Colégio Atlas

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Por que seríamos os únicos a estar por aqui? Foi a pergunta que o professor de ciências escreveu no quadro da sala 7A02, do Colégio Atlas.

Houve uma enxurrada de respostas dos alunos presentes. O professor não parava de responder aos questionamentos dos alunos de 11 e 12 anos de idade.

Ágata apenas observava tudo aquilo. Seu coração batia como um tambor descompassado, Por que ele escrevera aquela pergunta? Um milhão de respostas seriam possíveis. O talvez era uma imensa possibilidade.

Vozes descreviam um mundo desconhecido, mas Ágata apenas ouvia, era o dia 31 de agosto de 2016. Uma data que nunca mais se repetiria? Será? 

A jovem de 12 anos levantou sua mão e o professor lhe concedeu a palavra.

- Pode perguntar! - ele afirmou.

- Por que não seríamos os únicos? - ela perguntou.

O professor a olhou por um momento. Ela era a aluna mais inteligente daquela escola, tinha uma facilidade incrível de aprender, até mesmo disciplinas que eram dadas para alunos mais velhos do que ela. Depois que ela perguntou, um silêncio quase eterno tomou conta da sala.

Algumas alunas a olharam com certa admiração. Outros a olhavam como se ela tivesse ido longe demais no seu questionamento.

Longe era uma palavra que vivia por ali e não se afastava nunca, sondava vidas que se misturavam naquela sala de aula em busca de respostas que muitos deles não tinham. Vinte e oito alunos esperavam pela resposta do professor Jean, ele gostava de ser questionado, pois dizia que ciência é questionar.

No primeiro dia de sua aula, ele havia colocado uma citação de Albert Einstein na parede da sala, ela dizia "A imaginação é mais importante que o conhecimento". Foi desse modo que ele se apresentou para alunos de doze anos de idade: com uma frase de Einstein. Alguns estudantes não sabiam quem fora o gênio da relatividade, outros já o conheciam, mas o fato é que o professor Jean trouxera um cientista para dentro da sala de aula.

Ágata já sabia da importância do cientista para o mundo, mas nunca comentara nada com os demais alunos, pois sentia que não era o momento. Ela acreditava muito nisso, de esperar o momento certo para falar certas coisas, ou mesmo tomar certas decisões.  Naquele dia, ela sentia que deveria perguntar.

- Porque existe uma grande probabilidade de existirem outros planetas. Considerando essa possibilidade, por que seríamos os únicos? 

- Porque somos os únicos que querem descobrir se existem outros. - respondeu Emma, uma aluna de cabelos longos e muito alta que sentava sempre perto de Ágata. Muitos alunos riram da resposta da adolescente, mas não o professor Jean. 

- Isso faz muito sentido, Emma, mas não exclui essa possibilidade. Quem sabe estamos todos procurando e não tenhamos achado um modo de nos encontrar?

Parecia que eles estavam mergulhando num espaço de incógnitas que despertava todos os sentidos de vidas tão jovens. Cada pergunta trazia uma inquietude que os atingia de modo distinto, um despertamento inevitável para esse tipo de interrogação. 

Um barulho de trovão fez com que todos os alunos pulassem de suas cadeiras! Até o professor Jean se assustou e olhou para fora. O céu estava cinza escuros e de repente o dia escureceu. E o momento foi tomado por uma série de trovões que anunciavam uma forte tempestade. A luz apagou e os alunos começaram a se agitar!

- Acalmem-se! - disse o professor Jean.- Não precisam se levantar, a luz voltará logo. Ele disse isso e caminhou até as janelas da sala para fechá-las. Um relâmpago atingiu a janela onde o professor se encontrava e ele desmaiou.

- Una! - gritou um dos alunos - Avise aos inspetores que o professor Jean foi atingido por um raio! 

Una sentava-se no fundo da sala, mas havia uma razão para os alunos lhe pedirem essa ajuda. Ela era uma corredora inalcançável,  sua fama de velocista já se espalhara, inclusive, entre outras escolas. Tinha sido sempre assim, desde que era muito pequena, corria mais que todas as crianças de sua rua e escola. Ao completar doze anos entrara para o time de atletismo do colégio, ela sempre usava uma tiara em formato de laço na cabeça.

Una levantou-se e correu para fora da sala. O corredor do colégio estava vazio, mas ela insistiu até encontrar um professor saindo de uma sala.

O professor foi socorrido pelo seu colega e levado para uma pequena enfermaria, localizada no térreo do colégio. Os alunos ficaram em completa euforia, todos queriam saber como era o estado de saúde do professor de ciências. Nesse momento uma forte chuva começou inundando o pátio. Ágata sentiu frio e olhou para o céu, pelo vidro da janela, ela sabia que aquela vinha da cordilheira dos andes. Era uma água de montanha. 

Enquanto os alunos da 7A02 aguardavam o retorno da luz, o professor Jean era transportado em uma maca para o hospital mais próximo. A tutora da turma, Regina, finalmente entrou na sala e acalmou os alunos:

- Olá, turma! Não há motivo para tanto medo, essa chuva não irá durar para sempre!

- Você soube que o professor Jean foi atingido por um raio? - Emma pergunta prontamente para sua tutora.

- Como assim? - ela quer saber arregalando os olhos.

Os alunos se levantam e a cercam. Começam a falar sem parar sobre o ocorrido em sala de aula.  Nesse momento a luz retorna! 





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⏰ Última atualização: Oct 14, 2016 ⏰

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