Ouija

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   No Halloween passado, decidiu que desejava uma experiência direta com algum espírito. Desconfio que ela podia senti-los àquela altura. Eu não entendia por que ela queria tanto aquilo, ela mesma sabia que era uma situação séria, e que as consequências poderiam ser piores ainda. Mas eu a ajudei.

   Ela era boa com a tenuidade-entre-mundos.

   Habilidosa com Tarô, talvez tivesse clarividência nessa época. Não posso dizer.

   Me convenceu que queria "brincar" com sua tábua Ouija.

   Sabíamos que não era algo no qual deveríamos nos envolver, mas isso não fez diferença.

   Eu já havia participado de vários ritos e "consultas" com ela desde que a calmaria veio.

   [A calmaria foi quando Moonlight conseguiu aprender a lidar com]

   Ela lera minha sorte apenas uma vez, mal revelando grandes detalhes. E depois, nunca mais. Por mais que eu insistisse, ela era determinada e sempre recusava veementemente.

   Ela era tão hábil com tudo isso, todavia fora, pensei que não haveria erro.

   Sentamo-nos no chão de seu porão. O lugar era como um cubo, e em seu meio exato nos acomodamos e lá posicionamos milimetricamente elaborados todos os materiais.

   Ela pintou agilmente um pentagrama perfeito no chão.

   Em cada extremidade uma vela negra fora colocada. E enquanto ela acertava o tabuleiro no centro de tudo, eu acendia cada uma das cinco velas escuras.

   Assim que encerramos a preparação, ela finalmente se aninhou ao chão, sentada, me coloquei a sua frente. Estávamos com um saldo de exato seis minutos, sobrando.

   Meia-noite. Nós começamos.

   O dia trinta acabara de dar seu último suspiro e o trinta e um tomava seu lugar, prometendo o Halloween.

   Moonlight pousou suavemente uma mão sobre a seta do tabuleiro, assim o fiz logo em seguida.

   Ela havia cerrado os olhos e assim permanecia quando: Olá, deseja apresentar-se? Há semanas posso sentir sua presença aqui. Você possui uma energia forte. Nos diga seu nome.

   E então subitamente arregalou os olhos. Verdes. Completamente verdes. Os dois. Todo o ar foi retirado de meus pulmões com violência.

M

A

A

N

   Nossos dedos mexeram-se com velocidade, movimentos muito calculados, formando um nome, Maan. Admito que isso não me apavorava tanto quanto a cor em que seus olhos permaneciam. E, sim, eu estava assustada, mas pela cor. Eu não sabia o que significava. Isso era quase impossível, nunca estiveram tão verdes antes, completamente. Um verde esmeralda, um verde puro.

   Estes estavam enormes, não mais do que o normal, mas era como se o verde os ressaltasse.

   Como você morreu?, continuou. Caminho perigoso, pensei.

   NO, se recusou.

   Onde você morreu?

P

E

R

T

O

Crescent Moon's WitchOnde histórias criam vida. Descubra agora