cinco | b o o k s

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" Era uma vez um garoto que amava uma garota, e a risada dela era uma pergunta em que ele queria passar o resto da sua vida respondendo." - Nicole Krauss

Eu tinha acabado de sair da casa de um amigo quando te vi dentro de uma livraria.

Eu sorri.

Por alguma razão, nossos caminhos continuavam se cruzando. E eu não vou mentir, eu estava simplesmente adorando.

Você parecia tão calma e focada encarando o livro que estava em suas mãos, que eu fiquei alguns segundos parado na rua apenas te observando pela vidraça da livraria.

Depois de um momento, entrei na loja pronto para acabar com toda a sua calmaria.

Você não olhou para mim quando eu passei pela porta, mas eu sabia que você havia notado a minha presença. O seu corpo ficou tenso e toda a sua serenidade pareceu evaporar. Você ficou encarando um livro enquanto evitava me olhar.

— Vai fingir que não me conhece? — Eu perguntei, esperando você levantar seus olhos.

— Eu não te conheço. — Você rebateu sem se dar ao trabalho de me encarar.

Você me acusou de estar te seguindo e eu neguei, dizendo que estava apenas à procura de um livro. Você não acreditou e me insultou, insinuando que eu parecia um idiota analfabeto. Eu sempre amei a sua boca inteligente.

Em algum ponto da conversa, você disse que eu não te conhecia. Mas você estava errada. Você estava completamente errada, anjo. Eu podia até ter te conhecido há poucos dias, mas no segundo em que eu botei meus olhos em você pela primeira vez, foi como se eu te conhecesse a minha vida inteira. Você tinha aqueles olhos castanhos esverdeados que pareciam muito serenos para qualquer outra pessoa, mas eu sabia que não havia nada de pacífico neles. Eu sabia que aqueles olhos continham muito mais.

É como aquele ditado, pessoas caladas têm mentes barulhentas.

Você não se expressava muito, sempre demonstrava um ar mais frio e oculto, mas eu sabia que havia muita coisa acontecendo em sua cabeça. E eu queria muito explorar cada pedacinho dela.

Acontece que você nunca deixou que eu fizesse isso. Você nunca me deixou entrar. Você me fechou para fora de seu mundo e de sua vida, como fez com todo o resto. A sua mente era um quebra-cabeça e você me tirou de sua vida antes que eu tivesse a oportunidade de desvendar cada peça dele. E eu realmente queria que você não tivesse feito isso, Charlie, porque eu nunca gostei muito de quebra-cabeças, mas fiquei fascinado pelo seu.

Você suspirou, parecendo irritada depois de alguns flertes e investidas minhas.

— Pare de perder seu tempo. Você não faz meu tipo.

Eu sorri, porque aquela foi provavelmente uma das maiores mentiras que você já me contou.

Você estava em negação. Dava para ver que você não queria se envolver comigo. Você era uma garota esperta e sabia que eu era encrenca. Mas eu sabia que estava ocorrendo uma batalha dentro de você. Razão contra desejo. E você era uma garota muito sensata, então era difícil de vencer a razão, mas acontece que eu era um guerreiro muito empenhado.

Eu disse a você que eu era sim o seu tipo, e você me perguntou qual era o meu. A verdade, Charlie, é que eu nunca tive um. Eu nunca havia me apaixonado e antes de encontrar você eu nem sabia que uma garota podia ser tão arrebatadora daquele jeito.

Mas eu sabia que se eu tivesse um tipo, sem sombras de dúvidas seria você.

Eu quis pagar pelo livro. Eu não tinha muito dinheiro, Charlie, mas eu realmente queria te dar um presente. E pensei que aquele livro seria perfeito e um gesto bastante nobre e cavalheiro. Eu achei até que te impressionaria. Mas acontece que eu estava errado. Qualquer outra garota provavelmente sorriria e ficaria agradecida, mas você não. Você era malditamente teimosa e orgulhosa e não deixou que eu pagasse pela porra do livro. Eu insisti, mas você não aceitou e disse que não queria nada que viesse de mim. A gente discutiu por uns bons cinco minutos na frente da vendedora, mas no final das contas, você ganhou.

Você era charmosa, Charlie. De um jeito irritante, teimoso e sexy para caramba.

Você pagou pelo livro e foi em direção à porta. E obviamente eu fui atrás de você. A verdade, Charlie, é que eu sempre estive atrás de você, tentando chegar até você. Mas você sempre parecia estar muito à frente e eu acho que eu simplesmente era muito devagar para te acompanhar. E acontece que eu realmente nunca fui capaz de te alcançar.

— Isso costuma funcionar? — Você perguntou quando chegamos à porta.

— O quê?

— A perseguição. As garotas que você fica assediando realmente cedem, no fim das contas?

— Eu não tenho como saber, nunca precisei perseguir dessa maneira antes.

Havia garotas mais difíceis do que outras. Mas geralmente eu mirava naquelas que não davam muito trabalho e que eu não precisava correr atrás. Para mim não fazia sentido perder tanto tempo em uma garota, se havia outras disponíveis e bem menos complicadas.

Você foi uma exceção, é claro.

— Então as garotas simplesmente se jogam no seu colo? — Você perguntou sorrindo e erguendo as sobrancelhas.

Eu dei de ombros e respondi com sinceridade:

— Basicamente.

— Uau, você só deve pegar garotas com o cérebro do tamanho de uma azeitona então. — Você comentou com um ar zombeteiro.

— Eu me preocupo com o tamanho de certas coisas, mas definitivamente não do cérebro. — Eu disse, sorrindo maliciosamente.

Você rolou os olhos e me encarou com desgosto.

— Jesus, você é nojento. E eu não vou transar com você, Kellan.

— Eu não lembro de ter te pedido para transar comigo. — Eu disse te encarando com as sobrancelhas franzidas.

— Ótimo, porque não tem nenhuma chance de isso acontecer.

Eu sorri e você foi embora.

Você era resistente, Charlie. Mas para a sua infelicidade, eu era muito, muito persistente. Eu estava determinado e eventualmente eu quebraria aquela sua armadura.

O quinto motivo pelo qual eu te amo é:

Você me fez repensar sobre ter um tipo.

Porque depois daquele dia, pareceu que eu finalmente havia encontrado um.



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Com amor, KellanOnde histórias criam vida. Descubra agora