Monstros Existem

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E a cena continua se repetindo na minha mente. Como se eu fosse a espectadora. Parada, observando sem poder me ajudar.

A boca nojenta, o ser asqueroso que age como se fosse o tal. Invade e toma posse de algo que não é dele.. a menina grita, morde, se contorce, tenta de qualquer maneira se livrar do sujeito. Mas ele é mais forte. Ela ingênua, numa tentativa falha de o tirar dali tenta chutá-lo, porém apenas faz com que o maníaco se sinta um ser superior a ela, o tal, o "fodão". Ele consegue o que queria, mas não para por ai..
O animal humilha, cospe na cara da pobre garota, cita nomes como ofensa que nem eu sei dizer se existem, oprime, oprime, oprime. A menina chora a todo momento e no olhar dele é perceptível que ele não se importa, não liga. Tratando tudo como um simples jogo, acabando com a vida de uma garota.. uma garota que nunca mais vai ver a vida com o brilho nos olho que via antes, que não acredita mais em sonhos.. ele deixa ela la, desolada, largada e vai embora com um puta sorriso no rosto.
Após o ocorrido a menina está acabada, não quer saber de mais nada, não sente mais nada. Ela só quer chegar em casa..
Tomar um banho..
Tirar o nojo que sente de si mesma da pele..
Tirar o gosto daquela pessoa grotesca e nojenta..
Depois de fazer suas higienes ela cai direto na cama e quase que por desmaio cai no sono.
(...)A luz entra pela janela do quarto, embaçando um pouco sua visão. Ela se levanta, faz suas higienes e lava bem o seu rosto, se encara no espelho por uns minutos.. Vai para mesa tomar café, bença pra mamãe,vovô e papai, bom dia e um beijo no rosto do irmão. Ninguém entende nada, a menina sempre fechada não era de ser tão simpática, apesar disso o dia continua. Ela vai para o trabalho, sorri como de costume, brinca como de costume, nada muda, tudo parece normal. Pela parte da noite chega em casa, todos dormindo, ela toma seu banho, veste uma simples calça de moletom e uma regata preta. Vai até a cozinha, pega uma garrafa de vinho fechada que já estava a bastante tempo por ali. Sobe as escadas do humilde prédio onde mora e se senta no terraço. Celular de um lado com fone e uma música qualquer tocando, garrafa de vinho aberta do outro ocupando o espaço vazio que ela tem dentro de si. Sem alma, sozinha, decide não contar a ninguém. Ela só quer esquecer, voltar a viver.. mas a imagem apenas se repete a cada minuto em sua mente. Ela vê a cena como se estivesse vivendo aquele momento de novo. Ela quer esquecer, mas não consegue.. Toma mais um gole de vinho, se deita no chão.. olhando pras estrelas a menina faz um pedido, pede pra que um dia isso passe, que tudo passe, que ela não sofra tanto, que seus pais aceitem quem ela é, que esse incidente suma de seus pensamentos, mas ela sabe que é inútil fazer isso. Dentre tantas as coisas que já lhe aconteceram essa foi de fato a pior. Ela desaba em lágrimas, chora, chora e chora até cansar. Resolve escrever em algum lugar qualquer.. escrever pra ela é libertador, passar pro "papel'' o que ela está sentindo no momento, o que se passa pela sua cabeça confusa, como ela reage, o que faz. Ela se sente melhor, seus rabiscos sempre a salvando de se tornar uma coisa pior. Espero que amanhã seja melhor.. que tudo passe, pobre menina era tão alegre -tinha la seus momentos-, ela tinha um brilho nos olhos, o brilho que não se sabe quando voltará a habitar sua alma.

MONSTROS EXISTEM!

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