Capítulo [2]

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E agora o que eu faço?
  Acordo ele e aviso que o ponto da faculdade está próximo ou eu simplesmente saio e deixo ele passar do ponto ... O que será que Jesus faria em uma situação como essa?
    Se bem que Jesus afirmou que devemos amar nossos inimigos e ajudar o próximo! Quer saber, eu vou acorda-lo, prefiro passar vergonha do que não viver o evangelho proposto por Cristo!
─ Gabriel? -Falo enquanto toco com as pontas dos meus dedos em seu ombro,  ele abre os olhos confuso e uma fisionomia assustada aparece em seu rosto.
─ E-e-e-e o ponto da faculdade é o próximo!  -Falo embolada enquanto ele me fita, desvio meu olhar para a janela e vejo que o próximo ponto é o da faculdade, me levanto antes que ele abra a boca (possivelmente para me ofender) , faço sinal e desço do ônibu;  por certa curiosidade olho de relance para trás e vejo que ele também desceu, ando rapidamente e encontro o jardim da frente cheio, observo e vejo que a maioria das pessoas ali presente são da minha turma, como não falo com nenhum deles eu vou até uma das faxineiras e pergunto o que houve.
─ Ah, pelo o que eu sei eles estão no tempo vago, só devem ter aula no terceiro tempo.
─ Você sabe o que houve?  -Indago triste, sem cabimento eu ficar dois tempos sem fazer nada
─ Sei não. -Diz ela, me despeço dela e vou na direção da minha sala, prefiro ficar lá só, do que ficar aqui ouvindo comentários nada legais.
Entro na sala e sento no mesmo lugar de sempre, na primeira fileira ao lado da janela, coloco minha bolsa em cima da mesa e solto um suspiro de cansaço, ainda estou com sono e caí entre nós o que será que foi aquilo hoje no ônibus? Eu jamais imaginaria pegar ônibus com ele, aqui na faculdade ele é famoso por andar com roupas de marca,  ter seu próprio carro e ser riquinho, mas de qualquer jeito isso não me importa afinal eu não faço parte da vida dele, e nem quero fazer!
Pego meu celular e abro na bíblia, nada melhor que ler a palavra de Deus.

Mateus: 28. 19. Portanto, ide e fazei com que todos os povos da terra se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;

Bem esse é o meu versículo do devocional de hoje, confesso que toda vez que leio esse versículo eu me sinto tremendamente tocada e sempre me pergunto: "Eu estou cumprindo o IDE que Jesus nos falou?" e quase sempre a resposta é não, aqui na faculdade eu sou sozinha (logico que tenho Jesus) digo no sentindo de ter alguém que compartilhe da mesma fé que eu, pra me dar uma ajuda, realmente as vezes eu até desanimo e sinto uma vontade tola de sair respondendo geral, mas lá no fundo eu sei que isso não ia valer a pena, eu só iria envergonhar o nome de Deus. Enfim, eu sinto uma vontade imensa anuncia o evangelho mas eu não sei como fazer, me sinto angustiada e sensível.
   Abro minha bolsa e pego meu fone, conecto no celular, coloco no modo aleatório e caí na do Fernandinho-Mais Alto essa musica tem todo  haver com esse meu momento.

Leva-me aos cativos
Leva me aos oprimidos
Eu vou anuncia o teu amor
Eu vou anunciar o teu perdão ....8')

Apoio minha cabeça na mesa e me deixo levar por pensamentos longínquos, estou praticamente deitada, mas qual é o problema?  Estou sozinha mesmo e ainda tenho no mínimo mais dois tempos ...

