Vendetta

1-Passado Conturbado

A luz do sol incomodava os meus olhos ainda fechados, uma pequena fresta na janela semi-aberta poderia proporcionar uma vasta concentração de luz em meu quarto. Passo a mão do lado direito da cama a procura de minha esposa, sem sucesso, decido então abrir meus olhos e fitar o teto branco, o quarto estava quente, o que me fez chutar as cobertas para baixo no intuito de me aliviar do calor, sem nenhuma pressa sento-me na cama e olho o relógio de cabeceira, "12:10" "Alice deve ter ido levar as crianças na escola" indaguei em voz audível, me levanto e vou direto ao banheiro tomar um bom banho, não havia necessidade de pressa, a aposentadoria me proporcionara isso.
Não sou uma pessoa velha, tenho apenas 39 anos, mas os insistentes pedidos de minha esposa para que eu me aposenta-se me fizeram optar por essa decisão. As frequentes missões no leste da África arrancavam de mim todo o tempo que seria destinado a minha família, além do risco constante de morte.
Olha que descuido meu...esqueci de me apresentar...meu nome é Michael Fehn soldado da brigada 460 do alto escalão da marinha, forças especiais, costumavam dizer que nós resolviamos os problemas que os outros não conseguiam, só os melhores dos melhores faziam parte. Ao todo éramos 10, cada um com uma habilidade específica, mas com o tempo esse número foi se tornando cada vez menor, antes de me aposentar haviam sobrado apenas 4 de nós, e infelizmente perdemos contato uns com os outros.
A tarde passara rápida, não tinha muito o que se fazer, mudava os canais sem destino aparente, quando de repente o telefone toca...
(O telefone toca)
-Alo? "Digo com uma dúvida visível na voz, pois o número estava Desconhecido"
-... "Penso que a pessoa pode estar em uma área com o sinal ruim, então persisto em perguntar"
-Alo?? "Digo em voz mais alta e de forma um pouco mais agressiva"
-... "Ouço uma pequena respiração ao fundo, e presumo ser um trote e logo desligo"
-Esses adolescentes...
Ao colocar o telefone no gancho me viro para sentar de novo no sofá, mas sou interrompido pelo barulho do telefone tocando de novo, observo a pequena tela e vejo que é o mesmo número desconhecido, atendo com uma visível raiva na voz
-Olha aqui se você me incomodar de novo eu chamarei a poli..."Sou interrompido por uma voz rouca, que parecia ter saído dos confins do inferno, uma voz que eu não ouvia a anos"
-BOOM!! "E a ligação cai"
Ao ouvir aquilo sinto minha espinha tremer, e meu coração aperta dolorosamente, pasava-se apenas uma coisa em minha cabeça..."ALICE".
Olho abruptamente para o relógio, 16:29 "-Alice deve estar indo pegar as crianças". Pego a chave do meu carro o mais rápido possível, abro a porta da garagem, tranco toda a casa, e saio ao encontro de minha esposa e filhos. Foi realmente complicado chegar na escola pois o trânsito estava muito parado.
Quando cheguei na escola, estacionei do outro lado da rua, notei que o carro de Alice estava parado bem em frente a escola.
- Graças a Deus "Digo me acalmando"
Decido então ligar para minha esposa, mas logo desisto da ideia ao vê-la saindo da escola com meus filhos, deixo escapar um pequeno sorriso ao ver que minha filha estava com uma máscara colorida feita de papel, provavelmente feita em uma de suas aulas de artes. Decido sair e encontra-los, mas sinto meu celular vibrar em meu bolso, quando olho a mensagem fico estático e sem fôlego imediatamente...
(Mensagem)
De: Desconhecido
Para: Michael Fehn
Mensagem:

"BOOM"

Ao ler isso sou tomado por um desespero sem igual, desafivelei o sinto e saí o mais rápido possível, antes que eu pudesse chegar perto do carro de minha esposa, vejo-o incendiar e explodir...sou arremessado de costas no meu carro, rente ao meu rosto, no chão, vejo a máscara que minha filha estava usando, completamente chamuscada... caí de joelhos olhando o carro em chamas, meus gritos de dor eram mais altos do que o barulho das chamas...em quanto minhas lágrimas rolavam, um nome não saia da minha mente...
Mick Garden (O Recruta).