Existe Vida Após Amanda

Ligação na madrugada

De novo estou correndo sem saber o que me persegue, dessa vez é um lugar diferente, um campo e ao fundo uma casa linda e antiga. A tempestade que se forma no céu da um tom fantasmagórico ao ambiente e eu sem fôlego por ter corrido tanto, não consigo distinguir onde estou. Me viro assustada, procurando meu perseguidor e nada vejo, me viro de volta pra casa e dou de cara com Amanda. Ela está tão próxima a mim que posso sentir sua respiração, seu hálito quente e seu cheiro de baunilha. Ela sorri e tenta tocar meu rosto. Acordo sobressaltada com o celular tocando, olho ao redor e vejo que ainda não amanheceu, atendo a chamada sem reconhecer o número na tela ouço uma voz chorando do outro lado. A senhora Sanches me pede desesperada que vá até a delegacia da cidade, me levanto e vou até lá. Sua filha irresponsável tem dado trabalho nos últimos tempos, desde que voltou da França, ao que parece ela sofreu um acidente de carro a alguns meses, e não fala muito sobre o assunto. Resolvo toda papelada e providencio a liberação da garota, vou embora as 7:40 achando que esse vai ser um longo dia. A senhora Sanches é amiga da minha mãe a anos, mas eu nunca tive muito contato com sua filha, não sou uma das pessoas mais sociáveis do mundo. Ela me liga ao meio dia me chamando para jantar em sua casa no sábado à noite, para agradecer, depois de recusar o convite 2 vezes, decido aceitar a 3. Então tenho um jantar sábado à noite com a família dela, reviro os olhos e penso (socorro). Felizmente o meu dia no escritório é igual aos outros, então as 18:00 me levanto, desligo o computador e apago as luzes. Chego em casa tomo um banho e preparo uma daquelas receitas que vi no livro que ganhei de presente do Eduardo, cozinhar é uma terapia maravilhosa, mas enquanto cozinho, começo a me lembrar do sonho e questiono se de fato o tal perseguidor de todos os outros sonhos, não era a Amanda. A mulher vai embora, mas a sombra dela não sai de mim. Me sento a mesa para o meu jantar, Tchaikovsky ao fundo da um ar sofisticado a minha solidão, amanhã é sábado, dia do tal jantar. O dia ainda nem começou e já estou pensando na desculpa que vou usar para não ir, vou dormir. Amanhã decido o que fazer.