Capítulo 3

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Louis

 Naquela noite eu decidi ir dormir cedo. Disse que queria treinar futebol de manhã, por isso precisava descansar bastante, mas - à quem eu estava possivelmente enganando? - eu esperava mesmo que fosse me impedir de pensar sobre Harry e seus olhos verdes cheios de ódio e dor, tão mais maduros do que eu me lembrava - não que eu já estivesse pensando nisso, ah não. Tomei um banho quente e um chá calmante com gosto de grama que o serviço de quarto dispunha e me embramei nas cobertas. Mas é claro que eu acabei estirado na cama, fitando o escuro, tentando espantar as vozes que zumbiam incessantemente na minha cabeça. "Sabe, Louis, você tem razão", não, cale a boca!, eu respondi, o quarto rodando como um peão. "Mas pelo menos" , droga, cala a boca, Harry! "eu ainda consigo me reconhecer.", é lógico que consegue, você sempre sabe quem é..."Você consegue?".

Levantei da cama em um pulo e acendi a luz, ignorando a dificuldade irritante que meus olhos pareciam ter de se ajustarem à claridade. Fui até o espelho e encarei-o. É claro que eu consigo me reconhecer. Meus olhos, meu cabelo bagunçado, minhas tatuagens - tudo era familiar. Eu sei quem eu sou, disse a mim mesmo, me sentindo extremamente idiota no próximo segundo, mas ignorei a sensação. Meu nome é Louis William Tomlinson, nasci em Doncaster, dia 24 de Dezembro de 1991, tenho quatro irmãs. A sensação de estupidez foi crescendo conforme eu listava minha própria biografia para o espelho, mas - fosse pela vodca ou pelo chá -  não parei. Eu fiz uma audição para o X Factor em Julho de 2010, meu país preferido depois do meu é a Australia, eu amo minha namorada..."Você também quebra as promessas que faz pra ela?" Nesse instante minha garganta pareceu torcer-se em um nó e minha imagem no espelho pareceu cansada e envelhecida. "Ou prefere nem fazer mais?" Meus olhos estavam eufóricos: eu não podia mentir para mim mesmo.

Irritado, eu saí do meu quarto e fui até o do Harry. Não sabia o que diria ou faria. Mas encarar aquela imagem no espelho era pior do que qualquer coisa que ele poderia me dizer. Bati na porta, mas ninguém veio. Girei a maçaneta e ela abriu para revelar um quarto vazio. Devia estar no quarto de alguém. Comecei a andar de um lado para o outro pelo corredor, até ficar com tanto calor que tive que tirar a camiseta. Lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto e eu as limpei furiosamente, andando cada vez mais rápido, até minhas pernas se recusarem a dar mais um passo. Fitei o chão do corredor por alguns minutos.

- Louis? - disse uma voz grogue e familiar atrás de mim - O que você está fazendo, cara? Você anda com a delicadeza de um elefante. - Paul riu, mas acabou engasgando no próprio sono - Está sonâmbulo de novo, não é? Vamos, garoto. Você vai precisar de um banho.

O banho me fez bem, apesar de eu acabar vomitando e fazendo uma nota mental para nunca mais comer coisas desconhecidas em lugares desconhecidos. Mas me senti um pouco melhor e, graças a Deus, mais sóbrio. Não queria voltar a dormir, mas ainda eram 2h40min da manhã e eu estava com uma semana de sono atrasado. 

Me deitei. E depois de muitos minutos, adormeci e sonhei com a segunda vez que Harry e eu nos beijamos - porque na primeira foi muito rápido e nós rimos e concordamos que tinha sido apenas um acidente. Mas na segunda sabíamos exatamente o que estávamos fazendo e eu não o impedi. No meu sonho Harry me encarava com seus olhos verdes e hipnotizantes, exatamente como eu me lembrava. Ríamos sobre alguma bobagem - algo tão incomum! -, rolando um por cima do outro no sofá.

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Se me lembro bem, ele tinha acabado de descobrir uma pegadinha minha e foi se dar comigo, mas tudo o que eu conseguia fazer era rolar de rir porque ele tinha farinha de trigo nos cabelos e creme dental no rosto.

- Eu vou te matar, Tomlinson! - Harry gritou, mas ria quase tanto quanto eu.

Ele me jogou no chão e começamos uma competição de cócegas (o que foi meio babaca da parte dele pois era evidente que eu ia ganhar). Por um momento ele parou em cima de mim, nossos rostos a centímetros de distância e eu achei que ele fosse me beijar. Mas não beijou. Ao invés disso, segurou meus dois pulsos com uma mão só e me fez mais cócegas com a outra.

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⏰ Última atualização: Jan 11, 2014 ⏰

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