Eu nunca sei o que dizer.

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Resolvo almoçar com o Eduardo no domingo, é nossa rotina, ele mora sozinho e não teve outra mulher depois que a minha mãe o deixou, o que é triste porque ele é um bom homem.
Eu e ele nos damos muito bem, e todo domingo venho a casa dele para almoçar, não conversamos muito, simplesmente cozinhamos, comemos e ficamos jogando cartas e tomando cerveja.
__ como foi o jantar?
Ele me pergunta enquanto estou cortando os tomates para preparar a nossa receita preferida de macarrão ao molho.
__ tranquilo.
Respondo sem querer me aprofundar no assunto.
__ E a tal garota problema?
Ele pergunta querendo puxar assunto.
__ fazendo o que faz de melhor, arrumando confusão.
Respondo meio contrariada, não gosto de entrar em detalhes sobre a minha vida, e o Eduardo não gosta de fazer perguntas.
Mas hoje ele está estranhamente curioso.
__ quê que ela fez contigo?
Ele pergunta enquanto acrescenta almôndegas ao molho que está fervendo na panela diante dele.
__ nada demais .
Respondo evasiva, não quero falar sobre o beijo e ele percebe o meu desconforto por que começa a falar sobre o escritório, o que me deixa satisfeita em poder mudar de assunto.
Terminamos de cozinhar e almoçando ele me conta sobre a viagem que pretende fazer a Londres no próximo mês.
A tarde como todo domingo vamos jogar cartas e tomar cerveja, hoje o Eduardo está decidido a conversar.
__ Eu vi a Amanda ontem.
Ele diz me olhando meio de lado, eu fico em silêncio por um tempo e respondo.
__ hunrum...
__ ela perguntou como estão as coisas.
Ele diz ainda esperando que eu responda algo além de Hunrum.
__ hum...
__ Luci olha, eu amo você e não quero me meter na sua vida, mas você não acha que já tá na hora de você conhecer alguém, sair, se divertir?
Ele pergunta meio exasperado e eu respondo ofendida.
__ eu saí ontem à noite, e não preciso conhecer alguém eu tô bem Edu, tô feliz.
__ ir a um jantar na casa de clientes do escritório, não é a minha ideia de diversão.
Ele diz sem se convencer de que eu estou tao bem quanto afirmo.
Eu bati as cartas e olho para o céu.
__ vai chover, preciso ir.
Digo Me levantando.
__ sério? Eu achei que você tivesse carro.
Ele diz sorrindo.
__ haha.
Respondo ironicamente, dou um beijo em sua cabeça e vou embora, ele é um bom pai.
Entro no carro e começo a atravessar a cidade olhando a chuva cair no vidro, me lembro do dia em que levei o ítalo ao parque e tomamos a maior chuva, quando voltamos para casa a Amanda nos deu a maior bronca, eu me divertia muito com ele e provocar a irá da Amanda era a nossa brincadeira favorita.
Enquanto eu ouvia a bronca toda molhada e ela secando o cabelo do ítalo eu a olhava com um sorriso bobo e os olhos brilhando, não ouço uma palavra do que ela diz, mas a sua expressão é que prende a minha atenção, o ítalo foge dela e antes que ela consiga alcança- lo eu entro na frente dela e a agarro pela cintura, dou um abraço úmido e um beijo quente.
__ perdão meu amor, prometo não fazer de novo.
Digo sorrindo entre o beijo e ela relaxa a postura.
__ olha ele é uma criança, você não pode fazer todas as vontades dele meu amor.
Ela diz como se fosse uma reclamação mas em tom de cansaço.
Acordo do transe com lágrimas nos olhos a tempo de ver uma mulher correndo para o meio da rua, desvio a tempo e puxo a trava do carro fazendo ele rodar e cantar pneu no asfalto molhado. Ela cai no chão desmaiada e saio do carro correndo para prestar socorro, outras pessoas se aproximam e eu reconheço a louca que está no chão, Elisa.
Algumas pessoas se aproximam, e eu peço ao rapaz perto de mim que me ajude a coloca-la no carro.
E a levo para o hospital.
Fico na sala de espera olhando ansiosa para o relógio decidindo se ligo para os pais dela ou deixo ela fazer isso, quando a vejo vindo no corredor.
__ você está bem?
Pergunto ansiosa.
__ estou.
Ela responde seca.
__ pode me dar uma carona pra casa?
Ela pergunta sem olhar pra mim.
__ posso.
Respondo e caminho para fora do hospital, pensando que mulher louca.
__voce está bem mesmo?
Pergunto de novo visivelmente desconfortável.
__ estou.
Ela me olha de lado e levanta uma sobrancelha, de um  jeito meio irônico que eu acho fofo.
__ o que aconteceu?
Pergunto tentando puxar assunto.
__ não é da sua conta.
Ela me responde rudemente, olho pra ela assustada com a sua súbita grosseria.
__ desculpe.
Ela diz se sentindo envergonhada pela forma com que falou a alguns instantes.
__ está tudo bem.
Digo tentando tranquiliza-la, e ficamos em silêncio até a sua casa, estaciono na frente e olho pela janela para longe, evitando o olhar da garota.
__ obrigada, e desculpe pelo beijo.
Ela diz envergonhada de novo.
__ não se preocupe.
Digo tamborilando os dedos no volante.
__ xau.
Ela diz, e desce do carro.
Fico olhando ela entrar e respondo.
__ xau.
Mais pra mim mesma, arranco com o carro, e penso o que será que essa garota tem?
Ela é linda, rica e bêbada.
Enfim encontrei alguém que precisa mais de um psicólogo do que eu.

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⏰ Última atualização: Aug 31, 2016 ⏰

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