dois | c a l l

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" Você não procura pelo amor, o amor que deve te encontrar." - Barbara Lieberman

— Você é um babaca, sabia? — Ela exclamou com a voz estridente e irritadiça.

— Ah, eu sei, e você também sabia disso quando resolveu ir para a cama comigo.

Eu havia dormido com Sandra na semana passada e por alguma razão ela achou que seria diferente das outras. Ela pensou que seria mais do que apenas uma transa casual. Eu achava incrível como algumas garotas podiam se iludir. A maioria sempre achava que com elas seria diferente.

— Vai se foder, seu filho da...

Desliguei.

Eu não tinha paciência para aquele tipo de coisa. Ela me ligou três segundos depois. Ignorei.

— Jesus, são onze da manhã, Kellan — disse Isaac, se sentando ao meu lado no sofá.

Eu tinha um copo de uísque nas mãos enquanto assistia a um jogo de futebol.

— Em algum lugar do mundo já são nove da noite. — Eu rebati e logo depois tomei um gole.

Isaac balançou a cabeça em silêncio, claramente desaprovando eu estar bebendo de manhã.

Ele passava mais tempo na minha casa do que na dele. Ele tinha uma família meio ferrada e não conseguia ficar lá por muito tempo. Eu realmente não me importava, desde que ele não ficasse enchendo a porra do saco e reclamando a cada copo que eu tomava.

Bailey e James também estavam lá.

Eles haviam bebido tanto na noite anterior que não conseguiram nem ir para casa, então eles acabaram dormindo na minha sala.

— Porra, eu tô com uma puta ressaca. — Bailey resmungou enquanto esfregava as mãos na cabeça.

Ele estava sentado no outro sofá, ao lado de James.

— Cadê as minhas calças? — perguntou Bailey enquanto olhava ao redor da sala à procura de suas roupas.

Ele estava uma merda.

— Eu também não consigo achar meu celular. — Ele disse, se levantando. — Mas que porra aconteceu ontem à noite?

Nós três sorrimos.

— Você realmente não se lembra de nada? — perguntei a ele.

— Algumas coisas. Poucas, na verdade.

— Você estava simplesmente louco, cara. Eu acho que eu nunca te vi beber assim em toda a minha vida — comentou James, sorrindo.

— Ah, eu nem estava tão mal assim — disse Bailey, remexendo o sofá à procura de seu celular.

— Porra, você não estava tão mal? Você bebeu água da privada, cara. — Isaac disse, ainda rindo da lembrança.

Bailey nos encarou, incrédulo.

— Você tá zoando?

— Quem dera que eu estivesse. Foi bem nojento assistir.

— Então vocês todos viram eu beber a porra da água da privada? — indagou Bailey, erguendo as sobrancelhas.

Nós assentimos.

— E ninguém pensou em me impedir? — Ele perguntou irritado.

— Você estava com muita sede, cara — justifiquei dando de ombros.

James riu e Bailey lhe deu um tapa forte na nuca.

— Na boa, eu nunca mais vou beber dessa maneira.

— Você sempre diz isso — disse James, sorrindo.

— Dessa vez eu tô falando sério! — Ele gritou irritado enquanto saía da sala à procura das suas calças.

— Aham — respondemos sem acreditar naquilo nem por um segundo.

Eu me levantei e fui em direção à cozinha. Quando abri o armário para pegar alguma coisa para comer, Isaac gritou:

— Seu celular tá tocando.

Suspirei.

— Ignora a ligação — respondi.

— Quem é? — Ele perguntou.

— Uma garota com quem eu dormi na semana passada.

Isaac riu.

— Uma maluca perseguidora?

— Basicamente — respondi voltando para a sala.

— O pior tipo. — Ele suspirou enquanto cruzava os braços e se ajeitava no sofá. — Ela foi boa, pelo menos?

— Fez de tudo. — Sorri maliciosamente enquanto encarava a TV.

— Porra, Kellan. Você não tem jeito — disse James, balançando a cabeça em desaprovação.

Eu sorri.

Eu realmente não tinha jeito e, sinceramente, eu gostava. Era fácil e sem nenhuma complicação. Até que você entrou na minha vida e tirou toda a simplicidade, tornando tudo uma confusão.

James era o único naquela sala que tinha namorada. E ele realmente a amava. Era a coisa mais estranha do mundo. Ele a adorava e fazia qualquer coisa apenas para ver um sorriso em seus lábios.

Eu não conseguia entender.

Só consegui finalmente entender quando conheci você.

(...)

Você não ligou.

Eu não podia acreditar naquilo. As garotas sempre ligavam. Aquilo nunca havia acontecido antes. Quando eu anotei o meu número na sua mão, eu estava tão certo de que você ligaria!

Tudo bem que só haviam se passado dois dias, mas mesmo assim, não costumava demorar tanto.

Eu não conseguia parar de pensar em você, em seus lábios, seu cabelo, seus olhos. Eu te queria em minha cama. E urgente.

Meu celular tocou e eu o tirei do bolso na expectativa de ser você. Mas para a minha decepção, não era. Na verdade, era uma garota chamada Natalie. Ela foi direta e logo de primeira me chamou para sair.

Eu aceitei.

Porque eu até podia estar na sua, Charlie, mas eu ainda era um completo cafajeste.

O segundo motivo pelo qual eu te amo é:

Eu gostava de como era fácil antes de você. Mas você trouxe o melhor e mais delicioso tipo de complicação quando entrou na minha vida.

Com amor, KellanOnde histórias criam vida. Descubra agora