mas sentir o quê?

- Não! - eu me movi rapidamente para trás e sentia meu corpo se retrair completamente para trás, se contorcendo e se dobrando com um papel ao meio. Eu senti minha força vital escorrer pelas extremidades de todo meu corpo. Escuridão.

- Gabriel, querido, o que houve?

- Mãe? O que aconteceu?

- Eu entrei no seu quarto e você se debatia em sua cama, então vim acordá-lo. Você está bem?

- Sim... Eu acho que sim, os pesadelos voltaram, desculpa mãe. - eu estava ensopado de suor e tremia.

- Não se preocupe querido, vá tomar uma ducha quente, depois volte a dormir, ainda são três da manhã, você tem aula amanhã, seu pai e eu ainda iremos trabalhar, durma bem meu anjo. - ela foi se afastando e até sair do meu quarto.

Segui até o banheiro, liguei o registro de água quente e me sentei ao chão do banheiro embaixo do chuveiro. Mais uma vez eu era vítima daqueles malditos pesadelos, mas como eram costumeiros, apesar de tantos anos em que eu não os tinha, estava tudo bem, eu só precisava esquecê-los.

Voltei para minha cama após aqueles longos minutos de reflexão no banheiro, estava tudo bem, tudo tinha que ficar bem; exceto que eu não conseguia mais adormecer, rolei na cama por mais trinta ou quarenta minutos até conseguir dormir novamente.

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- Bip, bip, bip, bip, bip.

Eram 6:30 da manhã e parecia que eu tinha sido esmagado por um caminhão de concreto, mas era meu primeiro dia de aula, numa escola nova, no meio do semestre, numa cidade nova, que maravilha, não?! Eu realmente tinha começado uma fase da minha vida que parecia ser tirada de um livro de vampiros adolescentes.

Caminhei para o banheiro tropeçando em algumas caixas que eu não desencaixotara ainda, provavelmente com algumas peças de roupa que minha mãe me faria deixar na caixa de doações da instituição de caridade mais próxima de nossa, que gracinha ela, toda altruísta.

Era o segundo banho do dia e ainda nem era meio dia, prevejo que o dia vai ser um tanto agitado. Coloquei o uniforme do colégio que minha mãe havia deixado num cabide dentro do meu armário, graças a R'hllor eu estava no último ano do ensino médio, estávamos em junho, bem próximos ao recesso-do-meio-de-ano e eu teria um tempo para focar nos vestibulares que eu prestaria, e sim, eu sou bem estudioso, quero ser aprovado em medicina como 50% dos alunos de ensino médio, mas diferente deles eu não queria ser aprovado, eu seria aprovado.

Cheguei até a cozinha e encontrei meu pai sentado a mesa tomando uma xícara de café e lendo o jornal da cidade, enquanto minha mãe terminava de retocar sua maquiagem.

Causa e Efeito (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora