Desconhecida

E.T.

O dia.

- Sarah?- Jogo minha carteira na cama.

Ninguém.

Deito na cama olhando o teto artificial cheio de estrelas e sem querer, pego no sono.

5 a.m.

Alguém? Não!
Eu realmente tô cansando disso. Não é esconde-esconde, Harper.

Coloquei minha calça jeans,uma camisa qualquer e abri a porta.

O único som era o do elevador e do meu medo.

Desci até a recepção. Nada. Só um bando de turistas se registrando.

Lanchonete e restaurantes. Nada. Só os funcionários arrumando as coisas para o café da manhã, apesar de estar escuro e frio, começando a chover.

Piscina. Nada. Apenas um casal de garotas fazendo coisas inapropriadas para menores de dezoito anos.

Voltei para o quarto. Nada ainda.
Deja vu, me lembro de ficar assim com outra pessoa. Desesperado.

Nunca me perdoaria se algo acontecesse com Sarah. Nunca.

Batidas na porta, do jeito que Sarah costuma bater.

Abro a porta e lá está ela. Com shorts jeans azuis curtos, cropped preto transparente com um sutiã preto por baixo e meia calça.

Sarah entrou alegremente e gritou:

- Surpresa!!!

- Onde você estava?

- Ui, papi, por que te importa?- Ela fecha a porta.

- Você importa, Sarah. Você importa e eu me importo com você.

Ela me olha. Seu sorriso não existia mais. Olhava fixamente para meus olhos sem expressar direito o que sentia. Aposto que se alguém de fora estivesse vendo aquilo, diria que é cena de novela.
Eu de um lado e Sarah de outro, sendo a única coisa entre nós é a luz do poste da piscina, que desliga exatamente às 5:30.

- Não deveria, Baker. Não deveria se importar.

- Me diz um motivo. - Senti o coração de Sarah acelerar um pouco, diferente do meu, que desacelerava.

- Eu sou uma completa desconhecida, não vê? Você mal me conhece e está em Las Vegas comigo! Por que faz isso? Por que faz as pequenas inocentes garotinhas se apaixonarem por você, mesmo elas sendo desconhecidas?

- Isso nunca aconteceu, nem acontecerá. - Ela abriu a boca pra falar algo, mas logo em seguida fechou.- A questão, Sarah, é que eu realmente me importo com você. Afinal, onde estava?

Sarah abaixa a cabeça, respira fundo, me olha e responde:

- Eu estava num lugar onde não importa nada. Onde não importa eu ter... Isso.

- Isso o que?

- Pare de ser cínico, Baker. Não funciona comigo. Sei como passou a noite lendo coisas sobre a pobre paciente de MH. Sei que sabe sobre mim.

- Isso não importa, Harper. - Ela desvia o olhar. - Ficou com muita gente? - falo baixo. Ela me olha seriamente, depois de dar um leve sorriso.
Chega mais perto e pergunta:

- Precisa de números exatos? - E selou nossos lábios.

A luz do poste da piscina apagou.