Capítulo 4

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Harry observou a queda, com seus olhos verdes frios como gelo. O garoto caira como uma folha no outono, tão silencioso, mas tão dramaticamente, que estranhamente o cacheado sentia seu peito se contrair ao pensar que seu escravo pudesse estar doente. Ele largou seus devaneios para trás e se remexeu na cama até ficar na ponta para ter a visão de Louis desacordado no chão frio.

- Louis! Levante-se! - a voz rouca e impassível do centurião divagou lentamente, como de costume. O corpo encolhido no chão nem se movera e isso tirou um suspiro extenuado dos lábios secos de Harry. - Louis! - ele tentou mais uma vez. Sem sucesso.

Ele praguejou baixo após deixar as frutas de lado e se rastejou até a ponta com dificuldade pela perna . Harry contou até três e se levantou soltando um gemido alto e dolorido. Após se levantar, tentou colocar todo o peso de seu corpo em seu pé que estava sem o corte. Ele balançou o corpo de Louis com as mãos, mas mesmo assim não surtiu efeito.

Seria um golpe perigoso e, provavelmente, renderia a ele mais alguns dias na cama. Ele se abaixou um pouco mais e enfiou as mãos debaixo dos braços finos de Louis e o levantou. Seus olhos cor de esmeralda se arragalaram levemente ao sentir o peso do menor em seus braços, era como carregar uma criança de 12 anos, no máximo. Ele se levantou e jogou o corpo miúdo na cama ao seu lado, com um pouco de desleixo pela posição e por seu pé.

Harry se sentou na cama com robustez pela força física usada anteriormente. Ao olhar para o lado ele se deparou com Louis ainda desacordado. Preocupado, ele levou seus dedos ate o pulso do garoto que continha marcas de cordas. Ainda estava pulsando, para seu alívio.

- Louis, acorde! - ele disse baixo, mas em um tom rígido como de costume. Após remexer o corpo do garoto por alguns segundos ele viu as íris azuis como o mar da Pérsia se abrirem em confusão.

Louis nunca tinha sentido tecido tão macio quanto aquele lençol, e suas costas nunca deitaram em algo tão confortável quanto aquele colchão. Seu corpo agradecia. Por mais que ficar alí estivesse sendo ótimo ele se assustou, não entendo onde estava e porque uma voz rouca, porém aveludada, o chamava.

Ao abrir os olhos ele os piscou para tentar se acostumar com as luzes das tochas espalhadas pelo quarto. O coração de Louis disparou. Onde ele estava? E como viera parar alí? Eram muitas perguntas para sua cabeça confusa. Mas ao ver os cachos de seu senhor ele pôde respirar, mas, não menos aliviado.

-O que eu estou fazendo aqui? - ele perguntou com a voz grogue pelo momento de mal estar.

-Você acabou desmaiado e caiu no chão. - Harry disse com a voz falha enquanto voltava a se sentar na cabeceira da cama, encostando suas costas nos travesseiros. - Eu te chamei, mas você não queria se levantar.

-Oh, me desculpe senhor, por favor me desculpe. - o garoto disse exasperado se levantando em um pulo, mas ele não contava que sua visão iria o deixar novamente. Ele caiu novamente, porém sentado na cama. Sua visão havia ficado turva e seu estômago ardia pela fome. Ele queria sair logo dali e comer um pão. Ele estava com medo do que poderia acontecer consigo agora. Ser punido era a opção mais óbvia.

- Se acalme Louis, eu não vou fazer nada. - Disse o homem que antes observava aquela cena calado com olhos vazios. Sua perna estava doendo como nunca, mas por sorte o machucado não estava sangrando pelo que ele olhara ao se sentar na cama. - Você esta aqui há quanto tempo?

- Desde quando o senhor foi deixado pelos serviçais de seu tio. - Louis disse baixo passando suas mãos pelos cabelos lisos. Harry ficou impressionado e ao mesmo tempo enfurecido. Como seu tio deixara Louis ficar por cerca de 6 horas em pé e sem comida? E porquê o garoto nortenho não o deixou ali ate que acordasse? Ele dissipou suas perguntas com um suspiro e direcionou o seu olhar para as uvas o seu lado.

The Eagle || L.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora