Capítulo 5: Perigo constante

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Aquele homem nos acolheu, sem nem perguntar nossos nomes. Pessoas boas são assim, nunca veem maldade em alguém.
Pela manhã, fui fazer o café pra gente, apesar de estarmos na casa de estranhos eu queria gerar boa impressão.
Eu e Clarisse estávamos tomando café quando ele acordou. Ele cumprimentou minha irmã com um beijo na testa e a mim com um caloroso abraço. Minha maior preocupação era o fato de eu ter passado a noite na casa de alguém, e não saber o nome da pessoa que nos ajudou.
_Bom dia, desculpa mas, você poderia nos dizer seu nome? _perguntei envergonhada.

_Claro. Eu me chamo Rômulo.

_Eu tinha um colega de classe que se chamava Rômulo _disse Clarisse.

_Isso é muito legal _retrucou ele _Então, o que tem para o café?

_Eu fiz omelete _respondi.

_Ótimo mas, antes de qualquer coisa... Gostaria de falar com você Michelly, me acompanhe.

Achei estranho o fato de ele saber meu nome sem que eu tenha dito. Ele me levou até o quarto que ele dormia, abriu a porta...
_Olha, eu te dei abrigo mas, preciso que você me pague.

_Desculpa mas, não tenho com o que lhe pagar _retruquei

_Eu não estou falando de dinheiro _disse ele me empurrando para dentro do quarto em direção da cama.
_Achou mesmo que eu iria deixar você dormir aqui sem me dar nada em troca? Garotinha inocente, ou devo chama-la de Michelly Roberta Wolkerman?

_Como sabe meu nome? _perguntei.

_Acho que eu li seu diário. Jeniffer é uma garota muito má. Mas agradeço a ela por deixar você pra mim.

_Seu imundo, devolve meu diário. Socorro!!! _gritei.

_Acho que ninguém pode te escutar ha-ha-ha _disse ele dando gargalhada enquanto baixava as calças.

Ele segurou meus braço, tentei me debater mas, não conseguia. Ele tentava tirar minha roupa, quando escutei um barulho de jarro quebrando e os cacos caindo no chão, assim como Rômulo também caiu. Clarisse tinha ouvido meus gritos.
_Obrigada Clarisse _agradeci desesperada_ Como você...?

_Eu segui o barulho e a primeira coisa grande e pesada que encontrei eu lancei nele.

Peguei meu diário e sem mais conversas, fomos embora. Agora estamos sem abrigo novamente.
Saímos entrando em ruas, passando por esquinas até encontrar uma casa que parecia de família. Batemos na porta porém, ninguém abriu. Rodei a maçaneta e a porta estava aberta, entramos dando passos lentos e leves mas, ninguém estava na casa.
Eu e Clarisse aproveitamos e tomamos um banho, trocamos de roupas, a que eu vesti ficou ótima já a da minha irmã ficou um pouco grande.
Sentamos no sofá e descansamos as pernas...
Os moradores da casa chegaram e nós não percebemos e ao verem que a porta de sua casa estava aberta e a tv ligada, ligaram para a polícia.
Eu escutei sussurros de alguém do lado de fora, quando cheguei perto pude escutar uma mulher falar:
_Alô polícia. Estamos ligando para pedir ajuda, alguém entrou em nossa casa... Não, ainda estão aqui, venham rápido.

Avisei Clarisse do que estava acontecendo, e tínhamos que arranjar uma forma de sair dali.
"A porta dos fundos", pensei, e era uma ideia boa já que a casa tinha um beco pelas laterais para que entrasse vento pelas janelas de dentro. Peguei Clarisse, pus ela em minhas costas e tentei sair sem fazer barulho mas, quando já estávamos perto da porta, eu vi uma bolsa vazia que serviria para guardar meu diário, já que eu estava o levando nas mãos.
Peguei a bolsa e sai, bem na hora que os policiais chegaram. Enquanto eles entravam, nós saíamos pelos fundos, coloquei Clarisse no chão para que pudéssemos passar melhor pelas laterais.
Passei quase sem respirar naquele beco e infelizmente, na hora que saímos, a filha do casal nos viu e alertou á polícia.
Foi uma perseguição, os policiais estavam bem atrás de nós e eu tinha que correr por mim por Clarisse. Assim que viramos a esquina, avistamos um pequeno corredor fechado do outro lado da rua.
Corremos até lá e que surpresa, era o corredor que dava acesso aos latões de lixo do restaurante ao lado. Não pensei duas vezes, pulei dentro do latão junto com minha irmã e ficamos um bom tempo lá, quietinhas, sem quase fazer ruídos.
Alguns minutos depois ouvimos a sirene da polícia passar e quando já não podíamos mais ouvir esse barulho que nos aterrorizou, saímos dos latões.
_Clarisse, estamos feitas _disse _Já éramos perdidas, agora somos perdidas, fugitivas e estamos cheirando muito mal.

_Não sei mais de nada, a única coisa de que tenho certeza é que estou com saudade da mamãe _retrucou.

Passamos a tarde caminhando até encontrar um estabelecimento cujo nome era "Tatuagens do Kell", vi também uma outra placa pequena que dizia "Precisamos de modelos para tatuagem". Pensei no que poderíamos ganhar com isso, uma boa grana por nos fazer de modelo ou mais uma chance de ser estuprada mas, as opções eram cruéis porquê estávamos sem dinheiro, e a qualquer momento iremos sentir fome então, arrisquei pela opção de modelo.
_Clarisse aqui é um lugar onde se faz tatuagem, e podemos ganhar uma boa grana se eu me fizer de modelo _disse a ela.

_Sabe o que a mamãe acha sobre tatuagens _retrucou ela.

_Sei bem mas, precisamos arriscar.

_Entendo. Vamos entrar logo _incentivou ela.

Entramos e o sino na porta anunciou nossa chegada.
_Boa tarde moças _cumprimentou um cara aparentemente legal porém, uma das coisas que eu aprendi é a não julgar ninguém pela sua aparência.

_Boa tarde. Estamos aqui pelo cargo de modelo _disse.

_Hum... As duas? _perguntou.

_Não, só...

_Quanto ganhamos se for nós duas? _perguntou Clarisse me interrompendo.

_Se for as duas, vocês irão receber duzentos dólares.

_Sim, somos nós duas.

_Mas, você não pode fazer isso, sabe o que a mamãe pensa sobre isso _comentei.

_Aprendi a não resmungar quando for necessário _exclamou ela.

Fomos até a sala onde íamos fazer as tatuagens. Ele nos deu duas opções de tatuagens nas costas, um tigre ou uma águia.
Eu decidi fazer a do tigre e Clarisse a águia.
Enquanto ele fazia o trabalho um pouco doloroso, perguntei a ele se não era ilegal pessoas de menor fazer tatuagem sem autorização de um adulto e ele me respondeu...
_Aqui nada é ilegal, depois que o governo perdeu controle da criminalidade daqui, tudo mudou até o nome da cidade que agora é chamada de Garganta do diabo.

_Mas, aqui ainda se têm policiais ativos _disse a ele_ Pra falar a verdade fugimos deles hoje pela manhã.

_Vocês são sortudas. A polícia daqui não prende mais, agora elas simplesmente matam os criminosos...

Fiquei perplexa com aquilo.
Depois de horas, já tinha um tigre branco em minhas costas e Clarisse uma águia majestosa, tiramos as fotos recebemos o dinheiro e saímos de lá já a noite.
Mais uma vez não tínhamos onde ficar nem o que comer mas, agora tínhamos dinheiro.
Compramos algumas coisas e comemos porém, ainda não tínhamos onde dormir até que, enquanto caminhávamos avistei uma grande placa de neon e fomos até lá...

" Estou com um grande rancor guardado por ele tentar abusar de mim e agora só saio daqui quando me vingar dele. Rômulo agora está na minha lista negra"

Diário de uma sobrevivente Onde histórias criam vida. Descubra agora