três | g r e y

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" Você me teve no olá." - desconhecido

Eu tirei o cigarro da boca e soprei a fumaça. Isaac e Bailey estavam em uma patética discussão de quem havia trepado com mais garotas naquela semana. Nós estávamos no campus da faculdade em que Bailey e Sean estudavam. Eu e Isaac passávamos a maior parte do nosso tempo livre lá, porque nossos amigos mais próximos estudavam lá e aquele também era um ótimo lugar para conhecer mulheres.

Eu tinha acabado de colocar outro cigarro na boca quando te vi caminhando a alguns metros de nós. Eu te observei, extremamente surpreso. Eu nunca tinha te visto no campus antes, aquilo só podia ser o destino. Você tinha os olhos nos meus e estava incrível em uma jeans escura e uma blusa cinza. Eu nunca achei que uma blusa tão simples como aquela podia ser tão sexy. Eu não desviei o olhar. Nós ficamos nos encarando por alguns segundos. Eu estava esperando que você acenasse, talvez sorrisse.

Mas não.

Você desviou o olhar e fingiu que simplesmente não tinha me visto.

Eu fiquei ligeiramente surpreso porque eu realmente não esperava uma indiferença completa como daquela forma. Fui atrás de você porque de maneira nenhuma eu te deixaria escapar tão fácil assim. Você podia até não querer me ligar, mas não ia simplesmente passar por mim sem ao menos me dizer o porquê.

— Você não me ligou. — Eu disse assim que me aproximei.

Eu esperava que você tentasse se explicar ou algo do tipo, mas em vez disso você apenas me ignorou.

Simplesmente me ignorou.

Pela primeira vez na minha vida eu havia sido ignorado por uma garota. Eu já fui odiado, desprezado e repudiado por muitas garotas, mas nunca ignorado.

Eu te encarei por alguns segundos em silêncio; a sua beleza pesava em mim de forma intensa e eu ainda tentava processar o quão atraente você era. Você andava de maneira confiante e com o olhar para frente. Talvez você não tivesse escutado ou se dado conta de que era com você que eu estava falando, então eu disse:

— Eu estou falando com você.

— Eu sei. — Você respondeu com descaso, sem qualquer animação na voz.

Eu sorri.

Me surpreendi com a maneira indiferente e um tanto rude de sua resposta. Você não deu a mínima para mim e ao mesmo tempo que aquilo era frustrante, era também extremamente intrigante. Eu realmente estava muito curioso para saber o motivo do seu desprezo.

Eu já estava interessado em você, Charlie, muito interessado, mas agora eu estava simplesmente fascinado.

— Por que você não me ligou? — Eu perguntei.

— Estive ocupada. — Você respondeu com desdém.

Eu sempre gostei de você toda, Charlie. De cada pequeno detalhe. Cada coisa que fazia você ser você. Sua boca, seus olhos, até mesmo sua orelha.

Absolutamente Tudo.

Mas a sua voz...

Porra, Charlie, você não tinha idéia do que ela fazia comigo.

Parecia veludo, como algo quente te abraçando em um dia frio. Era sensual, mas ao mesmo tempo acolhedora. Eu não sei explicar muito bem, só sei que nunca ouvi nada igual.

Eu podia passar o resto da minha vida apenas te ouvindo falar.

— Eu não me apresentei. Meu nome é Kellan Dawson.

— Eu sei.

Eu esperei você se apresentar, mas você se manteve em silêncio.

— Essa é a parte em que você diz seu nome.

— Charlie. — Você respondeu sem me olhar nos olhos.

— Charlie. — Eu repeti lentamente, sorrindo.

Era diferente. Era perfeito.

Você me pediu um cigarro e eu dei o que eu estava fumando. Eu tinha um maço inteiro, mas a vontade de ver seus lábios no cigarro que estava em minha boca segundos antes foi maior.

Eu te chamei para sair. Você recusou.

O engraçado é que qualquer garota daquela maldita faculdade daria tudo para sair comigo. E eu não estou exagerando ou sendo presunçoso. Era um fato. A maioria daria qualquer coisa para ir a um maldito encontro comigo e você simplesmente me despachou como se eu fosse a porra de uma doença venérea.

Eu te chamei de anjo, você não gostou e ficou irritada. Eu adorei. Você ficava ainda mais bonita irritada, acho que é por isso que eu sempre gostei de te provocar.

Você me chamou de cafajeste e, bem... eu não pude negar.

Você alegou que eu tinha um encontro marcado com uma amiga sua. Acontece que a tal Natalie que tinha me ligado no dia anterior era sua amiga. Eu disse que cancelaria com ela. Porque sinceramente, Charlie, apesar de não conhecê-la, eu tinha certeza de que ela não chegava aos seus pés.

Nenhuma garota nunca chegou, aliás.

Eu tentei te convencer. Eu flertei. Mas você negou. Por alguma razão, os meus flertes e as minhas cantadas não surtiam efeito em você.

Em algum ponto da conversa, você sorriu.

E nossa, anjo, você não tem noção do que aquele sorriso fez comigo.

Eu nunca tive realmente um propósito na vida ou alguma ambição. Mas quando você sorriu para mim eu tive certeza que tinha acabado de encontrar a minha razão para estar na Terra. Era um pequeno sorriso, bem sutil na verdade, mas fez todo o tipo de coisa com a minha mente e com o meu corpo. E eu quis te pegar nos braços e te beijar ali mesmo. Mas eu não fiz isso porque eu não queria te beijar no meio do campus com uma plateia ao redor. Queria estar a sós com você quando fizesse isso. Sem tirar o fato de que você muito provavelmente me socaria se eu tentasse.

Eu não consegui marcar um encontro com você naquele dia. Mas eu disse a você que conseguiria eventualmente. E também disse que você estaria apaixonada por mim em menos de um mês.

E eu realmente acreditei naquilo, Charlie, porque eu faria de tudo para fazer acontecer.

Eu não costumava fazer questão de muita coisa. Mas quando eu queria alguma coisa, eu sempre conseguia. E eu nunca quis tanto algo como quis você.

Eu preciso admitir que quando eu te vi pela primeira vez, o que eu realmente queria era te ter em minha cama. Mas depois de falar com você, eu realmente queria saber mais sobre você. Eu queria te conhecer. Você era intrigante de todas as formas possíveis. Era diferente de tudo o que eu já tinha conhecido.

O terceiro motivo pelo qual eu te amo é:

Você me deixou fascinado. Porque em um mundo preto e branco, você era cinza.

Com amor, KellanOnde histórias criam vida. Descubra agora