* Acabei dormindo*

Sinto algo bater de leve na minha cabeça, levanto ela ainda sonolenta e me deparo com dois olhos verdes enormes me encarando.
─ Hum, só queria deixar bem claro que o que aconteceu no ônibus fica lá. -Diz o Gabriel com certa grosseria, ainda sem entende-lo, olho-o com cautela e após pensar um pouco decido responder ele.
─ Que eu saiba não aconteceu nada demais, você apenas ia passar do ponto e eu te acordei! -Falo calma e passo a mão no meu cabelo para ajeita-lo.
─ Deixa de ser lerda!  Olha-so ninguém pode saber que eu frequentei um ônibus, se alguém vier a saber disso a sua vida está acabada! -Fala ele com frieza e ignorância, assustada com seu tom de voz mesmo sem querer eu me encolho e acabo encostando ainda mais na parede.
─ Não sou fofoqueira!  -Falo olhando ele nos olhos, meu pai sempre me ensinou a olhar nos olhos da outra pessoa quando for falar algo serio, ele se abaixa ficando na altura da minha cabeça e em seguida olha diretamente em meus olhos como se quisesse entrar na minha mente.
─ Acho bom, para o seu próprio bem!  -Fala ele frio, me limito a responde-lo e apenas afirmo com a cabeça, mesmo se ele não viesse me pedir isso eu não iria contar para ninguém aqui da faculdade, no máximo faria um comentário sobre isso com a minha mãe. Ele continua a me fitar em silêncio e eu prefiro ficar quieta, após alguns segundos ele bufa em frustração se levanta e saí da sala em passos largos, assim que o mesmo atravessa um suspiro escapa pelos meus lábios, nem percebi que segurei o ar, me sinto aliviada por ele já ter ido. Olho as horas e vejo que faltam 12 minutos para enfim iniciar minha aula, pego minha bolsa e saio da sala em direção ao banheiro, o mesmo está vazio, abro a bica e jogo água fria em meu rosto para dar uma acordada, entro em uma cabine para urinar, mas sou interrompida pelo barulho da porta do banheiro sendo aberta, fico de pé e me limito a fazer movimentos, a vontade de fazer xixi até passou.
─ Você não sabe o que eu vi! -Diz uma das vozes, uma mochila é aberta.
─ Sei mesmo não. -Responde a outra voz seca e eu não demoro a perceber que essa voz pertence a Stéfany Galvao, ela é da minha turma.
─ Estava passando pelo corredor das salas quando vi o Gabriel agachado falando com aquela garota esquisita da sua turma.
─ O Gabriel Fonseca?  -Indaga Stéfany em um tom de dúvida.
─ Sim, tenho certeza que era ele!  Agora eu pergunto o que será que eles estavam conversando...
─ Não deve ser nada demais, afinal essa garota é toda estranha e o Gabriel não se interessaria por alguém como ela.
─ Sei não, ela não é feia, só não se veste bem e se isola, não entendo porque ela não fala com ninguém.
─ Hum, vá ser amiga dela, ouvi falar que ela é filha do pastor e que nunca beijou e também nem saí de casa.
─ As pessoas exageram, só porque ela vai a igreja o pessoal acha ela careta, mas não é assim!
─ Ah não? Como você sabe?
─ Já fui da igreja e sei mais ou menos como as coisas funcionam.
─ Haha você da igreja? Quero nem imaginar ...
─ Melhor mesmo não, tenho que ir pra sala, já fiquei tempo demais aqui fora.
─ Também tenho que ir, vamos logo! -Diz a Stéfany,ouço passos e logo em seguida a porta do banheiro bate.
   Estou super horrorizada com tudo o que eu ouvi, como pode as pessoas inventarem tanto?  Já nem me surpreendo mais com essas fofocas, eu queria que eles me pudessem me conhecer melhor mais eu não consigo falar com eles!
Desde pequena eu sempre tive dificuldades em fazer  amizades, não que eu seja uma antisocial, é ao contrário, eu apenas não consigo interagir com o pessoal da faculdade.  Estou aqui há um ano e nem sequer uma amizade fiz, eles são tão diferentes, eu as vezes até tenho vontade de puxar um assunto com alguém, mas tenho um medo, algo que não entendo!
     Envolta nesses pensamentos eu adentro a sala e graças a Deus o professor não entrou, caminho para o mesmo lugar de antes em silêncio e percebo o olhar de toda classe em mim, estou vermelha com certeza.
─ A careta chegou! -Sinto uma bolinha de papel tocar em meus ombros logo que alguém disse isso, sento-me e não digo nada só ouvi as risadas da turma.
─ Boa tarde classe.-Diz o o professor adentrando a sala.
─ Boa. -Responde algumas pessoas da turma, oba hoje é aula de sociologia, esse professor é muito bom.
─ Hoje nós vamos começar os preparativos para o trabalho do semestre!  -Diz ele após sentar-se na mesa, a turma nem respondeu ele, a maioria está mexendo no celular ou trocando bilhetes entre si.
─ Enfim turma. -Fala ele enquanto bate palmas para chamar a atenção da turma.
─ O trabalho vai ser feito em dupla, o tema é Sociedade e o mais legal nisso é que serão duplas feitas por mim e também vai ser com turmas misturadas! -Completa ele com um sorriso, ele deve estar achando que essa é a melhor ideia do mundo, mas eu não concordo; principalmente porque eu sempre sobro.
─ A turma da sala ao lado já está no auditório, me acompanhem porque eu vou fazer os sorteios hoje!  -Diz ele se levantando com ânimo, a turma começa a reclamar enquanto se levanta, concordo com eles.
─ Só não quero ficar no grupo dessa esquisita. -Fala alguém atrás de mim, não sei quem foi e também não quero saber.
Já vi que vai ser muito difícil fazer esse trabalho.

Quando Deus Me ChamouOnde histórias criam vida. Descubra agora