dois

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Por que mesmo você disse aquilo? Sabe quantas vezes eu queria ouvir alguém me dizer o quão especial eu sou? Nunca me senti especial, mas você... Justo você me fez sentir assim.

Você tinha um plano? Era isso? Um plano que consistia em roubar meu pequeno coração puido e decorá-lo com seu amor para que parecesse novo? Não acha que alguém iria notar todas aquelas fitas vermelhas? Elas nunca estiveram ali.

Aliás, você amava vermelho, não é? Até que o azul roubou a cena.

Era bonito te ver entrar na sala, com uma Polo turquesa. Apenas você, e a Polo, lotavam qualquer sala.

E aquele sorriso? De onde você o tira? Um sorriso que arranca sorrisos, John costumava dizer.

Me diz, o que você guardava atrás daqueles olhos? Azuis... Você não os coloriu para seguir a moda.

Lembro-me que você odiava aquelas botas de caminhada que eu insistia em continuar usando. Veja, não estou com elas hoje, estou usando azul. Azul! O azul de sua camisa espaçosa, o azul de seus olhos, o azul das folhas de seu diário, da case do seu celular. Azul. Azul como aquele céu naquele dia que se tornou incomum. Azul como aquele mar revolto que você costumava olhar e pensar em outros mares.

Por que mesmo você se foi? Ah, é mesmo, a cidade era pequena de mais para você e a Polo turquesa.

Mas, e quanto a mim?

Bem, você sempre voltou para mim. E estava sempre usando azul.

Aquelas Borboletas EntorpecidasOnde histórias criam vida. Descubra agora