Capítulo 5

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É todas as características batem,  menos uma! Ela não está aqui para um encontro.
- Oi... - A comprimento e olho para baixo tentando pensar em algo para dizer.

- Já escolheu o que pedir? - Ela pergunta ainda me encarando e parece não me reconhecer.

- Quero um café preto, por favor - Vejo ela anotar em uma cardeneta barata o meu pedido e sair para outra mesa.

Olho ao meu redor e vejo o quão simples é o local, paredes um pouco desbotadas e rachadas pelo tempo, cadeiras já desgastadas e mancas, o balcão simples e vazio de qualquer enfeite, vejo com dificuldade uma sala minúscula que mal pode ser chamada de cozinha e o que mais me chamou atenção, apenas uma garçonete.
Reparo que ela vem em minha direção com meu café em uma xícara detalhada de flores roxas e azuis. Agradeço com a voz baixa pelo café e ela sai, bem concentrada em seu trabalho.

A encaro disfarçadamente e vejo seu cansaço apenas pelos movimentos que seus ombros fazem ao carregar uma bandeja,  seu cabelo vermelho despenteado e amarrado as pressas, com mexas fora do lugar se destacam em seu uniforme desbotado e branco opaco.

Tomo o café apenas por educação é até me surpreendo por ser realmente saboroso. Me levanto e vou até ela entregar o dinheiro.

- Com licença, aqui está o dinheiro - Estico o braço para ela com uma nota um pouco maior do que o preço do café - Pode ficar com o troco - Termino de dizer e lhe entrego o dinheiro, ela me dá um sorriso um pouco forçado e me agradece. Saio do estabelecimento e vou para o meu carro. Vejo que já se escureceu. E que nesta parte da cidade é pouco movimentada e bem perigosa.

Ligo o carro e antes de dar a partida vejo três homens suspeitos entrar na cafeteira bem rápido, desligo o carro e tento enxergar melhor sem o vidro da porta do carro. Eles entram e falam alto, vejo que a ruiva se assusta um pouco mas tenta parecer normal. Acho que não devo me intrometer e ligo o carro novamente, até que então vejo um dos marmanjos empurrar ela e tentar pegar o dinheiro de seu avental. Saio do carro o mais rápido e corro em direção a cafeteria. Paro um pouco e tento avaliar a situação, um dos rapazes tem um faça na mão e o outro um pedaço de vidro quebrado. Cecília apenas os encara com os olhos semicerrados e parece dizer algo, ela arruma a postura tentando demonstrar determinação mas com seu corpo pequeno e magro apenas fazem os caras rirem e se irritar em mais ainda. Hora de agir.

Entro como quem não quer nada.

- Boa noite - Assim que passo pela porta ela me olha um pouco surpresa por eu ter voltado ou por eu fingir não estar vendo a cena de assalto.

- Levante as mãos mariquinha! - O menor deles grita para mim e vem em minha direção com a faça na mão em forma de ameaça. Finjo surpresa e levanto os braços, assim que ele se aproxima dou chute em uma de suas pernas o que faz cair, ele se levanta depressa e vem para cima de mim, com uma das mãos bato em seu braço e faço a faca cair, ele parece não se importar e tenta me atacar, recebo um soco na barriga e assim que me abaixo consigo dar lhe uma cabeçada fazendo o cambalear. Vejo que os outros dois se aproximam para ajudar o parceiro, como o que acertei com a cabeça está um pouco zonzo, dou mais um chute em sua barriga o fazendo gemer de dor e cair no chão. O homem com o vidro na mão corre em minha direção mirando o pedaço de vidro em minha barriga, mas o derrubo antes de chegar perto, ele cai mais passa o vidro em uma das minhas pernas me causando um corte um pouco fundo, isso me deixa com raiva e lhe dou um soco no meio do nariz o fazendo engasgar com o sangue dele mesmo. Vejo que o terceiro com um pouco de medo vão para cima da ruiva sabendo que não consegue me vencer, ando em sua direção um pouco mais devagar do que pretendia e digo.

- Última chance! Cai fora! - Ele posicionado atrás dela e segurando um de seus braços com muita força, parece pensar um pouco se me encara ou se foge, ele corre em direção à porta, empurrando Cecília para o chão, antes de alcançar a porta o derrubo com uma de minhas pernas e lhe dou um soco o fazendo desmaiar.

Fecho os olhos e respiro fundo tentando tomar fôlego.
Os dois ladrões se levantam depressa e correm para fora da loja desajeitados pela dor, apenas os ignoro. Olho para Cecília e a vejo sentada no chão um pouco em choque.

- Você está bem? - Vou até ela e me abaixo para dar uma avaliada em seu braço - Isso vai ficar roxo - Digo passando de leve a mão em seu braço bem vermelho por conta do aperto.

- E... eu não. .. não sei nem o que di... dizer - E a vejo chorar em silêncio. Pego um lenço em meu bolso e enxugo um lado de seu rosto. Ela me encara e parece reparar um pouco em mim, o que me faz ficar um pouco desconcertado. Ela olha para minha perna e arregala os olhos - Sua perna! - Ela põe uma de suas mãos na minha perna um pouco ensanguentada o que faz doer mais, ela encara sua mão vermelha de sangue e parece ficar mais pálida do que já é.

- Não é nada! Vou te trazer um copo com água para se acalmar - Me levanto e vou para atrás do balcão e sirvo um copo de água para ela, que por sinal bebe todo em quase um gole só - Temos que ligar para polícia - Olho ao meu redor e raparo que há umas moças escondidas atrás de uma das mesas velhas - Liguem para a polícia! - Digo para elas e elas se levantam um pouco assustadas. Vejo também a ruiva se levantar e ir para o balcão pegar algo. Me sento em uma das cadeiras e avalio minha perna.

- Toma! - Ela me estica um esparadrapo com um líquido laranja e aponta para minha perna. Pego de sua mão e passo na ferida sem pensar, evito fazer careta assim que sinto o remédio na carne arder como fogo.

- Obrigado - Digo baixo, me levanto e começo a sair da loja.

- Espera! - Ela corre até mim e põe a mão fina em meu braço - Obrigada - Ela me agradece me olhando nos olhos,  o que me faz sentir algo estranho em meu estômago - Não sei o que teria acontecido se não estivesse aqui - Ela respira fundo e abaixa o braço. Apenas balanço a cabeça e saio mancando para o meu carro, assim que sento sinto a dor em minha perna aumentar. Dirijo para casa.

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⏰ Última atualização: Aug 05, 2017 ⏰

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