The One That Got Away

Prólogo

Sim, ela já sabia que ele não seria dela. Mas, no fundo ela não acreditava nisso. Todo ser humano tem esperança de que no final das contas, tudo dê certo. E ela? Bom, ela era o exemplo disso até receber aquele convite. Estava sentada na varanda quando o carteiro chegou e o deixou lá. Acenou para ele como forma de agradecimento e ficou sentada durante uns vinte minutos absorvendo os raios do sol. Eram sete da manhã e estava de pé desde as seis. Fazer isso todos os dias a relaxava. Depois de ajeitar seu cabelo, se levantou e foi até a caixa de correio. Contas, propagandas, mais contas e... um convite.

Sentiu a boca seca e o coração acelerar. As mãos começaram a tremer, e ela só percebeu porque o papel não parava de mexer. Quando viu aquele nome escrito com uma tinta dourada ao lado de outro, seus olhos marejaram e não conseguiu se manter de pé. Ajoelhou na grama e ficou encarando aquele convite. Aquele maldito convite. Com a mão na boca, as lágrimas desceram sem nenhuma delicadeza. Eram desesperadas, uma atrás da outra. Escorriam pela sua mão e molhavam sua roupa. Olhou para a rua e ela estava vazia.

Respirou fundo, levantou-se vagarosamente e entrou.

Depois do choque a primeira coisa que pensou foi por quê? Por que ele mandou aquele convite, por que ele estava fazendo isso, por que ele a queria na maldita festa. E a segunda foi "eu perdi". Estava com aquela sensação de fracasso e de perda. Esforçou-se tanto e o resultado foi pior que o esperado. Fazia a sentir mais triste do que normalmente era. Pela primeira vez na vida, desejou estar em um plantão do que em casa.

Jogou as contas na mesa de centro e seguiu para o quarto com o convite na mão. Deitou na cama e ficou observando as letras bem desenhadas e redondas que definiam os nomes do belo casal. Até que teve a coragem e abriu. Leu a mensagem ridícula, aquelas que todo mundo costuma escrever e viu que tinham dois convites para a grande festa. Considerou isso como uma piada de mau gosto até porque ela não tinha ninguém. A não ser que ele quisesse que ela levasse o seu cachorro Joey vestido com um terninho para a cerimonia.

Riu de si mesma e levantou para enxaguar o rosto. Não poderia estar com ele inchado e os olhos vermelhos quando fosse encontrar Jane. Jane era uma amiga de infância e por coincidência prima do noivo. Iam ver uma casa que ela estava pensando em comprar. Lilian viu que tinha mais quarenta minutos antes de ir, então, deitou e ficou olhando o ventilador girar durante uns trinta minutos. Em seguida levantou, arrumou e saiu.