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   Na manhã seguinte, Felipe se arrumou todo para ir na oficina mecânica, passou o perfume mais caro que tinha, vestiu uma blusa azul marinho que deixava seus músculos visíveis, calça jeans, penteou o cabelo e aparou a barba, parecia estar se preparando para uma festa importante.

  Ele chegou na mesma hora que Arthur, o rapaz que agora já era um homem, usava roupas comuns e parecia muito sério, eles se cumprimentaram com um simples Oi, em seguida informaram ao mecânico o que era necessário fazer, Felipe não conseguia tirar os olhos de Arthur, que parecia não ter mudado em relação ao seu jeito e a altura, como se ainda fosse o rapaz responsável, gentil e baixinho.

- Acho que já podemos ir. -disse Arthur indo em direção a saída.

- Espera, talvez esteja com raiva de mim, mas eu queria conversar, me dá pelo menos uma chance, só quero conversar. -disse se colocando na frente dele.

- Não, escuta, muita coisa mudou, eu tenho responsabilidades, deveres, e não tenho tempo para seus joguinhos. -falou sem expressar qualquer sentimento, Felipe após tentar olhar nos olhos dele, abaixou a cabeça.

- Sinto muito... mas eu também mudei... -Felipe o encarou, de repente Arthur se viu perdido naqueles olhos verdes, os quais ele tinha tanta saudade de olhar.

- Como posso acreditar nisso?

- Me dá uma chance, de pelo menos sermos amigos de novo?

- Ok. -disse virando a cara.

- Sério?! -perguntou se animando.

- Sim, mas apenas um jantar rápido. -Felipe sorriu com a forma envergonhada que Arthur falou, parecia até que ele havia voltado ao passado.

- Claro, onde eu posso te buscar?

- Eu saio do restaurante as sete.

- Que restaurante?

- O meu óbvio, minha vó deixou o Ayoi de herança para mim, e eu melhorei ele um pouco.

- Não acredito, aquele restaurante é seu, eu sempre peço comida lá, mas nunca cheguei a comer no lugar... que coisa, se eu saísse de casa mais vezes já teria te encontrado. -disse Felipe com cara de desânimo, Arthur riu de como ele ficou bobo com aquela cara.

- Ok, até amanhã...

   Uma nova esperança surgiu no coração de Felipe, ele mal podia esperar pelo outro dia, ao chegar em casa, começou a se preparar como se aquele fosse o momento mais importante de sua vida, ele virou a noite pensando no que dizer, e como.

  Exatamente as sete horas, Felipe estava na porta daquele belo restaurante, que era bem famoso pela região, alguns minutos se passaram e Arthur saiu de lá, usando um terno e segurando uma sacola de comida, ele andou até Felipe que achou graça em ver Arthur vestido daquele jeito.

- Então, para onde vamos?

- Para minha casa. -afirmou abrindo a porta do carro e sorrindo.

- Eu preferia o local público, mas tudo bem, só vamos conversar rápido...

  Eles seguiram em silêncio até a bela e enorme casa, Arthur ficou surpreso, vendo que Felipe parecia ter mudado de vida, pelo menos financeiramente.

- Você virou assaltante de banco? -perguntou ironicamente entrando na casa.

- Não... -respondeu rindo. - Sou modelo e às vezes tento atuar, vai dizer que nunca viu meu rosto em alguma novela, ou revista?

- Não tenho tempo para isso, o restaurante e outras responsabilidades tomam todo meu tempo.

- Entendo, você sempre foi muito responsável e dava um jeito em tudo, aposto que não mudou esse seu lado.

- Responsável eu ainda sou, mas nunca consegui dar um jeito em tudo, apenas tentava evitar problemas... -ambos ficaram parados se olhando.

- Que tal irmos para mesa, não fui eu que cozinhei, por isso eu sei que está bom, mas aposto que você faz melhor!

   Eles foram até a sala de jantar, tudo estava perfeitamente organizado, Felipe se sentou de frente para Arthur, durante a refeição ambos não falaram muito, apenas alguns comentários aleatórios.

- Não entendo... -falou Arthur parecendo muito confuso.

- O que?

- Você agora está com uma vida boa, aposto que tem várias mulheres caindo ao seus pés, o que quer comigo?

- Apagar essa tristeza, só isso. -afirmou com seriedade.

- Como assim? Você está vivendo e muito bem... ou não?

- Todos vêem meu sorriso, meu luxo, parece que tenho a vida perfeita, estou rico e famoso, mas isso tudo é tão insignificante para mim, parece que não tenho nada.

- E o que tenho haver com isso? não nos vemos a anos, temos vida separadas agora.

- É... -Felipe se levantou e virou o rosto para parede. - Arthur, depois de todos esses anos... -ele demorou a falar. - Eu nunca consegui te esquecer, ainda te amo.

- Você nunca me amou! -afirmou de com convicção. - Sempre estava com aquelas garotas, ignorava meus sentimentos isso sim! -Arthur também se levantou.

- Não, eu estava pressionado pelo meu pai, por isso tinha medo de me assumir e acabei me envolvendo com elas, mas eu mudei agora, não sou tão babaca como antes!

- Isso não importa, eu te dei meu amor uma vez e você o destruiu, jogou fora como se não fosse nada, acabou comigo, por favor não me procure mais, não quero sofrer de novo, vir aqui foi um erro! -Arthur respirou fundo e saiu correndo pela porta.

- Droga! todos esses anos, e eu ainda faço ele sofrer! 

   Felipe passou a noite na sala de jantar, lamentando sua idiotice do passado, será que ainda havia uma chance para esse amor?

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